FOTO: Reuters https://www.indiatoday.in/world/story/amazon-fire-crisis-brazil-world-explained-1591627-2019-08-26
As emissões de gases-estufa associadas à mudança de uso da
terra (floresta virando área de pastagem e plantação) somaram cerca de 6
milhões de toneladas de carbono equivalente, um avanço de 3,6% em relação a
2017.
Com o aumento exponencial das queimadas em 2019 (em junho, 90%
a mais que no mesmo mês em 2018, em julho + 278%, em agosto + 222%, em setembro
+ 96%), os números que serão anunciados em 2020 devem ser catastróficos.
Os dados divulgados ontem pelo SEEG (Sistema de Estimativas de
Emissões de Gases de Efeito Estufa) e a devastação de florestas em
curso deixam o Brasil longe do seu compromisso de reduzir em 80% o desmatamento e em pelo menos 36% suas emissões até 2020, em relação a valores médios de 1996 a 2005.
Mesmo assim, técnicos do SEEG afirmam que o país poderá
cumprir sua meta de redução das emissões totais de gases-estufa até o final da década, já que no ano passado estas cresceram apenas 0,3%.
Isto porque no setor de energia as emissões sofreram queda de
5%, ante um aumento médio de 1,4% nas emissões nos setores de processos industriais
e resíduos.
A redução das emissões energéticas deveu-se a uma participação
maior de fontes renováveis na matriz elétrica (com menor uso de centrais termelétricas
a combustível fóssil) e ao aumento do uso de etanol e biodiesel nos transportes.
Em 2018, a geração hidrelétrica foi maior e, pela
primeira vez, a energia produzida pelas fontes eólica, solar e biomassa superou
aquela gerada por termelétricas convencionais e usinas nucleares.
Outro fator que contribuiu para frear as emissões de gases-estufa
foi a redução do rebanho no país. A demanda pelo consumo de carne no mercado
interno e externo cresceu em 2018, diminuindo o número de cabeças de gado no
campo e, portanto, as emissões pecuárias.
Os gases emitidos pela fermentação entérica do gado
(metano liberado na digestão), o manejo de seus dejetos e o cultivo
em áreas inundadas, que também contribuem para o efeito estufa, cresceram apenas 0,8% de 2017 a 2018.
Enquanto no período de 1990 a 2017 a agropecuária respondeu, em média, por 80% das emissões no país, em 2018 a participação deste setor nas
emissões totais recuou para 69%.
Se excluirmos do inventário de emissões (desde 1990) as “mudanças
de uso da terra”, as emissões são crescentes até 2014, momento
em que há uma inflexão na tendência, provavelmente devido à recessão econômica,
explica o coordenador-técnico do SEEG, Tasso Azevedo.
O fato é que agronegócio e desmatamento são indissociáveis. Não
se pode negar que a derrubada ilegal do governo Dilma Rousseff em 2016 colocou
em xeque toda a política ambiental do país, comprometendo seriamente suas metas, assumidas no Acordo de Paris em 2015.
Já em 2016, as emissões brasileiras cresceram 9% em relação a
2015, mesmo o país tendo sofrido uma recessão econômica importante, com uma
redução de 3,6% no PIB.
Daí ser preocupante o avanço, ainda que pequeno, das emissões
de gases-estufa anunciado ontem pelo SEEG. Face aos recentes
registros de queimadas criminosas, com a passiva conivência das autoridades ambientais, as
emissões em 2019 serão inevitavelmente maiores.
Tudo leva a crer que a desastrosa e irresponsável política ambiental impetrada pelo governo anterior deva se agravar ainda mais nos próximos 3 anos, colocando o
Brasil em rota de colisão com os países comprometidos com ações em prol do
clima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário