Ciclo da água e turbina eólica que
condensa umidade do ar. Volume de água contida na atmosfera terrestre é
estimado em 13 mil km3. Adaptado de
http://www.eolewater.com/gb/our-products/our-expertise.html
Muitas tecnologias “imitam” a natureza. Dessa vez, a genialidade humana criou um dispositivo capaz de reproduzir o fenômeno chuva e, assim, obter água potável de sem agredir o meio ambiente.
O
equipamento – que utiliza a força do vento – além de produzir água
pura, gera energia. A revolucionária tecnologia é de origem francesa e foi patenteada internacionalmente em 2005 por Marc Parent, fundador da
empresa Eole Water.
Tem
capacidade para produzir diariamente 230 litros de água em climas com umidade
relativa (UR) baixa (30%), 1.000 litros em atmosferas com UR moderada (60%) e 1.500 litros em zonas costeiras (UR = 70%).
Esses
dados se referem a um modelo de aerogerador de 30 kW, sob ventos com velocidade
média de 10 metros por segundo e foi projetado para atender comunidades
isoladas, com populações entre 500 e 5 mil pessoas.
Um
modelo menor, de 5,5 kW, capaz de produzir de 57 a 232 litros/dia (dependendo
do clima) deve estar comercialmente disponível ainda este ano. Sua vantagem é a
de poder atender pequenos proprietários ou consumidores individuais.
A água doce produzida com a turbina eólica – assim
como aquela obtida com destiladores e outras tecnologias de dessalinização – é carente de sais minerais e, para ser apropriada ao consumo humano, deve ser
remineralizada. A Eole Water dispõe de cartuchos remineralizantes, que custam
entre 20 e 45 euros e podem durar entre 3 e 6 meses, dependendo do modelo da
turbina e a intensidade de uso.
Neblina ao redor de montanhas no
Deserto de Atacama, Chile
http://issuu.com/matteeditores/docs/aguas_antofagasta
Se
por um lado a atmosfera terrestre é um gigantesco reservatório de água doce,
por outro, mais de um bilhão de pessoas no mundo não tem acesso à água potável, segundo a Organização Mundial da
Saúde. A cada ano, 1,8 milhão de crianças morrem por falta de água limpa e 2,2
milhões de pessoas morrem de diarreia causada por água contaminada.
Há milhares de anos, os habitantes do deserto já desenvolviam técnicas engenhosas de captação de água para atender suas necessidades de sobrevivência. Nas costas montanhosas do Mediterrâneo, a condensação de neblinas era usada para irrigação no cultivo de árvores frutíferas.
Há milhares de anos, os habitantes do deserto já desenvolviam técnicas engenhosas de captação de água para atender suas necessidades de sobrevivência. Nas costas montanhosas do Mediterrâneo, a condensação de neblinas era usada para irrigação no cultivo de árvores frutíferas.
Nas
ilhas de Cabo Verde, era comum o uso de certas plantas para condensar neblinas;
há registro de que enormes lírios superpostos em cascata produziam diariamente
entre 200 e 600 litros de água doce.
No
deserto mais árido do mundo – o de Atacama, no norte do Chile – um
conjunto de uma espécie de vela (atrapa-nieblas),
desenvolvida por universidades locais nos anos 1980, chegava a captar das
névoas 12 mil litros de água por dia, que abasteciam uma comunidade de 450
pessoas.
“Atrapa-nieblas” instalados em
Chañaral, Deserto de Atacama, Chile
http://www.flickr.com/photos/cruz_fr/3349250913/
No aerogerador que produz água, o ar carregado de umidade é aspirado pela turbina, pressurizado em um compressor, onde a água é condensada e, em seguida, transferida para um tanque de armazenamento. Trata-se de um eficiente método de produção de água doce, especialmente em áreas remotas e desérticas.
Além de não causar impacto negativo ao meio ambiente, o custo da água potável produzida com tecnologia eólica é cerca de 50% daquele
da água obtida por métodos tradicionais, diz o diretor-presidente da Eole Water, Marc Parent.
Outra
vantagem é que
a produtividade da “água eólica” é bem superior à da dessalinização, método
corrente de obtenção de água doce a partir da água do mar ou de fontes salobras.
O principal mercado visado pela Eole Water são
países do Oriente Médio, como os Emirados Árabes, com o qual a empresa fechou vários
contratos para instalação de unidades piloto. A Eole Water faturou 2 milhões de euros em 2011, valor que deve quintuplicar em 2012.
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