Capa do livro, publicado pela editora parisiense Dunod. FOTO: Tecsol (Coletores
evacuados de sistema de climatização solar de adega vinícola no sul da França).
Gerar frio a partir da radiação solar pode ser técnica e
economicamente viável? Pela conversão térmica ou elétrica dos raios solares?
Francis Meunier e Daniel Mugnier – autores de La Climatisation Solaire thermique ou
photovoltaïque (Paris: Dunod, 2013) – retratam no livro os aspectos
conceituais, tecnológicos, econômicos e ambientais do resfriamento de ar por energia solar e outras fontes renováveis.
A expressão “o frio que vem do sol” (que dá nome a
este blog) é uma alusão à possibilidade de resfriamento natural do planeta,
resultante de períodos de menor atividade do Sol. Mas também invoca o uso
do recurso solar como insumo energético de sistemas artificiais de
climatização.
O ar condicionado solar é um dispositivo ambientalmente
amigável, porque consome bem menos energia que um aparelho convencional e, consequentemente,
menos combustível fóssil é usado para gerar eletricidade. Menos queima de
derivados de petróleo, carvão e gás, menos gases poluentes na atmosfera.
Além de propiciar uma economia de energia primária, o resfriamento solar atenua
a demanda elétrica em horários de pico, contribuindo para que novos
investimentos em ampliação da rede elétrica sejam adiados.
Outra vantagem da climatização solar é poder usar
coletores de água (para chuveiro, por exemplo) nos sistemas de
resfriamento, em períodos mais quentes, evitando os riscos de se gerar temperaturas
muito altas (“de estagnação”) nos coletores.
Sem apontar qual das tecnologias de resfriamento (solar
térmica ou fotovoltaica) é ou será no futuro a mais vantajosa, Meunier e
Mugnier disponibilizam ao leitor definições básicas que permitem comparar o
desempenho de uma ao de outra tecnologia.
Nos dois casos, trata-se de uma das aplicações mais
atrativas da energia solar, uma vez que, quanto maior a incidência solar, maior
a demanda por climatização.
O desempenho global da unidade de resfriamento
solar é definido como a quantidade de frio produzido pela radiação solar incidente
no sistema de captação.
“Para climatização de pequena potência, a
tecnologia fotovoltaica deverá se impor perante a solar térmica; esta última
deve oferecer melhores perspectivas para sistemas de média e grande potência,
especialmente quando combinada com a produção de água quente”, afirmam Meunier
e Mugnier.
Além dos sistemas de conversão solar, os autores
de La Climatisation Solaire abordam
diferentes possibilidades tecnológicas de se produzir “frio renovável”, como a energia
geotérmica, a biomassa e o aproveitamento de rejeitos térmicos.
São principalmente sistemas de “sorção”, que
operam em ciclos termodinâmicos e necessitam basicamente de calor como energia
de entrada. A tecnologia de sorção normalmente utiliza fluidos naturais, que não reagem com o ozônio da atmosfera, nem provocam efeito estufa.
Já os sistemas convencionais (a “compressão de vapor”) requerem energia elétrica, que também pode ser suprida por fontes renováveis como a solar fotovoltaica e a eólica, embora muitos desses resfriadores ainda usem fluidos sintéticos que causam algum impacto negativo sobre a atmosfera.
Já os sistemas convencionais (a “compressão de vapor”) requerem energia elétrica, que também pode ser suprida por fontes renováveis como a solar fotovoltaica e a eólica, embora muitos desses resfriadores ainda usem fluidos sintéticos que causam algum impacto negativo sobre a atmosfera.
“Apesar das condições favoráveis à climatização
renovável, ainda não existe uma solução técnica e ao mesmo tempo confiável, de
fácil instalação e operação, mas, principalmente, economicamente competitiva
com os sistemas convencionais; há, ainda, entraves culturais relativos ao know-how técnico-científico dos atuais
especialistas, que é preciso superar”, concluem Meunier e Mugnier.
A elaboração do livro por um autor do meio
acadêmico e outro do profissional permitiu
uma abordagem de todos os aspectos – fundamentos, desenvolvimento tecnológico e
aplicações – da climatização solar, como também uma análise econômica de três
estudos de caso.
Francis
Meunier é Professor Emérito de Física de Baixas Temperaturas, do Conservatoire National des Arts et Métiers,
de Paris, e ex-Diretor do Instituto Francês do Frio Industrial e de Engenharia Climática.
Daniel Mugnier é engenheiro do Departamento
Solar Térmico do Polo de Consultoria Especializada Tecsol (de Perpignan,
França) e líder de um grupo de especialistas internacionais do Programa Solar Heating and Cooling, da Agência
Internacional de Energia.
Boa tarde Professor Antonio!
ResponderExcluirAndo pesquisando a respeito do tema da energia solar para refrigeração pois desejo reformar minha casa no rio de janeiro de uma maneira mais ecológica e econômica e o uso desses sistemas testados e descritos aqui no blog me parecem excelentes. Tem alguma indicação de uma empresa que trabalhe com isso?
Olá Lucas,
ExcluirSó empresas do exterior fabricam unidades comerciais baseadas em ADsorção e ABsorção. A única com a qual temos algum contato comercial é a alemã SorTech (www.sortech.de). Um A/C adsortivo da SorTech de 8,5 kW de frio (p/ climatizar uma área de planta de 120 m2) custa em torno de 15 mil euros (fora frete e taxas alfandegárias), sem contar os custos do sistema solar ao qual deve ser acoplada a unidade de resfriamento.