Unidade de metanização
patrocinada pela Audi é a primeira do mundo em escala industrial baseada em fontes renováveis
O e-gás produzido pode ser armazenado e distribuído através de uma rede de gasodutos para abastecer residências ou usado como gás natural veicular (GNV).
Esquema de
funcionamento da unidade de metanização da Audi, em Werlte, região de Basse-Saxe,
Alemanha (ILUSTRAÇÃO: Mari Agnès Guichard/Observ’ER/Audi). Adaptado de Le Journal des Énergies Renouvelables Nº
217, set.-out. de 2013
Inaugurada em junho deste ano, em Werlte, norte da Alemanha, uma unidade industrial de 6,3 MW de potência produz metano com energia limpa.
A
instalação utiliza eletricidade excedente gerada por turbinas eólicas e painéis
fotovoltaicos para produzir gás natural de síntese, batizado de “e-gás”.
O e-gás produzido pode ser armazenado e distribuído através de uma rede de gasodutos para abastecer residências ou usado como gás natural veicular (GNV).
A
unidade de metanização da Audi representa inovação em dois aspectos: a produção
de um combustível alternativo e limpo para a frota alemã de automóveis e a
estocagem maciça de eletricidade renovável.
A
usina de Werlte foi integrada a uma unidade de biogás pré-existente de 3,6 MW,
mas, ao contrário de outras usinas similares, ela não produz eletricidade; o
biometano é injetado diretamente na rede de gás.
Por
um lado, ela aproveita a rede de dutos existente para a distribuição do e-gás
produzido; por outro, utiliza o CO2 presente no biogás como insumo no processo
de metanização.
“Escolhemos
esta unidade de biogás porque ela funciona com dejetos alimentares, de açougues
e gorduras, para evitar a competição com a produção de alimentos e não entrar
na discussão ‘combustível x comida’”, diz Tobias Block, porta-voz da Audi.
O
princípio de funcionamento da instalação (ilustração) é o seguinte: uma coluna
de aminas decompõe o biogás em metano e CO2; este último alimenta um
catalizador de metanização.
Três
eletrolizadores (de 2 MW cada) produzem – a partir de água desmineralizada e
eletricidade renovável – o hidrogênio necessário à reação com o CO2, para
formar o metano de síntese.
O
calor liberado na reação é parcialmente recuperado para aquecer as colunas de
aminas, e o restante é usado para aquecer os metanizadores, intensificando o
processo de fermentação.
Segundo
a Audi, o biometano combustível produzido na usina de Werlte representa um
balanço de CO2 bastante favorável e uma autonomia de 400 km para reservatórios
de gás do modelo Audi A3 g-tron.
As
emissões devido ao consumo do combustível verde seriam totalmente compensadas
pelo CO2 usado para fabricá-lo. O restante (20 g CO2/km) é atribuído
à construção e à exploração das instalações de metanização.
A
usina de e-gás da Audi ocupa 4.100 m2; foi concebida para operar 4.380 horas
por ano e produzir anualmente 1,5 milhão de metros cúbicos (Nm3) de metano, equivalentes
ao consumo de 1.500 veículos, cada um rodando 15 mil km por ano. Para garantir
essa produção, o consumo anual de eletricidade é de 26 a 27 GWh.
A
Agência Alemã de Energia (Dena) estima que o custo mínimo do e-gás produzido
nessa unidade é de 3.600 euros por kW. A Etogas, responsável pela distribuição
do e-gás, visa um preço comercial de 1.000 euros por kW.
A
frota automotiva alemã conta atualmente com pouco mais de 76 mil veículos a GNV,
apenas 0,17% do total (58,7 milhões).
Mesmo se a evolução do GNV na
Alemanha tem sido muito aquém do previsto nos últimos anos, a Dena estima que a participação de veículos a gás (natural ou renovável) pode chegar a 2,6% da frota
atual até 2020 ou mesmo a 4%, uma vez que o número de carros deve diminuir,
acompanhando o declínio da população alemã.
Fonte: Le Journal des
Énergies Renouvelables Nº 217,
setembro-outubro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário