domingo, 27 de junho de 2010

A alucinante trajetória da Jabulani, o carrinho e o gol

A bola oficial da Copa da África do Sul, a Jabulani – “celebrar” em dialeto zulu –, criada e fabricada pela Adidas, não é a principal responsável pela baixa quantidade de gols do certame. Seus inventores provavelmente não imaginaram que a dificuldade que ela traria para os goleiros seria compensada pela dificuldade dos atacantes em chutá-la, daqueles que tem a incumbência de mandá-la para dentro das redes.

Pelo menos é o que temos visto nesta Copa, uma quantidade enorme de chutes fora do alvo. Testes da Nasa comprovaram: acima dos 73 km por hora a trajetória da Jabulani torna-se “imprevisível”, eu diria “alucinante”.

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Mas o problema do futebol moderno, a dificuldade de se fazer gols, remonta a tempos muito antes de mais essa “reinvenção” da bola, e não é com tecnologia que isso vai ser resolvido, mas sim com sensatez dos que fazem as regras do futebol. Isto sim deveria “evoluir”, e não a bola, que só precisa mesmo permanecer “redonda”.

A meu ver, o baixo número de gols nesta competição – e em outras de nível internacional – está relacionado diretamente a uma jogada defensiva que deveria ser banida de vez do futebol. Me refiro ao famigerado carrinho, técnica pouco utilizada pelos craques de outrora, mas que se proliferou como pandemia nas últimas décadas. Infelizmente para o futebol. Hoje em dia não são apenas zagueiros que fazem uso dessa bizarra jogada, mas jogadores de qualquer posição entre as quatro linhas.

Recurso extremo quando a técnica de jogar em pé, com os dois pés no chão, não é suficiente para o desarme, o carrinho tem sido a razão para que muitos gols deixem de acontecer. E tem gente, inclusive cronistas esportivos e comentaristas, que consegue até ver alguma beleza nesse tipo de jogada. Que mal gosto! Quantos gols bonitos teriam saído se o carrinho não existisse como lugar-comum no desarme de última instância?
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Disseminado como praga nos gramados, o carrinho foi proibido quando aplicado por trás, jogada responsável por muitas lesões graves e às vezes até criminosa, pelos danos irreversíveis causados às suas vítimas. O carrinho de frente é igualmente perigoso, mesmo quando a bola é atingida antes do jogador. O carrinho lateral idem. Ou seja, embora em muitos lances seja uma técnica eficiente para evitar o gol, muitas vezes é lesiva ao atacante.

Bastaria suprimir da regra uma palavrinha, deixando simplesmente “proibido o carrinho”, ou para deixar mais explícito, “proibida qualquer jogada defensiva em que o jogador se atire deliberadamente no gramado, tocando no chão outras partes do seu corpo que não os pés”. Parafraseando Neil Armstrong, uma pequena mudança na regra e um grande passo para o futebol!

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