Esquema de funcionamento da usina híbrida de Prenzlau, Alemanha
(Adaptado de Le Journal du Photovoltaïque No8, Nov. 2012).
ILUSTRAÇÃO: Marie Agnès Guichard/Rômer
Imagine
um parque eólico que gera mais eletricidade do que a rede elétrica pode
absorver. Como aproveitar este excedente de energia? Uma das soluções vem da
Alemanha: armazenar o excesso de energia gerada pelo vento na forma de
hidrogênio (figura).
Desde
outubro de 2011, está em operação comercial uma central baseada neste princípio,
com tecnologia da empresa alemã Enertrag. Instalada em Prenzlau (150 km ao
norte de Berlim), a usina produz simultaneamente energia elétrica, calor e
hidrogênio combustível.
Moléculas de água são quebradas pela corrente elétrica excedente gerada pelo vento, dando origem ao hidrogênio, um gás altamente inflamável. É a chamada “eletrólise da água”.
Moléculas de água são quebradas pela corrente elétrica excedente gerada pelo vento, dando origem ao hidrogênio, um gás altamente inflamável. É a chamada “eletrólise da água”.
Assim, em
período de pouco vento o hidrogênio – previamente misturado com biogás, produzido em
“metanizadores” – é queimado em centrais de cogeração, gerando eletricidade e
calor (figura).
O
“hidrogênio eólico” é armazenado em tanques e, além de servir de insumo energético
para a unidade de cogeração, é usado como combustível em automóveis (figura),
com aproveitamento máximo das duas fontes renováveis, vento e biomassa.
Várias
montadoras (Toyota, Mercedes, Audi e Honda) estão desenvolvendo modelos
especiais de carros movidos a hidrogênio. Outra possibilidade de uso desse
combustível é como complemento ao gás natural.
O caráter
“demonstrativo” da usina de Prenzlau vai de encontro ao interesse público – de
um país que pretende se livrar da energia nuclear até 2022 – como alternativa
tecnológica capaz de superar o principal limite da geração eólica em grande
escala, que é sua produção flutuante e nem sempre adaptada aos picos de
consumo.
Uma vez
por mês a Enertrag interrompe as atividades da usina (à exceção dos
metanizadores, que devem operar 24 horas por dia), para que as visitas
aconteçam em total segurança.
Tanques de estocagem do hidrogênio eólico da usina de Prenzlau
(Le Journal du Photovoltaïque No8, Nov. 2012).
FOTO: Tom Baerwald/Enertrag
Alguns números da central de Prenzlau: os metanizadores tem um volume total de 2.350 m3 e são alimentados diariamente por 35 toneladas de forragem de milho, gerando 2,77 milhões de m3 de biogás.
Cada uma
das três turbinas eólicas tem uma potência nominal de 2,3 MW e juntas podem
gerar 18 GWh (giga watt hora) de eletricidade por ano. Essa energia é injetada
na rede elétrica por um cabo de 220 mil Volts, e o excedente alimenta um
eletrolisador de 550 kW. O hidrogênio produzido é armazenado em três tanques
horizontais a 42 atm de pressão, cada um com uma capacidade de estocagem
de 1,3 toneladas (foto).
A cada
hora, os eletrolisadores produzem 120 m3 de hidrogênio e 60 m3
de oxigênio (a 1 atm e 20 oC); este último, por uma questão de
custos de tratamento, é simplesmente liberado na atmosfera. Quando usado para
gerar eletricidade (nas centrais de cogeração), o hidrogênio é misturado
previamente ao metano, a uma taxa entre 20 e 30%.
Esses
dois combustíveis juntos representam uma capacidade de geração elétrica máxima
de 732 kW e de 818 kW de potência térmica (calor), com uma produção anual de 3.000
MWh e 3.300 MWh, respectivamente. O calor produzido é transportado pela rede
distrital de Prenzlau, abastecendo 80 residências.
O grupo
Enertrag, detentor da inovadora tecnologia da usina híbrida, está presente em
seis países europeus (Alemanha, Reino Unido, França, Rússia, Polônia e
Bulgária). Já instalou cerca de 500 turbinas eólicas, totalizando uma
capacidade acumulada de 860 MW.
“Buscamos
uma forma sustentável de estocar a energia do vento; existem outras opções,
como a água de barragens ou baterias, mas estas não são satisfatórias ou
adequadas à topografia da região”, diz Sebastian Kirschnick, responsável pela
unidade de produção de biogás da usina de Prenzlau.
“Optamos
pela eletrólise da água por ser um processo relativamente simples de se obter
hidrogênio, um combustível com múltiplas possibilidades de uso”, conclui
Kirschnick.
Fonte: Le Journal du Photovoltaïque, hors-série No
8, Novembro de 2012
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