sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Matriz energética brasileira será ainda mais limpa nos próximos dez anos

Eólica, biomassa e hidráulica não convencional devem representar juntas 20% da capacidade instalada total em 2021 

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De acordo com o Plano Decenal 2021, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), geradores eólicos, termelétricas a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH) devem avançar 68% sua participação na matriz elétrica nacional em 2021, em relação ao que representavam em 2011: 11,8%.

Atualmente, o setor elétrico brasileiro emite 8 vezes menos gases poluentes que o americano, 5 vezes menos que o europeu e 12 vezes menos que o da China. É o que menos gera emissões de CO2 entre os países industrializados e deve se tornar ainda mais limpo, segundo as projeções da EPE.

Em termos de potência instalada, as fontes renováveis devem saltar neste decênio de 97 GW (giga watts) para 152 GW, com a capacidade hidrelétrica passando de 83 GW para 116 GW. Enquanto a energia de origem hidráulica convencional crescerá 40%, parques eólicos, usinas a biomassa e PCH quase triplicarão sua capacidade – passando de 13,7 GW para 36 GW –, um aumento médio de 10% ao ano.

O sistema elétrico nacional deve ampliar sua capacidade em 56%, entre 2011 e 2021, passando de 116,5 GW para 182,4 GW. Este expressivo avanço se deve à construção de hidrelétricas na região Norte, parques eólicos no Sul e Nordeste e usinas a biomassa (bagaço de cana) no Sudeste e Centro-Oeste.

Mais 33 GW de capacidade hidrelétrica convencional são previstos para 2021; ela aumentou 10% em 2012 e deverá crescer mais 24% nos próximos 9 anos. A geração eólica é a que mais cresce entre as renováveis não convencionais, devendo alcançar uma capacidade de 16 GW, quase dez vezes mais do que a atual.

Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o Brasil deve passar da 11ª para a 4ª ou 5ª posição mundial no crescimento anual em energia eólica. Dos cerca de 600 empreendimentos habilitados pela EPE, 450 devem ser instalados no Nordeste e produzir 16 GW, enquanto que o demais serão alocados no Sul, para gerar 4,3 GW.

Além da eólica, outra fonte de energia renovável que tem despontado como promissora para o Brasil é a solar. Para Sérgio Marques, presidente da Bioenergy – uma das empresas que desenvolve inúmeros projetos eólicos no país – a energia solar pode ser “a bola da vez”, assim como a eólica foi há 14 anos, quando “ninguém acreditava que ela se tornasse competitiva”. Atualmente, o MWh solar médio negociado no mercado nacional é 2,5 vezes maior que o MWh eólico; ainda assim, a energia solar pode ser atrativa para alguns setores industriais do Sudeste.

Redes inteligentes (“smart grids”) – tecnologias da informação aplicadas ao controle de parâmetros da rede elétrica para melhorar sua eficiência – são consideradas ferramentas importantes para impulsionar ainda mais a energia eólica e acelerar a viabilização da energia solar, uma vez que estimulariam a micro geração de energia. Por exemplo, um consumidor residencial poderia gerar energia com painéis fotovoltaicos instalados em seu telhado, consumir e/ou injetar a eletricidade solar na rede, abatendo o valor equivalente em sua conta de luz.

Em contraste ao cenário projetado para a energia eólica, outras fontes renováveis, como PCH e termelétricas a biomassa, enfrentam problemas. As PCH tiveram seus custos elevados em 45% nos últimos cinco anos e perdem competitividade nos leilões desde 2009, com o MWh chegando a R$ 135, ante um MWh eólico de R$ 99. A dificuldade de obtenção de licença ambiental tem sido um agravante para tornar competitiva esta fonte, apesar do seu grande potencial, estimado em 17,5 GW.

Já as termelétricas a base de biomassa – cuja previsão é de uma capacidade instalada de 10 GW em 2021 – precisam melhorar sua eficiência para ampliar a oferta de energia, especialmente no setor sucroalcooleiro. O potencial desta fonte concentra-se nos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Cabe destacar que a biomassa usada para produzir combustível e eletricidade, proveniente basicamente da cana de açúcar, gera impacto ambiental considerável (causado pelos pesticidas e fertilizantes aplicados na lavoura). Ao contrário das energias eólica e solar, a biomassa não pode ser considerada uma fonte propriamente limpa. 

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