Há quase
50 anos em operação, a central maremotriz de La Rance (França) é pioneira no
mundo; com 240 MW é a segunda maior capacidade instalada do gênero
http://gereports.fr/post/89783835404/energie-lunaire-fabrique-en-france-en-1966
Se
a pioneira barragem francesa de La Rance expressa o êxito da energia maremotriz, sua
exploração comercial mundo afora é ainda incipiente.
A
questão que especialistas levantam é se há viabilidade para a geração elétrica a partir
das marés, em locais afastados das zonas costeiras.
Em
2016, a usina de La Rance – construída no estuário homônimo, na região da
Bretanha, no noroeste da França – completa 50 anos, desde que suas
turbinas foram acionadas pela primeira vez.
São
inúmeros os aspectos favoráveis desta usina: a maior elevação de marés da
Europa e uma das mais importantes do mundo (máxima de 13,5 m e amplitude
média de 8,2 m), uma razoável extensão de barragem (750 m), um considerável volume retido (184 mil m3) e uma rede elétrica interconectada nas proximidades.
O
reservatório da La Rance é abastecido com água da maré a montante por 24 canais dotados
de turbinas hidráulicas de 10 MW, que funcionam em fase de “simples efeito”
(gerando energia só quando a barragem se esvazia) ou de “duplo efeito” (quando as
turbinas giram também durante o enchimento).
Com
rendimentos de 70% e de 85%, conforme a fase de operação das turbinas, a
usina produz em média 540 GWh por ano, uma quantidade de energia suficiente para abastecer 270
mil residências.
Até
2011, La Rance era a maior central maremotriz do mundo – com uma capacidade instalada de 240 MW – quando
foi desbancada pela usina de Sihwa, no noroeste da Coreia do Sul, com
254 MW instalados.
Fora
essas duas, são mais 3 centrais maremotrizes em escala comercial operando mundo afora, indicadas no mapa abaixo.
Mapa mundial das
instalações maremotrizes em operação comercial.
Le Journal des Énergies Renouvelables No 223, setembro-outubro
2014
A
central maremotriz de La Rance é operada pela estatal Énergie de France (EDF), detentora de uma concessão válida até
2043. Como prova de rentabilidade da usina, a EDF investe atualmente 100
milhões de euros em sua renovação.
A
barragem constitui, ainda, uma importante via terrestre, permitindo a
circulação de veículos entre as cidades de Dinard e Saint-Malo, pelos seus 15 km, em lugar dos 45 km antes de sua construção.
Apesar
de quase cinco décadas de produção contínua de energia renovável pela usina
francesa e do enorme potencial energético global das marés – estimado em 380
TWh por ano – raros projetos saíram do papel até os dias de hoje.
Poucos
sítios marítimos reúnem condições tão favoráveis para se produzir energia,
como o de La Rance. Os estuários devem prover uma altura mínima de 5 m entre os
picos das marés alta e baixa e, ao mesmo tempo, ter profundidades entre 10 e 25
m.
Além
disso, o solo deve possuir um substrato rochoso, capaz de suportar a fundação
de infraestrutura da instalação maremotriz, uma condição pouco predominante em
locais próximos às zonas costeiras habitáveis.
A
construção da barragem normalmente suscita polêmicas quanto ao seu impacto
ambiental. O estuário deve ser bloqueado durante três anos, o que pode causar –
pela falta de nutrientes transportados pelas marés interrompidas
artificialmente – a destruição de várias espécies.
Uma
vez concluída a obra, o estuário volta a ser conectado ao mar, mas com uma diminuição
importante da altura entre picos da maré, alterações no “ritmo maregráfico” e no
gradiente salino, que é reduzido, afetando a vida marinha local.
Vista artística da central maremotriz de Sihwa (Coreia do Sul)
http://ucplant.adfeel.net/bbs/board.php?bo_table=gallery_eng&wr_id=36&page=0&page=0
Para evitar polêmicas ecológicas e tornar as usinas maremotrizes socialmente mais
aceitáveis, lagos artificiais foram concebidos. A ideia é criar “atóis” separados dos
estuários, sob forma de diques circulares formando reservatórios, que,
alternadamente se enchem e se esvaziam, ao sabor das marés.
Este artifício é
uma das soluções que a engenharia britânica considera para explorar a energia maremotriz nas proximidades do estuário de Severn, entre a Inglaterra e o País de
Gales.
No
entanto, essa alternativa exige um alto investimento que, necessariamente,
requer subsídios governamentais e concessões que assegurem rentabilidade no
longo prazo.
Outros
projetos de barragens em estuários ou lagos artificiais – em países como Reino
Unido, Rússia, Canadá, Coreia do Sul, China, Índia, etc. – tem se mostrado
extremamente custosos e, por isso mesmo, encontram-se em compasso de espera.
Em
um futuro próximo, o mais viável para se explorar a energia maremotriz é instalar
usinas em diques ou barragens pré-existentes, onde os custos de construção e impactos
ambientais são menores. É o caso da central de Sihwa, na Coreia do Sul
(imagem).
Fonte: Le Journal des Énergies
Renouvelables No 223, setembro-outubro
2014
No Brasil há falta de credibilidade em qualquer projeto que possa surgir na área de energia. Os nossos governantes, mal escolhidos, não apoiam nada que possa ser brasileiro. Eles se preocupam com, o que podem ganhar e, assim, apoiam o que vem de fora do Brasil mesmo que seja inferior ao que um brasileiro ofereça. As universidades viram as costas para qualquer pessoa que venha lhe pedir orientação e ajuda. O medo de ser ofuscado por uma ideia brilhante, às vezes, faz com que as academias descartem o que um brasileiro crie. É triste mas é verdade, pois eu mesmo tenho recebido "portas fechadas" quando procuro essas instituições. As universidades são intocáveis em matéria de apoio às ideias. Tem que ter títulos de doutores para ter crédito e,muitas vezes, perdem-se chances de ter equipamentos como os que criei, fui menosprezado, e agora são fabricados no exterior e vendidos no Brasil. As ideias estão em todas as cabeças, porém poucos sabem disso.
ResponderExcluirPorque não utilizar as reaberturas dos Canais do Linguado em São Francisco do Sul com essa finalidade, pois 80 anos se passaram e milhões de vidas marinhas foram extintas BURRAMENTE!
ResponderExcluirJosé Guilherme Schossland
Joinville SC