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Apesar da forte desmobilização dos professores das IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) – caracterizada por assembleias esvaziadas – vai se formando um consenso, com auxílio da internet, sobre a necessidade de se paralisar as atividades para mostrar ao governo que merecemos um pouco mais de respeito.
A última greve de docentes das IFES foi há 7 anos. Em média, foram 3 meses de paralisação, causando irreparáveis perdas aos estudantes e ao país.
O fato é que, de 2005 pra cá, o salário dos professores mal acompanhou a inflação. Mesmo assim, a inclusão de mais uma “classe” na carreira (a de Professor Associado) – por acordo entre o governo e um dos sindicatos (Proifes) – trouxe uma perspectiva de ganho salarial para muitos que estavam no último nível acadêmico (Adjunto IV).
Diga-se de passagem, apesar da urgência em se prolongar a carreira então vigente dos professores doutores (de apenas 6 anos), o mecanismo criado foi altamente injusto com os que haviam se aposentado antes da nova classe entrar em vigor.
Um enorme contingente – que dedicou 30, 35 anos ao magistério federal e passou vários anos no topo da carreira antes de se aposentar – hoje tem proventos bastante defasados em relação ao que deviam receber (o critério da “paridade”), por conta do nefasto artifício instituído pelo governo com o aval do Proifes.
Por outro lado, a artimanha foi usada pelo governo como um eficiente dispositivo para limitar o gasto público, já que o desembolso para custear os salários dos professores que ingressassem na classe de Associado se daria de forma gradual, sem grande impacto imediato na folha de pagamento.
Em agosto próximo faz 2 anos que o governo apresentou uma nova proposta de carreira para os docentes das IFES. Pode-se considerar a data como um marco das negociações pós-2005.
A ideia central do novo plano é incontestável: prolongar a carreira do professor doutor (dos atuais 14 anos) para 20 e poucos anos. Mas a proposta em questão não difere muito da fórmula aplicada para estancar a última greve e foi prontamente rechaçada pelos dois sindicatos da categoria, Andes e Proifes. Além de não contemplar aposentados, o projeto de nova carreira do governo continha graves distorções e dificilmente poderia prosperar com o aval dos sindicatos.
Mas ao mesmo tempo em que se mostrava irredutível em sua proposta original, o governo se dizia “aberto ao diálogo”. E acabou acertando com os canais sindicais um interminável “calendário de negociações”, com prazo vencido no último dia 31.
Às vésperas do segundo aniversário desde a primeira reunião entre sindicato e governo, algum avanço? Míseros 4% em caráter “emergencial” (a partir de março de 2012), enviados ao Congresso na forma de projeto de lei.
E qual a razão desse descaso do governo com uma das categorias mais qualificadas e mais mal remuneradas do serviço público federal? Entre outras razões, há fortes indícios que apontam para a inépcia de nossos representantes sindicais.
Não são poucas as manifestações “das bases”, especialmente via internet, de descontentamento com a postura de nossos dirigentes em relação às “negociações” com o governo. Chegam a lembrar os “pelegos”, sindicalistas cooptados pelo governo militar durante a ditadura.
A verdade é que ninguém sabe ao certo a que vieram os atuais dirigentes do Andes e Proifes. São atrelados ao PT, colaboradores incondicionais do governo? Paladinos escamoteados da “política anti-gasto público” defendida pela grande mídia?
Por que a obstinação em somar esforços com o conjunto dos servidores federais e, assim, fazer o jogo do governo (que há muito tempo nada concede de forma “generalizada”)?
Por que pretender a todo custo unificar as carreiras (EBTT e MS), quando o que importa de fato é que haja equivalência salarial e de progressão acadêmica, a partir de duas novas e motivadoras carreiras?
Por que defender a exclusão do cargo de Professor Titular, fazer deste ponto “cavalo de batalha”, quando menos de 10% dos professores federais detém este cargo?
São muitas perguntas e nenhuma resposta. Na verdade, há sim uma resposta em gestação. Os professores começam a se mobilizar e, em algumas universidades, já aprovaram um "indicativo" de greve para o próximo mês.
Já são 16 instituições que podem paralisar suas atividades a partir de 15 de maio: UFPR, UFPB, UFAM, UFMT, UFMA, UFS, UFAL, UFMS, UFC, UNIR, UFSM, UFPI, UFU, UNIVASF, UFV e UTFPR.
A greve é sem dúvida o último recurso a ser considerado, mas no atual contexto parece a única alternativa que resta aos professores federais.
Boa, Pralon. Os professores precisam ficar atentos às negociações dos sindicatos na calada da noite, porque nem sempre esses acabam refletindo o real interesse da categoria. E alunos e sociedade em geral precisa assumir para si também essa causa.
ResponderExcluirÉ uma pena que as reivindicações mais do que justas dos professores tenham que ser "ouvidas" desta maneira. Vamos torcer que sejam atendidas num prazo hábil para que o semestre nao seja prejudicado como na última grande greve. Boa sorte bro!
ResponderExcluirAqui na minha Instituição tivemos um colega servidor administrativo na carreira de nível médio a 15 anos na Instituição, que foi aprovado para a carreira docente. Depois de entregar toda a documentação para a posse, acabou desistindo, depois que viu o salário. Ele disse que perderia de imediato, em torno de 30% em relação ao seu salário atual. Este servidor não tem nada incorporado e não ocupa nenhum cargo de chefia atualmente.
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