Painéis
fotovoltaicos instalados em campo agrícola a uma altura que permite passagem de
máquinas de arado e colheita (FOTO: Christian Dupraz/Inra). Le Journal du Photovoltaïque, hors-série Nº 12, Novembro de 2014
Experiências
realizadas em terras próximas de Montpellier mostram que é possível a
“simbiose” entre agricultura e geração fotovoltaica.
A
pesquisa focou o desenvolvimento comparativo de certos tipos de planta,
cultivados sob diferentes graus de exposição ao sol.
Tanto
a agricultura quanto a energia solar precisam de terras cada vez mais raras
para se desenvolver mundo afora. Pressionadas pelo aumento demográfico global,
as demandas por alimento e energia não param de crescer.
Por
outro lado, em muitas regiões do planeta, a intensidade de insolação impede que
certas espécies vegetais possam ser cultivadas.
Então,
porque não associar agricultura e produção de eletricidade solar? Por que não
conceber painéis fotovoltaicos gerando energia e ao mesmo tempo produzindo sombra para o
cultivo de vegetais?
Para
responder a essas questões, um projeto piloto de “agrivoltaico” experimental, batizado
de Sun’Agri, foi implementado pela consultoria Sun’R e o Instituto Nacional de
Pesquisa Agronômica da França (INRA, na sigla em francês).
No
cerne da pesquisa, a análise do desenvolvimento de um conjunto de legumes,
hortigranjeiros e trigo, cultivados sob diferentes intensidades de radiação
solar. As reações ecofísiológicas das plantas foram avaliadas e modelizadas.
Inicialmente,
as plantações foram cobertas por um campo de painéis fotovoltaicos –
posicionados a uma altura que permitisse a passagem de máquinas agrícolas – bloqueando
2/3 do hemisfério sobre as culturas.
O
resultado foi negativo; observou-se uma redução média de 40% do rendimento
agrícola. Já com a área sombreada limitada a 1/3 do hemisfério, os
rendimentos das plantas mantiveram-se dentro de uma margem de 10% em torno do seu crescimento natural.
“Sob
tais condições, as plantas demonstraram capacidade de se adaptar para manter um
desenvolvimento normal”, diz Antoine Nogier, diretor da Sun’R. Além deste
feito, foi observada uma diminuição de até 30% do consumo de água.
Os
resultados animadores dessa experiência levaram a parceria Sun’R/INRA a lançar
a segunda fase do projeto (o Sun’Agri II), centrada no uso de painéis solares
móveis que permitam variar a exposição das plantas ao sol.
“Em
certos períodos, as plantas tem maior sensibilidade à sombra, o que as
prejudicam, especialmente durante a floração. Com painéis móveis, será possível
controlar a incidência de radiação solar, reduzir a transpiração e
consequentemente o consumo de água das plantas”, explica Christian Dupraz,
pesquisador do INRA.
O
objetivo da pesquisa é obter parâmetros de adaptação das plantações (sombreadas
por instalações fotovoltaicas), em função de fatores como latitude e
sazonalidade, para melhorar quantitativa e qualitativamente a produção agrícola
em regiões mediterrâneas e, mais amplamente, em zonas ensolaradas do globo.
Se
a concepção da coabitação de agricultura e energia solar é simples, a
implementação de sistemas agrovoltaicos dinâmicos requer a elaboração de
algoritmos complexos, específicos para cada planta. Daí a importância do
programa de pesquisa Sun’Agri.
Uma
primeira usina piloto conectada à rede, de 2 MWp (mega watt pico), ocupando 4
hectares e instalada sobre um vinhedo, está prevista para a região de
Perpignan, no sudoeste da França.
Fonte: Le Journal du Photovoltaïque, hors-série Nº 12, Novembro de 2014
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