O
Brasil assistiu atônito no último sábado a um vídeo caseiro, em que o presidente
da república propalava em tom ufanista o uso da cloroquina como solução efetiva
para a cura do Covid-19.
Embora
o teor do vídeo tenha sido logo desmentido pela Anvisa e pelo hospital citado na fala, a cloroquina é potencialmente eficaz contra o coronavírus.
Quem
afirma é o médico e pesquisador francês Didier Raoult, considerado pelos seus
pares o mais importante infectologista do mundo.
Médico
do Polo de Doenças Infecciosas de La Timone e Diretor do Instituto Mediterrâneo
de Infecções de Marselha (França), o Dr. Raoult garante a eficácia da
cloroquina no tratamento do coronavírus.
Didier
Raoult figura como top no ranking do expertscape.com, em Expertise in
Communicable Diseases, um site de classificação de especialistas nas
diversas áreas médicas, conforme sua contribuição e experiência no tratamento
de uma doença específica.
O
Dr. Raoult cita sua própria experiência na área e as pesquisas de sua equipe,
como também um estudo recente feito por pesquisadores chineses, publicado em 25
de fevereiro deste ano.
O
estudo chinês avaliou clinicamente uma dezena de pacientes com Covid-19 em
hospitais de Wuhan, Shangai e Pequim. Na área de doenças infecciosas e
virologia os chineses estão entre os melhores do mundo, lembra o professor
Raoult.
No
combate ao novo coronavírus, entre os mais de 80 países infectados, a China é o
país com o maior índice de recuperação de doentes, com 89% de curas até esta
data.
Descoberta
em 1934 por Hans Andersag, farmacologista da Bayer, a cloroquina faz parte de
uma classe de medicamentos denominada 4-aminoquinolinas. Tem
sido amplamente comercializada nas últimas décadas sob a forma de sais ou de
hidróxido de cloroquina. É a substância mais utilizada preventiva e curativamente
contra a malária.
Didier
Raoult é o pioneiro no uso do hidróxido de cloroquina no tratamento de doenças
infecciosas agudas, particularmente no combate de bactérias que se multiplicam
dentro das células, e que até então não eram erradicáveis.
Medicamento
polivalente, a cloroquina age pela modificação da acidez no interior de uma
organela (uma “bolsa”) presente nas células, onde se alojam vírus e bactérias, liberando
enzimas que os destroem.
“Tendo
se mostrado eficaz para combater bactérias intracelulares, deve ser também para
vírus de tamanho grande [como o SARS-CoV-2], porque uma vez que ele se instala
pelo mesmo mecanismo, a cloroquina é capaz de destruí-lo no compartimento
(organela) onde ele fica alojado”, explica o professor Raoult.
Em
outras palavras, a cloroquina é capaz de interromper a nutrição das células infecciosas.
Ela tem sido utilizada com sucesso no tratamento da malária há setenta anos, especialmente
na África.
Há
várias décadas é usada para tratar outras infecções por vírus e bactérias, como
também algumas doenças autoimunes (quando o paciente produz anticorpos contra
seu próprio organismo), como lúpus e artrite reumatoide.
Nos
últimos trinta anos, o Dr. Raoult acompanhou pessoalmente cerca de 4 mil
pessoas tratadas com este medicamento e, desde 2016, sua equipe aplicou 2 mil
doses no sangue desses pacientes.
O
coronavírus é uma família de vírus causadora de várias doenças: de uma simples
coriza à síndrome respiratória aguda severa (SARS), que matou 77 4 pessoas entre
2002 e 2003, ou ainda a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), que
desde 2012 já provocou 858 mortes.
SARS-CoV-2
é o nome científico do novo coronavírus, que já infectou mais de 400 mil
pessoas no mundo e causou a morte de mais de 18 mil, desde que foi detectado na
China, em dezembro de 2019.
Covid-19
é o nome da doença infecciosa respiratória causada pelo SARS-CoV-2, cujo período
médio de incubação é de 5 a 6 dias, com extremos entre 2 e 12 dias, o que
justifica a quarentena de 14 dias estabelecida pela OMS.
O
primeiro paciente infectado com o novo coronavírus foi um comerciante do
mercado de frutos do mar de Wuhan, na província chinesa de Hubei, no final de
outubro de 2019. Poucos dias depois, cinco militares norteamericanos que
participavam dos Jogos Militares Mundiais naquela cidade apresentaram os mesmos sintomas. Eles estavam hospedados em um hotel próximo do tal mercado, e foram tratados em
um hospital local.
Portanto,
não se sabe se o “paciente zero” é um chinês, ou um dos atletas dos EUA que já
chegou na China contaminado, diz o experiente analista de geopolítica Pepe Escobar,
autor de vários livros e colaborador da Al Jazeera, Sputnik e Asia
Times, entre outras mídias internacionais.
“Há
estudos publicados no respeitável Journal Science Med, dizendo que o
vírus provavelmente não veio do mercado de Wuhan”, afirma Escobar. Ele informa
que há cinco variantes do SARS-CoV-2 no mundo e que isto reforça a hipótese de
que não foi um chinês o primeiro infectado.
Pepe
Escobar acredita que a solução para a cura do Covid-19 venha da França, dos
testes clínicos já comprovados com a cloroquina, pela equipe do Dr. Didier Raoult. A
equipe médica do Instituto Mediterrâneo de Infecções de Marselha tratou um
grupo de 24 pacientes de Codvid-19, com a cloroquina associada ao antibiótico
azitromicina, tendo obtido êxito em mais de 90% dos casos.
“Há
dez anos publicamos que este seria o ‘medicamento do futuro’ no tratamento de
infecções virais”, diz o Dr. Didier Raoult. Mas ele lamenta que as agências
prefiram medicamentos novos ao invés de utilizar moléculas antigas, das quais já
se conhece a segurança e que podem ser usadas imediatamente, sem precisar esperar
cinco anos por uma regulamentação, avaliação de toxidade e outros efeitos.
“Algumas
vezes somos surpreendidos com os resultados de testes empíricos com moléculas
antigas; é o repositionning, que fazem os chineses. Além disso, a
cloroquina custa muito pouco, cerca de 10 centavos de euro o comprimido”,
estima o professor Raoult.
Desde
que eclodiu a pandemia de Covid-19, a aparição de Didier Raoult na mídia
francesa tem sido recorrente, mas seus propósitos têm sofrido duras críticas e
visto por jornalistas e médicos com ceticismo.
“A
cloroquina pode apresentar ações antivirais, mas estamos longe de poder afirmar
que ela pode ser testada de forma improvisada em pacientes de Covid-19, sem conhecer
todos seus prós e contras”, declarou o Dr. Olivier Bouchaud, chefe do Serviço de
Doenças Infecciosas e Tropicais do Hospital Avicenne, nos arredores de Paris.
Embora
a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam considerados medicamentos seguros, com efeitos
colaterais geralmente moderados e transitórios, a margem entre suas doses terapêutica
e tóxica é estreita.
A
toxidade da cloroquina tem sido associada a distúrbios cardiovasculares que
podem ser fatais, advertem Franck Touret e Xavier Lamballerie, pesquisadores do
Instituto Nacional da Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) da França, em artigo
publicado no último dia 5. O
uso da cloroquina e da hidroxicloroquina devem, portanto, se submeter a regras
estritas, e sua automedicação não é recomendada, concluem Touret e Lamballerie.
E
o estudo chinês é confiável? Pergunta recorrente feita por jornalistas da mídia
empresarial francesa, já que o estudo realizado recentemente na China e citado
por Didier Raoul foi publicado apenas em mandarim.
“Uma
pergunta insultante”, rebate o professor Raoult, lembrando que a China não é apenas
o maior produtor global de publicações em ciência, mas estão entre os melhores
do mundo em virologia.
“Se
os EUA descobrem um medicamento contra um vírus novo que surgiu em seu
território, ninguém vai perguntar se a pesquisa que gerou a descoberta é
confiável”, complementa o Dr. Raoul.
A
razão desse descrédito sobre o possível uso da cloroquina no tratamento do Covid-19
é que um medicamento tão simples e barato não interessa à indústria farmacêutica,
assevera o jornalista Pepe Escobar.
A
gigante francesa Sanofi anunciou há dias que iniciaria a fabricação em massa da
cloroquina, mas com monopólio de mercado na França, para “cobrar valores acima
do mercado atual”, conclui Escobar. É
a mesma lógica do Big Pharma dos Estados Unidos. O presidente Donald
Trump declarou recentemente sobre o possível uso em massa da cloroquina, “apenas
para agradar a Wall Street”, avalia Escobar.
A
cloroquina não deixa de ser uma esperança para a cura em grande escala do
Covid-19, mesmo que ainda sejam necessários testes e protocolos, como aqueles exigidos
para novos medicamentos.
A
questão agora é saber quanto tempo isso levará e quanto custará aos países sem
capacidade de produção do medicamento, para atender aos seus milhares de
doentes, como é o caso do Brasil.
Como
ainda estamos em pleno combate dessa pandemia em nosso país, nunca é demais
lembrar que o melhor “remédio” para controlar a expansão do novo coronavírus e,
assim, evitar o colapso do nosso sistema de saúde, é o confinamento radical das
pessoas.
Sejamos
patriotas! Não vamos dar ouvidos ao psicopata genocida que responde
momentaneamente pela Presidência da República do Brasil.
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