Estufas
agrícolas em Perpignan, região de Languedoc-Rousillon, França (FOTO: Antonio
Pralon)
O
cultivo em ambientes fechados, aquecidos por efeito estufa (“aprisionamento”
dos raios solares), tem crescido no mundo a uma taxa anual média de 10% nos
últimos 30 anos.
O
telhado dessas estufas constitui uma superfície disponível atraente para a
instalação de módulos fotovoltaicos, desde que não prejudique o desenvolvimento
das plantas.
A
Fonroche – fabricante de painéis fotovoltaicos para centrais solares – e
cooperativas agrícolas do Sul da França firmaram uma parceria para instalar
sistemas fotovoltaicos em 27 hectares de estufas, representando uma potência
total de 24 MWp (mega-watt-pico), ao custo de 50 milhões de euros.
A
Tecsol – consultoria de projetos na área solar, com sede em Perpignan –
realizou estudos que comprovam a viabilidade da geração fotovoltaica sobre
telhados de estufas agrícolas na região do Languedoc-Roussillon (sudoeste da
França).
“Mesmo
usando tecnologia clássica, de células em suporte opaco, com painéis ocupando
metade do telhado (a parte apontada para o Sul), a luminosidade disponível
garantiu uma boa produção de legumes, e a eletricidade gerada permitiu cobrir
os custos da instalação”, declarou o agricultor Francis Vila.
Em
Montélimar (França), na região de Rhône-Alpes, a empresa
suíça Tritec foi uma das primeiras a instalar uma central fotovoltaica sobre
estufas de vidro já existentes, em uma fazenda de agricultura orgânica. Com
capacidade de 2,5 MWp, o sistema de geração solar é formado por 13.440 módulos
fotovoltaicos e foi conectado à rede no final de 2011.
Nem
todas as plantas podem crescer saudavelmente com a limitação da luminosidade
causada pela parte do telhado coberta pelos painéis solares. A cultura de
tomate, por exemplo, necessita uma quantidade de luz maior, e, portanto, a área
transparente dos telhados de estufas destinadas à sua produção não pode ser
reduzida.
Para
mitigar este problema, ou seja, para reduzir o sombreamento no interior das
estufas, o Instituto Sophia Agrobiotech (Inra) lançou no final de 2012 um
projeto de P&D para desenvolver células fotovoltaicas transparentes.
Parceira
do projeto, a Sun Partner – empresa que criou a tecnologia WYSIPS (Wath You See
Is Photovoltaic Surface) – pretende associar o substrato em silício
policristalino a microlentes, de modo a obter módulos solares transparentes.
A
concepção do projeto é desenvolver estufas em material plástico, integrando a
tecnologia WYSIPS (adaptada a substratos transparentes) em toda sua superfície.
“Poucos
países continuam a instalar estufas de vidro. Já se dispõe de estufas de
plásticos de alta tecnologia e baixo impacto ambiental; este tipo de estufa
agrícola representa o futuro”, declarou Christine Poncet, diretora do Inra.
No
continente europeu, Espanha e Itália são os dois países que mais implementaram
projetos de estufas agrícolas fotovoltaicas. No entanto, com a crise econômica,
que também afetou o setor fotovoltaico em vários países da Europa, estes
projetos estagnaram-se.
Fora
das fronteiras europeias, novas instalações de estufas fotovoltaicas florescem;
a Fonroche, por exemplo, tem desenvolvido projetos no México, Porto Rico e
Brasil.
Fonte: Le journal du Photovoltaïque, hors-série Nº 10, Novembre 2013
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