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(IMAGEM: NASA)
Condições anormais na estratosfera acima da Antártida
reduziram consideravelmente o tamanho do buraco de ozônio.
Este mês foi registrada sua menor extensão, desde o início das
medições há 37 anos, afirmam cientistas da NASA e da Agência Oceânica e
Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês).
Há cerca de um mês, no seu pico anual, o buraco de ozônio alcançou
16,4 milhões de km2, mas diminuiu para 10 milhões de km2 em outubro, atingindo o menor
valor desde seu primeiro monitoramento, com base em imagens enviadas por satélites.
Sob condições meteorológicas normais, a extensão máxima do
buraco de ozônio (que acontece entre o final de setembro e o início de outubro)
é de 20,5 km2. Ou seja, este ano ela foi 20% menor.
A camada de ozônio se situa na alta atmosfera, entre 11 e 49 quilômetros
de altitude, na chamada estratosfera. Ela age como um filtro solar, protegendo
a superfície terrestre da radiação ultravioleta, potencialmente nociva à saúde
humana e aos ecossistemas.
A depleção da camada de ozônio é influenciada pela atividade solar,
mas também por substâncias químicas (naturais ou artificiais) presentes na
atmosfera, que reagem com o ozônio.
Quanto maior o buraco de ozônio, maior a
incidência de radiação solar na superfície terrestre, contribuindo, assim, para
o aquecimento climático global.
De acordo com o IPCC, uma recomposição da camada de ozônio foi
constatada após os efeitos das medidas preconizadas pelo Protocolo de Montreal
(1987), que baniu fluidos que destroem o ozônio, principalmente aqueles usados
em equipamentos de refrigeração e ar condicionado.
Nos países signatários, os CFCs (clorofluorcarbonos) foram
substituídos pelos HCFCs (hidroclorofluorcabonos), que, por sua vez, serão
progressivamente banidos até 2040, enquanto vão sendo substituídos pelos HFCs
(hidrofluorcarbonos).
Os HFCs tem Potencial Destrutivo de Ozônio (PDO) nulo, mas apresentam
alto Potencial de Aquecimento Global (GWP) e, por esta razão, devem ser
substituídos por fluidos naturais, como o gás carbônico, a amônia e
hidrocarbonetos.
A luta contra o aquecimento climático passa obrigatoriamente pela
transição energética em prol de uma economia de baixo carbono, e inclui países
em desenvolvimento, onde o uso de equipamentos de refrigeração e climatização é
intenso.
Tais países, entre os quais o Brasil, precisam implementar com
urgência o uso de fluidos naturais em seus equipamentos, o que implica em se adequar
a uma nova cultura técnica.
O Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copérnico (CAMS), da
Comissão Europeia, já previa que em 2019 o buraco de ozônio teria a menor
extensão dos últimos 30 anos.
“O tamanho do buraco na camada de ozônio progride atualmente
em um ritmo muito mais lento que o normal”, declarava há um mês Antje Inness, chefe
da equipe de pesquisadores do CAMS.
Por outro lado, o pesquisador Bryan Johnson, do Earth
System Research Laboratory do NOAA, declarou que as medidas realizadas no Polo
Sul em 2019 “não registraram nenhuma parte da atmosfera com uma depleção completa
da camada de ozônio”.
O empobrecimento da camada de ozônio é crítico no inverno tardio (entre setembro e outubro) porque a estratosfera torna-se mais suscetível à formação de nuvens que favorecem as reações
químicas que destroem o ozônio, explica Johnson.
Como as temperaturas na estratosfera foram excepcionalmente altas
este ano, a formação de nuvens polares foi menor, limitando a depleção da
camada de ozônio. Embora raro, o fenômeno se repetiu outras duas vezes nos
últimos 30 anos, em 1988 e em 2002.
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