domingo, 18 de janeiro de 2015

2014 teve recorde de temperatura global e de gelo na Antártida

Estudos independentes das agências NASA e NOAA confirmam que o ano passado foi o mais quente desde 1880

Cobertura de gelo na Antártida (FOTO: NASA)

Nos últimos dias, a mídia alardeou que em 2014 a temperatura do planeta foi a mais alta desde o início dos registros há mais de 13 décadas. 

Mas praticamente ignorou a constatação de que a extensão de gelo marinho no continente Antártico atingiu um novo recorde naquele ano.

A temperatura média da superfície terrestre ficou 0,69 oC acima daquela registrada durante o século XX, superando os valores recordes observados em 2005 e 2010. 

Os dados são de análises independentes feitas pela Agência Espacial Americana (NASA) e a Administração Atmosférica e Oceânica dos EUA (NOAA), publicados na última sexta-feira (16). 

Em comunicado, a NASA destaca que a elevação da temperatura planetária em 0,8 oC desde 1880 se deve em boa medida ao aumento do CO2 e outras emissões humanas na atmosfera. 

As três últimas décadas foram as mais quentes e, com exceção do ano de 1998, os 10 anos mais quentes foram registrados a partir de 2000. 

Fenômenos meteorológicos, como as correntes marítimas El Niño e La Niña – que afetam as temperaturas na região tropical do Oceano Pacífico – devem causar flutuações na temperatura global nos próximos anos, diz a NASA. 

Grandes diferenças regionais foram observadas em 2014, mas a temperatura média na superfície do mar ficou 0,57 graus acima da média verificada ao longo do século XX. Em áreas continentais, a elevação foi de 1 grau acima da média do século anterior. 

No hemisfério norte, a cobertura de neve caiu praticamente à metade do seu valor habitual. No Ártico, a camada de gelo foi a sexta menor desde os primeiros registros, há 36 anos. 

Já na Antártida, a extensão de gelo foi a mais alta já registrada e pelo segundo ano seguido. Embora a taxa de encolhimento do gelo no Norte seja bem mais importante que o avanço no Sul, este último fenômeno contraria a tendência global prevista pela ciência, de derretimento das calotas polares. Contra todas as previsões, a cobertura de gelo no oceano Antártico só faz aumentar. 

Imagens de satélite mostram que, em 19 de setembro de 2014 (foto), foi registrado o recorde da maior média em 5 dias, que superou 20 milhões de quilômetros quadrados. 

No entanto, o gelo na Antártida vem se acumulando a uma velocidade cerca de três vezes menor que a da perda de gelo no Ártico. 

Para a pesquisadora da NASA Claire Parkinson, “globalmente, o planeta está sofrendo o esperado em termos de aquecimento; como previsto, o gelo está em baixa, mas, assim como o aquecimento climático, nem todas as regiões geladas sofrem a mesma tendência de redução da cobertura de gelo”. 

O novo recorde de acúmulo de gelo na Antártida nada mais é que reflexo da diversidade e complexidade dos ambientes da Terra, diz a NASA. 

Levar em conta apenas um recorte da história (ou do planeta) pode ter como efeito embaçar a compreensão de um fenômeno global já extremamente complexo. 

Não resta dúvida que as emissões antrópicas influem no avanço da temperatura planetária, mas o globo terrestre é movido também por ciclos naturais que ainda escapam à compreensão da ciência. 

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