Nova subsidiária poderá impulsionar o avanço da bioeletricidade, da energia solar e da eólica, diz Lisboa.
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Em artigo publicado no último dia 3 no site do Canal Energia, o engenheiro da Cemig Alexandre Heringer Lisboa – um dos maiores especialistas do país em energia renovável – defende a criação da "Petrobras Renovável", uma subsidiária da petrolífera com atuação mais abrangente no setor de energias limpas.
Segundo o articulista, que foi um dos mentores do programa de energia do 2º governo Lula, a Petrobras é uma “fonte de fantástico potencial alavancador de emprego, renda e tecnologia” e deveria incorporar ao seu portfólio outras fontes renováveis de energia, além de biocombustíveis.
Para Lisboa, nada mais oportuno que aproveitar o sucesso dos recentes leilões de fontes renováveis promovidos pela EPE (Empresa de Pequisa Energética) e pela Aneel para consolidar dentro da economia nacional – via nova subsidiária da Petrobras – o avanço “da bioeletricidade, da energia solar e da eólica”.
Leia o atigo na íntegra, abaixo:
Petrobras Renovável - Por que criar essa empresa?
Por Alexandre Heringer Lisboa
Foi muito comemorada a excelente intenção do governo em liberar a Eletrobrás das exigências de contribuir para o superávit primário.
A injeção de grandes volumes de capital dessa empresa para investimento em infraestrutura do setor energético, que eram represados no caixa do governo federal, vai com certeza vitaminar o movimento de obras fundamentais ao nosso desenvolvimento com geração de empregos.
Elaborei artigo nesse sentido há cerca de um ano, em que enfatizei que essa liberação deveria ter como condição a aplicação em novos projetos e não em compra de ativos e pagamento de dívidas.
Mas outra fonte de fantástico potencial alavancador de emprego, renda e tecnologia precisa ser liberada. Falo da Petrobras, a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo, que têm fomentado novos projetos e impulsionando a economia brasileira, cumprindo com excelência seu papel social e motivo de orgulho nacional, principalmente por desenvolver dentro de nosso território uma alta tecnologia no setor.
A Petrobras pode, entretanto, fazer muito mais. Embora promova um grande leque de ações focadas na área ambiental e de sustentabilidade, o nome Petrobrás carrega em si uma forte conotação de empresa que lida com combustíveis fósseis e associativamente com poluição ambiental. Com a incorporação do pré-sal no seu portfólio, a empresa reforçou essa imagem.
Por outro lado, os projetos brasileiros na área de energia renovável e complementar como a eólica, pchs e biomassa, que tiveram um impulso considerável nesses oito anos de governo Lula, ainda têm um grande espaço a percorrer.
Apesar do sucesso dos últimos leilões de fontes alternativas, promovidos pela EPE e Aneel, provando a força dos grupos nacionais em empreenderem com rentabilidade essas fontes antes desdenhadas como a bioeletricidade, a energia solar e também a eólica, esse avanço precisa se consolidar dentro da economia nacional.
Apesar de questionável o conceito de “energia limpa”, uma vez que nenhum processo antrópico na natureza não deixe de impactar o meio ambiente, essas fontes, consideradas também como “energia verde”, têm incontestável apelo ambiental e possuem um enorme potencial energético ainda a ser explorado.
Nesse campo, a Petrobras poderia preencher uma lacuna e ainda atenuar muito seu conceito de empresa que explora uma energia tão ambientalmente contestada hoje em dia.
É dentro desse contexto que proponho a criação da Petrobras Renovável, que englobaria as funções da atual Petrobras Biocombustível e ainda incorporaria em seu portfólio a exploração dessas fontes renováveis complementares.
Também poderia trabalhar na área da eficiência energética, prestando serviços a outras empresas e ao próprio grupo Petrobras SA.
A Petrobras Renovável seria uma empresa que, além do papel de exploração comercial dessas fontes, poderia ser fomentadora e investidora em consórcios ou formar parcerias, contribuindo para a capitalização de empresas de tecnologia nacional.
Seria uma subsidiária integral da Petrobras S.A., com finalidade específica e com a autonomia necessária para buscar o lucro e sua própria sustentabilidade empresarial, sem onerar o contribuinte e a própria holding, mas ao mesmo tempo com finalidade social atrelada a uma política de aumento da participação da energia de fontes renováveis complementares.
Um questionamento que pode surgir é porque não uma Eletrobrás renovável? Simplesmente porque a Eletrobrás já tem como missão a exploração de fontes renováveis, de base hídrica, que corresponde a maior parte de nossa matriz energética e já atua como intermediadora em vários programas de energia renovável como o Proinfa e além de ter em seu portfólio a gestão do Procel.
Coloco na mesa a discussão. Como um militante e especialista há mais de 25 anos na área de energia solar e eólica e tendo a honra de participar da equipe que elaborou o programa de energia na Campanha Lula 2006, gostaria de fazer mais essa contribuição.
Fonte: http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?id=80745
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