sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Clima: cenário otimista para 2100 pode se concretizar com neutralidade de carbono na China e nos EUA, diz estudo atualizado

Nova projeção, com base em anúncios de países compromissados em zerar emissões, indica possibilidade de limitar elevação de temperatura planetária ao final do século

Adaptado de imagem do relatório Global update: Paris Agreement turning point, do Climate Action Tracker, de dezembro de 2020

Um novo estudo do Climate Action Tracker (CAT), divulgado há poucos dias, considerou em suas projeções promessas recentes para a redução de emissões de um grupo expressivo de países, especialmente dos maiores poluidores do planeta, China e Estados Unidos. Os resultados indicam que o aquecimento global até 2100 pode se limitar a 2,1 oC, uma meta considerada otimista.

A atual modelização feita pelo CAT inclui declarações oficiais de chefes de estado de 127 nações, que se comprometem com metas de “neutralidade de carbono” para as próximas décadas. Juntos, esses países respondem por 63% das emissões planetárias.

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou em setembro deste ano na Assembleia Geral da ONU o objetivo de seu país em zerar as emissões líquidas de carbono até 2060. Já o presidente recém-eleito dos EUA, Joe Biden, declarou seu compromisso com um “plano climático” capaz prover ao país a neutralidade de carbono até 2050.

Entre outros anúncios que o CAT destaca, feitos em 2020 com o objetivo de zerar as emissões líquidas até 2050, estão o marco legal em prol do clima estabelecido em março pela União Europeia e, em novembro, as declarações de chefes de estado do Canadá, África do Sul, Japão e Coreia do Sul.

“Apesar de louváveis as metas de neutralidade de carbono para 2050, os governos devem adotar objetivos mais agressivos para 2030, de modo a reduzir as emissões remanescentes para uma elevação de 1,5 oC [no aquecimento global até 2100], ressalta o CAT em seu relatório técnico divulgado no último dia 1º de dezembro.

No documento Global update: Paris Agreement Turning Point (“Atualização Global: Ponto de Inflexão do Acordo de Paris”) o CAT exorta os países a fortalecerem suas Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDC, na sigla em inglês), “essenciais para garantir a neutralidade de carbono até meados do século”. O CAT recomenda, ainda, que os países detalhem seus planos de ação para alcançar as metas de neutralidade de carbono assumidas publicamente.

O Climate Action Tracker começou a analisar os efeitos dos compromissos e metas dos países em 2009, quando o aumento da temperatura planetária estimado era de 3,5 oC ao horizonte de 2100. Sua primeira constatação de melhora no panorama global foi em 2015, quando os governos começaram a anunciar seus compromissos para reduzir emissões. Com o Acordo de Paris sacramentado, a projeção do CAT para a redução do aquecimento passou para 2,7 oC.

Em seu relatório atual, o CAT destaca as diferentes projeções de aquecimento global para 2100 (figura): um aumento médio de 2,9 oC, no cenário em que prevaleçam as políticas atuais; + 2,6 oC, sob um cenário de compromissos com as metas assumidas desde 2009; + 2,1 oC, com os objetivos de neutralidade de carbono anunciados em 2020 por 127 países.

Já as promessas com metas assumidas pelos países desde 2009 implicariam em uma redução de 0,9 oC no aumento projetado para o final do século; uma redução que agora o CAT prevê que pode se ampliar para até 1,4 oC, com o cenário otimista criado pelos novos anúncios. O aumento da temperatura planetária desde a era pré-industrial até 2020 é estimado em 1,1 oC.

Fonte: https://climateactiontracker.org/documents/829/CAT_2020-12-01_Briefing_GlobalUpdate_Paris5Years_Dec2020.pdf

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