quarta-feira, 7 de setembro de 2016

França: dessalinizador de água do mar 100% a energia solar

Painéis fotovoltaicos garantem autonomia do sistema de produção de água potável

Protótipo Osmosun, da empresa francesa Mascara NT
http://france3-regions.francetvinfo.fr/centre/eure-et-loir/chartres/dessaler-l-eau-de-mer-grace-l-energie-solaire-la-solution-osmosun-868297.html

A dessalinização de águas marítimas responde por emissões volumosas de gases de efeito estufa: são 32 bilhões de m3 de CO2 liberados na atmosfera planetária a cada ano.

O dessalinizador fotovoltaico proposto pela startup francesa Mascara NT consome pouca energia e não emite gases poluentes.

A tecnologia utilizada para retirar o sal da água já é amplamente adotada mundo afora. Baseia-se na “osmose reversa”, uma técnica de filtragem que utiliza membranas permeáveis apenas a moléculas de água, bloqueando os sais minerais.

Como na osmose a solução menos concentrada (água com baixo teor de sal) flui espontaneamente para a solução mais concentrada (água do mar), o bombeamento é necessário para contrariar o fluxo natural da osmose. Daí, osmose “reversa” ou “inversa”.

Projeções da OCDE indicam que em 2030 serão 3,9 bilhões de pessoas no mundo afetadas pela falta de água potável, diz Marc Vergnet, criador do protótipo Osmosun, o dessalinizador solar da Mascara.

Por outro lado, “a disponibilidade de água do mar é enorme, a tecnologia [de membranas osmóticas] está madura e os painéis fotovoltaicos são confiáveis e baratos. Enfim, a possibilidade de uma resposta ecológica [para produzir água potável] tornou-se real”, conclui Vergnet.

A inovação desenvolvida pela Mascara é inédita e abre caminho para dessalinizadores a energia renovável tornarem-se competitivos. Isto porque, além do bom desempenho na produção de água potável, o consumo elétrico do Osmosun é baixo. Produz 40 mil litros de água doce por dia, a um custo energético de 2,5 kWh por m3.

“Dessalinizadores convencionais (a petróleo e gás) produzem água ao custo de 2 a 6 euros o m3, dependendo do preço do combustível. Com a tecnologia Osmosun, o custo fica entre 1 e 2 euros o m3”, destaca Vergnet.

No Osmosun, o bombeamento de água salgada através das membranas osmóticas é feito a 55 atm de pressão, e a eletricidade é fornecida por 180 m2 de painéis fotovoltaicos (de silício policristalino), sem baterias.

A corrente elétrica produzida é adaptada às variações da luz solar – tornando as membranas “inteligentes” e autônomas – graças a um regulador de frequências especial. O sistema dispõe de dois circuitos hidráulicos, cujos fluxos são otimizados em função da radiação solar incidente.

O uso de tecnologia solar fotovoltaica para produzir água potável em áreas isoladas e com alta disponibilidade de energia solar, como grande parte do semiárido brasileiro, pode ser economicamente viável como alternativa à expansão da rede elétrica para localidades distantes.

É o que defendem os pesquisadores Sandro Jucá e Paulo Carvalho, do Instituto Federal e da Universidade Federal do Ceará respectivamente, autores do livro “Métodos de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos: aplicações em dessalinização” (2013).

O volume total dos reservatórios de água salobra no subsolo do Nordeste é de quase 20 bilhões de m3, conforme estimativa da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas.

Fonte: Le Journal du Photovoltaïque – Réseau & Autoconsommation, No 17,  junho-julho-agosto de 2016

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