terça-feira, 26 de novembro de 2013

Alemanha: calor renovável é desafio no país mais ‘verde’ da Europa

Fontes limpas respondem por quase 25% da eletricidade consumida, mas por apenas 10% da produção de calor

Coletores solares de ar, em prédio comercial da Alemanha, ajudam a climatizar as salas (FOTO Fraunhofer ISE)
http://www.renewablesinternational.net/cold-from-renewable-heat/150/537/39360/

Em termos de energia renovável não convencional, a Alemanha faz inveja a países como o Brasil; dispõe de 16,5 milhões de m2 de coletores solares térmicos. Com incidência solar (280 dias por ano), território e população bem maiores, o Brasil projeta apenas para 2015 a marca de 15 milhões de m2 de coletores instalados. 

Mas gerar calor na Alemanha – principalmente para climatização invernal, que 82% das residências utilizam – com fontes limpas é ainda um desafio; este tipo de recurso representa atualmente só 10,4% do consumo final de energia térmica.

Nos últimos 10 anos, a biomassa (incluindo biogás, gás do lixo e de esgoto) representou quase o total de recursos energéticos renováveis usados para produzir calor no país germânico: 91%.  O restante foi suprido por bombas de calor (4,7%), energia solar (4,2%) e geotermia (0,2%). 

Embora o potencial de aproveitamento de fontes limpas para gerar calor seja enorme, as políticas para o setor são tímidas. Enquanto o governo alemão prevê para a matriz elétrica uma fatia de 35% de renováveis em 2020, a meta para o mesmo ano é de produzir 14% de calor renovável. 

Para fomentar o uso de energia limpa na geração de calor, passou a vigorar em 2009 uma lei que exige a instalação de equipamentos de energia renovável em edificações novas: 15% das necessidades de calor e frio devem ser atendidas por energia solar térmica, 30% por biogás e 50% por biomassa, bomba de calor ou geotermia. 

No entanto, como a lei isenta projetos que incluem isolamento térmico suplementar e/ou conexão a uma rede de calor ou a equipamento de cogeração, apenas metade das novas edificações construídas entre 2009 e 2011 instalaram dispositivos de tecnologia limpa: 27% foram equipadas com bomba de calor, 20% com aquecedor solar e 6% a biomassa. 

A Associação Federal de Energias Renováveis da Alemanha (BEE, na sigla em alemão) estima que, para elevar a participação de fontes renováveis na produção de calor a 25% até 2024, o custo em subvenções seria de 1 bilhão de euros.

“Este valor é ridiculamente pequeno comparado aos 20 bilhões de euros destinados à eletricidade verde; calor renovável significa uma redução enorme nas emissões de CO2 e economia de energia fóssil, com um mínimo de dinheiro público”, declarou Harald Uphoff, vice-presidente da BEE. 

Fonte: Le Journal des Énergies Renouvelables Nº 217, Setembro-Outubro 2013

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