Londres durante isolamento social em plena pandemia de Covid-19
No
início de abril, no pico do isolamento social nos países avaliados, a redução
global das emissões diárias de CO2 foi de 17% em relação à média de 2019, equiparando-se
à taxa de emissão diária observada em 2006.
É o que diz o estudo publicado hoje na Nature Climate Change, coordenado pela Universidade de East Anglia, Inglaterra,
com a participação de centros de pesquisa da França, Alemanha, Holanda, Noruega,
Austrália e Estados Unidos.
Globalmente, o setor que responde pela maior quantidade de emissões de CO2 é o de energia (produção de eletricidade e calor), com 44,3% do total, seguido pela indústria (22,4%), transporte terrestre (20,6%), setor residencial (5,6%), setor público e comércio (4,2%) e aviação (2,8%).
Globalmente, o setor que responde pela maior quantidade de emissões de CO2 é o de energia (produção de eletricidade e calor), com 44,3% do total, seguido pela indústria (22,4%), transporte terrestre (20,6%), setor residencial (5,6%), setor público e comércio (4,2%) e aviação (2,8%).
Durante o mês de abril, foram analisados dados combinados de energia, atividades econômicas e políticas de 69 países, que representam 85% da população mundial e 97% das emissões totais de carbono.
À maioria dos dados analisados referem-se aos 15 dias iniciais de abril, que refletem
as mudanças impostas pela crise sanitária, comparadas a um dia típico de
atividade antes do confinamento e levando em conta a sazonalidade e o dia da
semana.
Desta forma, os cientistas puderam estimar as variações das emissões diárias durante o isolamento social adotado no combate à pandemia de Covid-19 e suas implicações na evolução da concentração total de CO2 em 2020.
No pico do isolamento social (em 7 de abril), o setor de transporte terrestre respondeu por 43% da redução de emissões; mesmo percentual para os setores industrial e de energia somados, e 10% na aviação.
Os
autores do estudo estimam que a redução global das emissões de carbono em 2020,
em relação a 2019, pode variar de 4% a 7%, dependendo da duração das medidas de
isolamento; os extremos se situando entre um período de 4 a 10 meses, a partir
de março.
Em
termos quantitativos, a atmosfera planetária deixou de receber 1.048 milhões de
toneladas de gás carbônico (MtCO2), nos quatro primeiros meses de 2020. A China
–maior emissor de gases poluentes– reduziu suas emissões em 242 MtCO2, seguida
pelos Estados Unidos (– 207 MtCO2), Europa (– 123 MtCO2), Índia (– 98 MtCO2) e
Reino Unido (– 18 MtCO2).
Considerando
que, para limitar o aumento da temperatura planetária em 1,5 oC até
2100 –como preconiza o IPCC–, as emissões de CO2 devem ser reduzidas em pelo
menos 7,6% por ano até 2030, o estudo mostra que respostas
sociais casuais são insuficientes para garantir uma redução sustentável das
emissões, capaz de mitigar a mudança climática.
“O
isolamento social levou a mudanças drásticas no consumo de energia e nas emissões
de CO2. No entanto, essas reduções extremas devem ser temporárias, já que não
refletem mudanças estruturais dos sistemas econômico, de transporte ou energético”, diz Corinne Le
Quéré, climatologista e professora da School of Environmental Sciences,
da Universidade de East Anglia, e líder da equipe de pesquisadores autores do
estudo.
Já
para Robert Jackson, professor da Universidade de Stanford (EUA) e coautor do
estudo, “a queda das emissões foi significativa, mas o que precisamos é de uma
transição sistemática para a energia verde e veículos elétricos, e não de reduções
temporárias causadas por comportamentos forçados”.
“Há
possibilidades reais, sustentáveis e mais resilientes a crises futuras, via
planos de recuperação econômica que visem também metas climáticas,
especialmente aqueles relativos à mobilidade, que foi responsável por metade da
redução das emissões durante o isolamento social”, conclui Le Quéré.
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