Central
solar fotovoltaica de Crucey, na região francesa Centre, instalada em antigo terreno militar da OTAN (Recorte de Le Journal du Photovoltaïque No
8, Nov. 2012). FOTO: Arnaud Lombard/EDF EN
Ainda
não dá para apostar na recuperação do setor solar fotovoltaico francês, após o
estrago causado pela moratória decretada pelo governo (no final de 2010) para estancar o subsídio estatal ao setor cujo mercado vivia uma bolha
especulativa.
A
medida destinava-se apenas a projetos profissionais com capacidade acima de 3 kWp
(quilo-watt-pico), mas acabou afetando todo o setor, inclusive o residencial,
já que houve queda também nas vendas dos sistemas de menor potência.
Com
uma capacidade instalada total de 3.630 MWp (em meados de 2012) – pouco mais da
metade do que a Alemanha agregou só em 2011 – o setor fotovoltaico na França
avançou 110% entre 2010 e 2011. Mas
recuou 28% no segundo semestre de 2012, em relação ao semestre anterior.
Já
em termos de mercado, 2011 foi um ano catastrófico para a energia solar
fotovoltaica no país gaulês. “Uma situação paradoxal; enquanto a potência
adicional conectada à rede foi recorde, muitas pequenas empresas reduziram suas
atividades ou decretaram falência”, diz o relatório da Observ’ER, divulgado em
setembro de 2012.
Na
verdade, foram instalações adquiridas antes da moratória de 2010 que
responderam pelo avanço extraordinário da energia fotovoltaica injetada na rede
elétrica francesa em 2011.
As
vendas de novos sistemas despencaram desde então; só no segmento de instalações
individuais (abaixo de 100 kWp), o mercado recuou 60% em 2011, diz a Observ’ER.
Isto refletiu na distribuição, por faixa de potência da instalação, da
eletricidade conectada à rede em 2012: no primeiro semestre, 84% dessa energia
vieram de sistemas com mais de 100 kWp.
Outra
possível causa apontada para a queda vertiginosa do mercado solar fotovoltaico
francês nos últimos dois anos, especialmente no setor residencial, é a alta
margem de lucro praticada por fabricantes e empresas instaladoras.
Para
sistemas com potência inferior a 100 kWp, o preço do Wp (instalado e
conectado à rede) caiu 53% entre o final de 2010 e setembro de 2012, passando de 7,5 para 4,9 euros (taxas não inclusas). Segundo o escritório
de consultoria Cythelia, nos primeiros nove meses de 2012, o custo médio de
materiais, fabricação e montagem de instalações acima de 3 kWp foi de 3,2 euros o Wp.
Atlas
das grandes centrais fotovoltaicas francesas. (Adaptado de Le Journal du Photovoltaïque
No 8, Nov. 2012)
Um
“quilo-watt-pico” (kWp) é a potência de referência que caracteriza um módulo fotovoltaico. Denota o valor
instantâneo da potência fornecida pelo módulo sob “condições padrão”: 25 oC
de temperatura e 1.000 W/m2 de irradiação solar.
De
toda a potência fotovoltaica acumulada em território francês, 36,5%
correspondem a instalações com capacidade igual ou superior a 750 kWp,
distribuídas em 329 centrais (figura). As regiões que concentram a maior parte
dessas instalações ficam no sul/sudoeste, as mais ensolaradas do Hexagone.
As
centrais instaladas nas regiões de Provence-Alpes-Côte d’Azur, Aquitaine,
Midi-Pyrénées e Languedoc-Roussillon, representam juntas quase 50% do parque metropolitano
conectado à rede elétrica.
Em
termos de capacidade fotovoltaica acumulada, a França ainda está muito longe da
vizinha Alemanha (líder mundial do setor), e de outros países do bloco europeu,
como Espanha e Itália.
Mesmo
assim, é uma das fontes renováveis – junto com a hídrica, eólica, biomassa e
dos mares – suscetíveis de desenvolvimento para que o país possa cumprir sua
meta de produzir 23% de eletricidade limpa até 2020. Projeta-se para o final da
década uma capacidade fotovoltaica acumulada de 5,4 GWp.
O
fato é que, até os primeiros meses de 2012, o mercado solar fotovoltaico
permanecia letárgico, sem que os atores do setor se arriscassem a fazer previsões
de curto prazo otimistas.
Resta
a expectativa de que os preços venham a ser praticados com mais equilíbrio e que
o governo socialista empossado em 2012 mude os rumos da política anteriormente
estabelecida para o setor, que limitou o mercado a um total 500 MWp por ano.
Fonte: Le Journal du Photovoltaïque, hors-série No
8, Novembro de 2012
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