sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Chile se torna principal mercado mundial para energias renováveis

kWh fotovoltaico e eólico já competem com kWh convencional em ‘contratação livre’

Fotomontagem do projeto de central fotovoltaica El Sol de Vallenar, no deserto de Atacama, com capacidade de 1 GWp
http://elperiodicodelaenergia.com/la-espanola-cox-energy-construira-un-megaparque-fotovoltaico-de-1-000-mw-en-chile/

A abundância e variedade de recursos energéticos renováveis fazem do Chile um dos países mais atrativos para investimentos neste setor. 

O território chileno abrange o deserto mais ensolarado do mundo, mas também dispõe de inúmeras fontes geotérmicas e de uma costa bem ventilada.

Tal como o Brasil, o Chile tem sofrido com a seca nos últimos 5 anos, que tem baixado o nível de suas represas, reduzindo consideravelmente a geração hidrelétrica. 

Consequentemente, o país tem se tornado cada vez mais dependente de carvão e diesel – combustíveis altamente emissores de CO2 – para abastecer suas usinas termelétricas. 

O país andino importa 90% do combustível fóssil usado na geração elétrica e seus consumidores pagam as tarifas de energia mais altas da América Latina. 

Isto se deve a causas geográficas (o isolamento do país dificulta a importação de energia) e estruturais, como o alto risco sísmico, que torna proibitiva a instalação de usinas nucleares. 

Atualmente, vive-se uma expectativa de alta na demanda global de cobre. As mineradoras espalhadas pelo território do Chile – maior produtor e exportador de cobre do mundo – devem, portanto, fomentar sua produção e, assim, aumentar seu consumo elétrico. 

Neste contexto, o preço da eletricidade vendida em ‘ambiente de contratação livre’ (sem a requerida regulação dos contratos de consumidores cativos) – o chamado ‘mercado spot’, no Chile – está em alta, a 130 dólares o MWh, tornando a eletricidade de origem renovável competitiva neste segmento de mercado. 

Graças a iniciativas governamentais em prol de fontes renováveis, foram aprovados no ano passado 76 projetos de geração de energia solar e eólica. 

Os empreendimentos, no valor total de 7 bilhões de dólares, visam atender principalmente as mineradoras de cobre, que consomem 1/3 de toda a eletricidade produzida no Chile. 

As empresas que exploram o minério verde estão concentradas no norte do país, em pleno deserto de Atacama, uma região privilegiada em recurso solar e geotérmico. 

A geografia da região permite, inclusive, armazenar a energia solar, para uso em períodos noturnos, já que a mesma é circundada por montanhas. 

A energia excedente produzida durante o dia pode ser usada para transportar água até reservatórios elevados, que posteriormente é descarregada em canais dotados de turbinas hidráulicas, gerando eletricidade. 

O Chile tem, ainda, 37 vulcões com potencial para produzir eletricidade baseada em ciclos termodinâmicos. A empresa italiana Enel SpA e a neozelandesa Mighty River Power avaliam conjuntamente a possibilidade de explorar comercialmente essas fontes de energia geotérmica. 

No âmbito da energia solar, um dos empreendimentos aprovados em 2014 é a central fotovoltaica El Sol de Vallenar (imagem), a cargo da companhia energética espanhola Cox Energy. 

A usina ocupará 2.150 hectares e será instalada no deserto de Atacama. Começou a ser construída no final de 2014 e sua conclusão está prevista para 2020, quando contará com uma capacidade de 1.000 MWp, provavelmente uma das maiores do mundo. 

Em agosto de 2014, entrou em operação um dos maiores parques eólicos da América Latina, o El Arrayán, com capacidade de 115 MW, distribuídos em 50 aerogeradores. Foi construída pelo grupo Pattern Energy Lp, com sede nos EUA.

Instalado na zona costeira de Coquimbo, nas proximidades de Tongoy, o El Arrayán fornece cerca de 20% da energia elétrica consumida pela mineradora Los Pelambres, situada a 130 km do parque eólico. 

A meta estabelecida pelo governo chileno para as energias renováveis não convencionais é que sua participação na matriz elétrica nacional passe dos 10% atuais para 20% em um horizonte de 10 anos. 


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