FOTO: Rona
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Segundo a Empresa
de Pesquisa Energética (EPE), dos 525 empreendimentos aptos a
participar do último leilão de 2012 para oferta de energia (previsto para o
próximo dia 14), 484 são de usinas eólicas. A capacidade total desses projetos soma
quase 11,9 GW, praticamente a mesma que terá a hidrelétrica de Belo Monte.
Entre os
projetos tecnicamente habilitados a concorrer no leilão – para atendimento de
uma demanda projetada para 2017 – estão, ainda, hidrelétricas de médio porte
(somando 988 MW) e pequenas (PCHs, com um total de 363 MW), termelétricas a gás
natural (368 MW) e a biomassa (583 MW).
A
eletricidade eólica é obtida a partir da energia mecânica gerada pela rotação
das pás, que é convertida (por meio de um gerador) em eletricidade. Os ventos são uma fonte
de energia limpa e inesgotável, que pode ser aproveitada em várias localidades,
no solo ou no mar, sem maior interferência no meio ambiente, como no caso das
grandes hidrelétricas.
O Brasil
ocupa atualmente o 20º lugar em capacidade eólica instalada (com cerca de 5,7
GW) e, até 2014, deve somar mais 7 GW. O potencial eólico brasileiro é estimado
em 150 GW, mas pode ser até duas vezes maior, avalia Maurício Tolmasquim,
presidente da EPE.
“Temos
geradores com 100 metros de altura; em alturas maiores, podemos dobrar a
capacidade eólica, para gerar 300 GW, o equivalente a 20 [hidrelétricas] de
Itaipu”, disse Tolmasquim em outubro passado, em palestra no Rio de Janeiro.
O estado
brasileiro que concentra o maior número de empreendimentos baseados na força
dos ventos é a Bahia, com 10% do total dos projetos de parques eólicos. Os
investimentos previstos contemplam toda a cadeia de produção,
com a fabricação de torres, máquinas e pás, conforme declarou recentemente Mathias
Becker, presidente da Renova Energia, a maior investidora no estado.
As usinas eólicas já produzem energia
mais barata do que as termelétricas a gás natural e a biomassa (bagaço de cana), conforme matéria publicada na Folha de S. Paulo. No último
leilão realizado pela Aneel – para formar estoque de reserva de energia para o
segundo semestre de 2014 – o MWh eólico oscilou em torno de R$ 99, enquanto o
MWh térmico ficou acima de R$ 120. O resultado foi uma economia de R$ 3,7
bilhões, que teriam sido gastos para ampliar em mais 460 MW a capacidade
instalada de reserva.
Um grupo
de ONGs preocupadas com a questão energética no Brasil divulgou no último dia
12 o relatório “O setor elétrico brasileiro e a sustentabilidade”, no qual afirmam
que os investimentos privados em energia renovável no país cresceram 8% em 2011
(somando R$ 14 bilhões), ante 6% no mundo. Este avanço foi atribuído principalmente
a empreendimentos de geração eólica.
O
relatório destaca um subaproveitamento não só do potencial eólico, como também
do solar. Com a tecnologia solar atualmente disponível, é possível atender a
10% de toda a demanda elétrica nacional, ocupando menos de 5% da área urbana,
diz o documento.
Um estudo
recente, publicado na revista Nature
Climate Change, estabelece novas e bem mais altas estimativas do potencial
eólico global: 400 TW (terawatts) em áreas planas e até 1.800 TW em áreas de altitudes
elevadas. “Analisando esses dados, fica claro que o uso em larga escala da
energia eólica no mundo é ditada muito mais por fatores econômicos,
tecnológicos e políticos, do que por fatores geofísicos”, declarou o
coordenador do estudo, Ken Caldeira.
Enquanto
a uma altura de 10 metros a probabilidade de ocorrência de ventos com velocidade de 5 metros
por segundo é de 35%, a 500 metros de altura, essa probabilidade sobe para 70%.
Daí a ideia – já sendo testada em projetos piloto – de se utilizar pipas
acopladas a geradores, como forma de captar nas alturas ventos mais fortes. A
energia cinética da pipa é convertida em eletricidade mediante um gerador
móvel, que movimenta-se continuamente sobre trilhos em um circuito fechado.
Um
protótipo baseado nessa ideia encontra-se em testes no Instituto de Engenharia
Industrial e Automação, em Stuttgart (Alemanha). Segundo o coordenador do
projeto, Joachim Montnacher, além de aproveitar ventos com maiores velocidades,
geradores a pipa seriam menos custosos, de construção e instalação mais simples
e de fácil manutenção.
“O
rendimento de um gerador movido a pipa é bem superior ao de uma turbina girando
a 200 metros de altura; dependendo da intensidade do vento, 8 pipas com uma
área total de 300 metros quadrados podem gerar energia com uma potência
equivalente a 20 turbinas fixas de 1 MW cada”, explica Montnacher.
De vento
em popa no Brasil e em franca expansão mundo afora, a energia eólica – impulsionada por
novas perspectivas tecnológicas para melhorar o seu aproveitamento – desponta
como uma das fontes de geração elétrica renovável com maior possibilidade de
uso em larga escala.
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