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A conversão de energia térmica dos mares (OTEC, na sigla em inglês) é uma das formas de se gerar eletricidade a partir de águas marinhas.
O
princípio da OTEC baseia-se na diferença de temperatura da água na superfície
(~25oC) e nas profundezas (1 km abaixo do nível do mar), que é de
cerca de 5oC. Graças a este fenômeno natural, típico de mares e
oceanos tropicais, é possível produzir continuamente energia elétrica.
Segundo
um estudo recente da empresa americana Makai
Ocean Engineering, o impacto da OTEC sobre a fauna e flora marinhas –
até então a maior barreira para a disseminação da tecnologia – poderia ser
reduzido a níveis “aceitáveis”.
O prejuízo à vida subaquática seria causado pela água fria descarregada a pequenas profundidades. Essa água mais fria, oriunda de 1 km abaixo do nível do mar, poderia causar uma proliferação nociva de fitoplânctons e algas, que perturbariam o ecossistema local.
A
tecnologia OTEC funciona de modo similar ao de uma termelétrica, sendo que a
substância movendo-se no circuito fechado (que aciona a turbina acoplada ao gerador) é outra: um
fluido com baixo ponto de ebulição, normalmente, amônia.
Água
quente da superfície vaporiza a amônia, que se expande na turbina e depois se
condensa ao perder calor para a água fria das profundezas, completando um “ciclo
termodinâmico” (de Rankine). Já
se sabia que, a profundidades entre 20 e 40 metros, o impacto biológico causado pela água fria
era considerável.
De
acordo com o relatório “Modeling the physical and biochemical influence of OTEC
plant discharges” da Makai, com a água fria sendo descarregada 70 metros abaixo
do nível do mar, os danos à vida marinha são consideravelmente atenuados.
“Um
avanço significativo”, declara o engenheiro sênior da Makai, Pat Grandelli.
Para o especialista, a principal incerteza que impede o avanço em busca da
factibilidade técnica da OTEC, é a obtenção da licença de construção.
“Do
ponto de vista da engenharia prática, a construção de usinas de OTEC já pode se
tornar realidade”, explica Grandelli. Ele defende que o órgão licenciante
americano, a NOAA (National Oceanic and
Atmospheric Administration) – que acompanha de perto as pesquisas da Makai
– remova barreiras regulatórias para a construção de plantas piloto, propiciando a realização de plataformas flutuantes de 100 MW (mega watt).
Uma
usina de OTEC de 100 MW, com descarga de água fria a 70 metros de profundidade,
requer vazões de bombeamento gigantescas: 420 mil litros por segundo (m3/s)
de água do mar a 26oC e 320 m3/s de água do mar a 4oC e mil metros
de profundidade. As vazões são dessa magnitude, muito provavelmente porque a
eficiência termodinâmica ideal (teórica) é baixíssima: 7,4%.
Segundo
Grandelli, o potencial global da OTEC é imenso; pode ser 10 ou 100 vezes maior
do que o da energia das ondas. Ele cita cálculos que apontam, para latitudes
entre - 20º e + 20º e uma diferença de temperatura de 20oC, uma
capacidade potencial de 270 milhões de GW (giga watt-hora), ou 2,5 milhões de
vezes a capacidade instalada brasileira.
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