quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Transição energética: Reino Unido anuncia sua ‘revolução industrial verde’

Plano deve priorizar uso de veículos elétricos, energia eólica e isolamento térmico de residências, visando ‘neutralidade de carbono’ em 2050

Turbina eólica vista do centro de Blyth, no Nordeste da Inglaterra, em 13 de dezembro de 2019. FOTO: Lindsey Parnaby/APF

O governo britânico lançou ontem um programa com diversas medidas em prol de energias renováveis e da eficiência energética em edificações.

Ao anunciar seu plano, a chamada “revolução industrial verde”, o primeiro-ministro Boris Johnson diz que o mesmo poderá gerar até 250 mil empregos, no Norte da Inglaterra e outras regiões industriais de Midlands, Escócia e País de Gales.

Uma das medidas mais efusivas, recebida com entusiasmo pelo parlamento, foi o final da venda de carros movidos a combustão até 2030. A França e a Espanha, por exemplo, projetam esta proibição para 2040. Mas o total de investimentos anunciado foi considerado insuficiente pelos partidos de oposição.

O plano de Johnson prevê um investimento público de 12 bilhões de libras (cerca de 85 bilhões de reais), com previsão de que o setor privado injete o triplo deste montante. A meta é que, ao final dos próximos 30 anos, as emissões de carbono líquidas sejam zeradas no Reino Unido.

Entre as medidas mais relevantes estão: aumento da capacidade eólica instalada em 300% até o final da década; ampliar investimentos em energia nuclear e na produção de hidrogênio; alocar 1 bilhão de libras (7 bilhões de reais) em projetos de isolamento térmico de residências e prédios públicos; 200 milhões de libras (1,4 bilhão de reais) em projetos de captura e estocagem de carbono; plantação de 30 mil árvores por ano; investir pesadamente em tecnologias para reduzir emissões do transporte aéreo; 2 bilhões de libras (14 bilhões de reais) para promover o transporte em bicicleta e caminhadas.

O Greenpeace do Reino Unido celebrou o final da comercialização de veículos poluentes para daqui a 10 anos, mas criticou em um comunicado as medidas de fomento à produção nuclear e de hidrogênio “à custa de combustíveis fósseis”.

Já o Partido Trabalhista, de oposição à coalização governista, declarou que “se trata de uma imitação pífia do que realmente necessitamos, com medidas requentadas; a França e a Alemanha disponibilizaram dezenas de bilhões de euros em planos similares”.

Carolina Lucas, deputada do Partido Verde condenou o plano de Johnson, classificando-o de insuficiente. “Parece mais uma lista de compras do que um plano para enfrentar a urgência climática, e envolve apenas uma fração dos recursos necessários”, declarou Lucas.

Hilary McGrady, presidente do National Trust considera o plano uma “plataforma fantástica” para a próxima conferência das partes, a COP 26, que deveria ocorrer no próximo mês em Glasgow, mas foi adiada para 2021 por causa da pandemia de Covid-19.

“A tecnologia sozinha não é capaz de reduzir emissões e restaurar a natureza. O governo deve seguir este caminho e se engajar de modo ambicioso para reduzir as emissões de carbono até 2030, conforme preconiza o Acordo de Paris”, disse McGrady.

Fontes:

https://www.courrierinternational.com/article/transition-le-royaume-uni-lance-sa-revolution-industrielle-verte

https://www.theguardian.com/environment/2020/nov/17/boris-johnson-announces-10-point-green-plan-with-250000-jobs

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