Sal MgCl2
usado na fabricação da iguaria asiática (Tofu) pode tornar produção
fotovoltaica mais limpa http://foodbloglacrosse.blogspot.com.br/2013/09/cooking-with-tofu-i-dont-fear-tofu_1.html
De baixo custo e sem impacto ambiental, a nova técnica permite obter células em camada fina com rendimento
otimizado.
Cloreto
de magnésio – substância não tóxica presente na água do mar e no tofu – é
pulverizado sobre uma superfície fotovoltaica, substituindo o cloreto de cádmio
(de alta toxidade) usado no processo de fabricação convencional de células
solares de camada fina.
“Um
ingrediente do tofu pode revolucionar a produção de painéis solares”. A
manchete bombástica do comunicado da Universidade de Liverpool despertou
curiosidade.
Mas
muito além de uma extravagante notícia, os resultados obtidos pela equipe
liderada por Jon Major não só mereceram publicação na conceituada Nature, como tiveram reconhecimento de
outros grupos internacionais de pesquisa em solar fotovoltaico.
“Verdadeiras
revoluções são raras, mas neste caso foi vencida uma etapa importante rumo à
redução dos custos de produção de células solares”, declarou Ayodhya Tiwari, líder
do grupo de pesquisa fotovoltaica do Laboratório Federal de Pesquisa e Testes
de Materiais (EMPA, na sigla em alemão), de Dübendorf, Suíça.
Major
lembrou em um recente congresso realizado em Copenhague que células solares sólidas
de silício ainda dominam 90% do mercado mundial. “Mas no futuro, células fabricadas
em camadas finas e flexíveis devem ganhar espaço”, completou.
Para
converter energia solar em eletricidade, a célula fotovoltaica comum tem
espessura em torno de 200 micrometros, e é fabricada com silício de alta pureza.
Já as de camada fina podem ter espessura de alguns micrometros, requerendo bem
menos material de base.
Entre
essas últimas, estão as células de telureto de cádmio (CdTe), um composto tão
estável quanto o cloreto de sódio (NaCl, o “sal de mesa”). No entanto, uma vez
separados os dois elementos, o sódio torna-se explosivo, e o cloro um veneno.
Do mesmo modo, o cádmio puro torna-se tão perigoso quanto o mercúrio.
O
problema é que camadas brutas a base de CdTe transformam apenas 2% dos raios
solares em eletricidade. E para aumentar a eficiência da célula (até 15% ou
mais), é aplicado um solúvel a base de cloreto de cádmio (CdCl2), um composto
altamente tóxico e caro.
O
“ovo de Colombo” dos pesquisadores britânicos foi buscar outros componentes
clorados que produzam efeito similar ao do CdCl2, mas sem toxidade e de baixo
custo. Encontraram o cloreto de magnésio (MgCl2), um componente abundante na
natureza e usado como coagulante na preparação do tofu - iguaria de origem chinesa e disseminada principalmente no Japão e na Coreia.
Para
Jon Major, o procedimento para obtenção do MgCl2 é bem mais fácil e barato
porque pode ser extraído da água do mar. Pode ser aplicado sobre camadas finas de
células fotovoltaicas por um simples dispositivo de pulverização.
“O
MgCl2 permite produzir células com eficiências semelhantes às obtidas com
CdCl2, em torno de 15%; estes resultados podem influenciar profundamente a
produção de células fotovoltaicas”, conclui Major.
A técnica testada com êxito pelo grupo de Liverpool parece bem promissora, porque utiliza um insumo básico ambientalmente amigável, que
não requer pesados dispositivos de reciclagem. Uma contribuição importante para se chegar a
uma cadeia de produção fotovoltaica sustentável.
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