Algas
que florescem na superfície de neve derretida podem dar origem a um novo ecossistema,
potencialmente importante como sumidouro de carbono.
A
conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de
Cambridge (Reino Unido), publicado hoje na Nature Communications. Trata-se
da primeira estimativa da biomassa e da distribuição da comunidade de “algas verdes
da neve” ao longo da Península Antártica.
Imagens captadas pelo satélite Sentinel 2 e pesquisas de campo revelaram 1.679 áreas de floração de algas cobrindo sazonalmente uma área total de 1,9 km2, constituindo um sumidouro de carbono com capacidade de capturar 479 toneladas por ano.
A
extensão do ecossistema verde mapeado é limitada por áreas com temperaturas
médias positivas no verão. Sua distribuição é fortemente influenciada por
insumos de nutrientes marinhos, e 60% de sua cobertura está situada a menos de
5 km de uma colônia de pinguins.
Segundo
os autores do estudo, o aquecimento climático pode fazer a Antártida perder 62%
das flores que ocupam pequenas ilhas baixas, sem terem como se expandir em
superfícies elevadas.
Em
contrapartida, áreas de floração crescem em latitudes mais baixas, sugerindo que
sua expansão é maior na direção latitudinal, onde prevalecem massas terrestres
maiores, próximas de colônias de focas ou pássaros.
Os
autores do estudo preveem que este crescimento de áreas verdes supere a
biomassa perdida em pequenas ilhas baixas, resultando em um aumento líquido da cobertura
de algas de neve à medida em que a Península se aquece.
O
aumento de temperatura na Antártida já superou 1,5 oC, e as atuais
projeções do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) indicam
futuros aquecimentos globais. Segundo um outro estudo, a área disponível para a
colonização de plantas deverá triplicar, em razão do aquecimento.
Assim,
é essencial compreender como essas algas se inserem na biosfera antártica e sua
provável resposta ao aumento de temperatura na região. Isto permitirá predizer
o impacto da mudança climática sobre a vegetação da Antártida.
Os
biólogos da Universidade de Cambridge e do British Antarctic Survey
passaram seis anos identificando e mensurando as áreas de algas verdes de neve,
com auxílio de imagens de satélite e observações no solo.
O
resultado do estudo consiste no primeiro mapa em grande escala de algas
peninsulares do Continente Antártico. Um referencial para avaliar a velocidade
com que áreas geladas estão se convertendo em cobertura verde e seu potencial como
nutriente para outras espécies.
“Trata-se
de uma comunidade que, potencialmente, pode formar novos habitats; em algum
lugar, pode originar um novo ecossistema”, declara Matt Davey, coautor do
estudo e líder da equipe de pesquisadores.
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