Número total de óbitos após 3 meses de período pandêmico difere pouco daquele registrado em 2019, todas as causas-mortes incluídas
Às vésperas de completar
um ano desde o primeiro caso do novo coronavírus, diagnosticado em Wuhan (China),
o mundo está próximo de registrar 43 milhões de infectados, com mais de 1,15
milhão de mortes.
Aqui na Europa, especialmente na França, mas também em outros países, após o arrefecimento estival da doença, o número de contágios tem aumentado progressivamente, confirmando a já prevista segunda onda da pandemia.
Nas últimas 24 horas, foram registrados mais de 45 mil casos na França, quase 35 mil na Espanha, quase 20 mil na Itália e mais de 20 mil no Reino Unido; esses quatro países juntos contam hoje com mais de 3,5 milhões de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2.
O elevado número de contaminados na França é também uma consequência do aumento expressivo da quantidade de testes, comparado ao período inicial da pandemia. Com a marca de 228 mil testes por milhão de habitantes (2,2 vezes mais que o Brasil), o país é o 5o com maior número de infectados.
A boa notícia é que a taxa de letalidade do vírus nas últimas semanas tem sido sensivelmente menor do que durante a primeira onda da pandemia, não só na França, mas em países vizinhos, como Itália e Espanha.
Na França, entre 1º de maio e 21 de setembro, o número total de mortes registrado no país (todas as causas incluídas) foi de 224.221, ou seja, 1% a mais que em 2019 e 2% superior a 2018. Os dados são do Institut National de la Statistique et des Études Économiques (Insee).
A evolução do número de óbitos
diários desde o início da pandemia até 21 de setembro é mostrada no gráfico
abaixo, juntamente com as curvas de 2019 e 2018.
Por outro lado, o
professor Didier Raoult, diretor do Instituto Hospitalar-Universitário de
Doenças Infecciosas (IUH Méditerranée-Infection) de Marselha, apresenta
dados sobre a evolução semanal de mortos por Covid-19, entre a 16ª e a 35ª semana
do período pandêmico na França (figura), que mostram uma redução consistente
até a 32ª semana, voltando a subir com a chegada da 2ª onda no país.
Segundo Raoult, uma
série de mutações do coronavírus pode explicar a redução da taxa de letalidade.
“Das sete variações do vírus que circulam atualmente na França, nenhuma estava
presente antes do mês de maio, (...) o vírus tem sofrido 10 vezes mais mutações
do que no começo da pandemia, com prováveis degradações em seu genoma, o que
pode explicar as diferenças de severidade de um vírus a outro”, afirma
Raoult.
Ele destaca o papel
dos corticoides e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, cada um com
sua eficácia em determinado momento, e que ambos podem combater os efeitos
autoimunes acarretados pela doença.
O Dr. Raoult reafirma
sua posição favorável ao uso do polêmico medicamento, sempre associado a outras
drogas, como a azitromicina, lembrando que “a metade do mundo recomenda o uso
da hidroxicloroquina”, conforme o mapa que segue, apresentado pelo
infectologista.
Ele mostra o
resultado de um estudo clínico realizado pela sua equipe, entre 24 de março e 2
de junho, envolvendo 1.690 residentes de 23 lares de idosos de Marselha, sendo
226 deles (13,4%) pacientes de Covid-19, com idade média de 83 anos e
portadores das seguintes doenças crônicas: hipertensão arterial (40%),
cardiopatia (30%) e insuficiência respiratória (12%).
Entre os contaminados
por coronavírus, 118 (52,2%) foram tratados com hidroxicloroquina e
azitromicina (HCQ+AZ) durante pelo menos três dias; 108 (47,8%) não. Do grupo
que recebeu HCQ+AZ, 17 vieram a óbito; do outro grupo, 30.
A taxa de letalidade
entre os que não receberam o tratamento (27,8%) foi praticamente a mesma
registrada nacionalmente em lares de idosos e serviços médicos de urgência no
mesmo período (24/3 a 02/6), de 27,7%, correspondente a 10.350 óbitos de
doentes idosos de Covid-19.
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