segunda-feira, 9 de setembro de 2019

França: projetos de aquecimento coletivo impulsionam energia solar térmica

Após uma década de estagnação, mercado de energia solar para produção de calor cresce 3% em 2018 e anima setor

Coletores solares de tubo evacuado instalados em fachada da Residência Bouygues, em Perpignan (sudoeste da França). CRÉDITO: Tecsol

A exemplo de outros países europeus, como Espanha, Grécia, Dinamarca e Polônia, a França caminha rumo à consolidação do seu mercado solar térmico.

O crescimento anual do segmento em três pontos percentuais resulta de um avanço bem maior do aquecimento coletivo, já que o setor de tecnologia solar de uso individual registrou uma queda no período.

De fato, o mercado solar de equipamentos fotovoltaicos e térmicos individuais encolheu 16% no ano passado: foram comercializadas 5.500 unidades em 2017, contra 4.600 em 2018.

A implantação de uma política de fomento adequada (programa “Fundo Calor”) impulsionou projetos de grande porte voltados para redes de calor e processos industriais, o que explica o reaquecimento do setor.

Diversas comunidades em diferentes regiões francesas integraram a energia solar às suas redes de calor, como também foram inaugurados recentemente dois sistemas de calor industrial, nos setores agroalimentar (em Melville, Norte) e de celulose (em Condat, Dordogne).

Com 30.000 m2 de coletores instalados em 2018, o aquecimento solar coletivo (ASC) representou mais da metade do mercado solar, registrando pela primeira vez um pequeno crescimento (3%), após 5 anos de recuo.

As aplicações mais visadas nesta fase de retomada do mercado solar térmico são as habitações populares, os centros médicos e lares de idosos dependentes, onde a demanda de água quente sanitária é conhecida e estável ao longo do ano.

Esses estabelecimentos necessitam de soluções tecnológicas que possibilitem uma gestão eficiente do consumo com baixos custos energéticos.

Proporcionando uma cobertura de 40 a 50% da necessidade de água quente sanitária, os sistemas de ASC permitem diminuir a conta de energia, ao mesmo tempo em que reduz a vulnerabilidade da oferta face às variações do preço de combustíveis fósseis.

No prédio residencial da Peupleraie, em Pont-de-Chéruy (Isère), por exemplo, uma instalação de 122 m2 de coletores solares, com capacidade de estocagem de 6 mil litros atende 42% da demanda de água quente do edifício.

Embora as atuais condições sejam favoráveis ao desenvolvimento da energia solar térmica para aquecimento coletivo, o setor ainda depende de incentivos da Agência Nacional para o Meio Ambiente e a Gestão da Energia (Ademe, na sigla em francês).

O suporte financeiro do “Fundo Calor” e o apoio da Ademe devem facilitar a implementação de regras que protejam os investimentos, reduzindo o prazo médio de retorno de 15 para 8 anos, aponta Daniel Mugnier, diretor de inovação da empresa Tecsol.

Outro ponto a ser melhorado para garantir sustentabilidade ao setor de aquecimento solar coletivo é a capacitação profissional, especialmente no que tange o funcionamento dinâmico das instalações.

Fonte: Le Journal des Énergies Renouvelables, No 248, Julho-Agosto-Setembro 2019

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