Cobertura de gelo na Antártida (FOTO: NASA)
Nos
últimos dias, a mídia alardeou que em 2014 a temperatura do planeta foi a
mais alta desde o início dos registros há mais de 13 décadas.
Mas
praticamente ignorou a constatação de que a extensão de gelo marinho no
continente Antártico atingiu um novo recorde naquele ano.
A temperatura média da superfície terrestre ficou 0,69 oC acima daquela registrada durante o século XX, superando os valores recordes observados em 2005 e 2010.
Os
dados são de análises independentes feitas pela Agência Espacial Americana
(NASA) e a Administração Atmosférica e Oceânica dos EUA (NOAA), publicados na
última sexta-feira (16).
Em
comunicado, a NASA destaca que a elevação da temperatura planetária em 0,8 oC
desde 1880 se deve em boa medida ao aumento do CO2 e outras emissões humanas na
atmosfera.
As
três últimas décadas foram as mais quentes e, com exceção do ano de 1998, os 10
anos mais quentes foram registrados a partir de 2000.
Fenômenos
meteorológicos, como as correntes marítimas El Niño e La Niña – que afetam as
temperaturas na região tropical do Oceano Pacífico – devem causar flutuações na
temperatura global nos próximos anos, diz a NASA.
Grandes
diferenças regionais foram observadas em 2014, mas a temperatura média na
superfície do mar ficou 0,57 graus acima da média verificada ao longo do século
XX. Em áreas continentais, a elevação foi de 1 grau acima da média do século anterior.
No
hemisfério norte, a cobertura de neve caiu praticamente à metade do seu valor
habitual. No Ártico, a camada de gelo foi a sexta menor desde os primeiros
registros, há 36 anos.
Já
na Antártida, a extensão de gelo foi a mais alta já registrada e pelo segundo
ano seguido. Embora a taxa de encolhimento do gelo no Norte seja bem mais
importante que o avanço no Sul, este último fenômeno contraria a tendência
global prevista pela ciência, de derretimento das calotas polares. Contra todas
as previsões, a cobertura de gelo no oceano Antártico só faz aumentar.
Imagens
de satélite mostram que, em 19 de setembro de 2014 (foto), foi registrado o
recorde da maior média em 5 dias, que superou 20 milhões de quilômetros
quadrados.
No
entanto, o gelo na Antártida vem se acumulando a uma velocidade cerca de três
vezes menor que a da perda de gelo no Ártico.
Para
a pesquisadora da NASA Claire Parkinson, “globalmente, o planeta está sofrendo
o esperado em termos de aquecimento; como previsto, o gelo está em baixa, mas,
assim como o aquecimento climático, nem todas as regiões geladas sofrem a mesma
tendência de redução da cobertura de gelo”.
O
novo recorde de acúmulo de gelo na Antártida nada mais é que reflexo da
diversidade e complexidade dos ambientes da Terra, diz a NASA.
Levar
em conta apenas um recorte da história (ou do planeta) pode ter como efeito
embaçar a compreensão de um fenômeno global já extremamente complexo.
Não
resta dúvida que as emissões antrópicas influem no avanço da temperatura
planetária, mas o globo terrestre é movido também por ciclos naturais que ainda
escapam à compreensão da ciência.
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