Painéis fotovoltaicos garantem
autonomia do sistema de produção de água potável
Protótipo
Osmosun, da empresa francesa Mascara NT
http://france3-regions.francetvinfo.fr/centre/eure-et-loir/chartres/dessaler-l-eau-de-mer-grace-l-energie-solaire-la-solution-osmosun-868297.html
A
dessalinização de águas marítimas responde por emissões volumosas de gases de
efeito estufa: são 32 bilhões de m3 de CO2 liberados na atmosfera planetária a
cada ano.
O
dessalinizador fotovoltaico proposto pela startup
francesa Mascara NT consome pouca energia e não emite gases poluentes.
A
tecnologia utilizada para retirar o sal da água já é amplamente adotada mundo
afora. Baseia-se na “osmose reversa”, uma técnica de filtragem que utiliza
membranas permeáveis apenas a moléculas de água, bloqueando os sais minerais.
Como
na osmose a solução menos concentrada (água com baixo teor de sal) flui espontaneamente
para a solução mais concentrada (água do mar), o bombeamento é necessário para
contrariar o fluxo natural da osmose. Daí, osmose “reversa” ou “inversa”.
Projeções
da OCDE indicam que em 2030 serão 3,9 bilhões de pessoas no mundo afetadas pela falta de água potável, diz Marc Vergnet, criador do protótipo Osmosun, o dessalinizador solar da
Mascara.
Por
outro lado, “a disponibilidade de água do mar é enorme, a tecnologia [de
membranas osmóticas] está madura e os painéis fotovoltaicos são confiáveis e
baratos. Enfim, a possibilidade de uma resposta ecológica [para produzir água
potável] tornou-se real”, conclui Vergnet.
A
inovação desenvolvida pela Mascara é inédita e abre caminho para
dessalinizadores a energia renovável tornarem-se competitivos. Isto
porque, além do bom desempenho na produção de água potável, o consumo elétrico do Osmosun é baixo. Produz 40 mil
litros de água doce por dia, a um custo energético de 2,5 kWh por m3.
“Dessalinizadores
convencionais (a petróleo e gás) produzem água ao custo de 2 a 6 euros o m3,
dependendo do preço do combustível. Com a tecnologia Osmosun, o custo fica entre 1 e 2 euros o m3”, destaca Vergnet.
No
Osmosun, o bombeamento de água
salgada através das membranas osmóticas é feito a 55 atm de pressão, e a eletricidade
é fornecida por 180 m2 de painéis fotovoltaicos (de silício policristalino),
sem baterias.
A
corrente elétrica produzida é adaptada às variações da luz solar – tornando as
membranas “inteligentes” e autônomas – graças a um regulador de frequências
especial. O sistema dispõe de dois circuitos hidráulicos, cujos fluxos são otimizados em função da radiação solar incidente.
O
uso de tecnologia solar fotovoltaica para produzir água potável em áreas
isoladas e com alta disponibilidade de energia solar, como grande parte do
semiárido brasileiro, pode ser economicamente viável como alternativa à expansão da rede elétrica para localidades distantes.
É
o que defendem os pesquisadores Sandro Jucá e Paulo Carvalho, do Instituto
Federal e da Universidade Federal do Ceará respectivamente, autores do livro
“Métodos de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos: aplicações em
dessalinização” (2013).
O
volume total dos reservatórios de água salobra no subsolo do Nordeste é de
quase 20 bilhões de m3, conforme estimativa da Associação Brasileira de Águas
Subterrâneas.
Fonte: Le Journal du Photovoltaïque – Réseau &
Autoconsommation, No 17, junho-julho-agosto de 2016
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