segunda-feira, 22 de abril de 2013

Energia eólica x nuclear no Brasil: fator de escala

Para suprir a energia gerada por Angra 1, 2 e 3, parques eólicos ocupariam uma área quase 3 vezes maior que a do Rio e São Paulo juntas 

http://fr.123rf.com/photo_15153064_plusieurs-eoliennes-pour-une-energie-propre-et-renouvelable-contre-l-39-energie-nucleaire-et-sa-poll.html 

Em fevereiro, foram divulgados pela Aneel dados atualizados da matriz elétrica brasileira, sua composição em termos de fontes de energia e tipo de tecnologia usada na geração. 

No final de 2012, a capacidade instalada total registrou 121,1 GW; em números redondos: 80 GW de usinas hidrelétricas, 33 GW de termelétricas, 4,3 GW de pequenas centrais hidrelétricas (PCH), 2 GW de usinas nucleares e 1,8 GW de parques eólicos.

Em 2016, deve entrar em operação uma nova usina nuclear (Angra 3), com capacidade de 1,35 GW. No ano passado, o governo britânico anunciou a construção de uma nova usina nuclear (Hinkley), algo que não acontecia no Reino Unido há quase 20 anos. 

Em artigo publicado no site theenergycollective, Robert Wilson conclui que, para gerar a mesma potência prevista para a usina de Hinkley (com 2,6 GW, em 1,7 km2), seria necessário instalar parques eólicos em uma área de 1.200 km2, quase igual à de Londres e periferia, a Greater London.

Ele usou valores para o “fator de capacidade” (razão entre a potência gerada e a capacidade instalada) de 85% para a geração nuclear e 35% para a eólica, referente ao parque offshore London Array (630 MW), instalado em 100 quilômetros quadrados na costa inglesa. 

Qual seria a área ocupada por parques eólicos no Brasil para se ter uma capacidade de geração igual à das usinas Angra 1, 2 e 3 juntas? Uma capacidade total de 3,15 GW.

Para saber, vamos considerar um fator de capacidade eólica de 31%, valor médio dos parques do Sul e do Nordeste, e um fator de capacidade nuclear de 82%. Este último, baseado nos valores médios verificados nos períodos 1997-2009 (Angra 1) e 2001-2009 (Angra 2). 

Tomando como referência os 130 km2 do Parque Eólico de Osório (RS), o maior do Brasil (com 150 MW), a área total necessária para se gerar com ventos a energia produzida pelos reatores de Angra dos Reis seria de 7.680 km2. 

Uma área 2,84 vezes maior que a soma das áreas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo que apenas 5% do terreno seja permanentemente ocupado pelas instalações eólicas, daria uma superfície 20% maior que a área urbana de Curitiba.

Complexo nuclear de Angra dos Reis, que terá em 2016 uma capacidade instalada capaz de fornecer energia para metade do estado do Rio de Janeiro http://multimidia2.wordpress.com/2009/11/19/brasil-planeja-construir-usinas-nucleares-nos-proximos-anos/
Comparando esses números com os do caso britânico, vemos que nossa hipotética usina eólica terrestre (onshore) demanda 6 vezes mais superfície do que se a mesma fosse instalada no mar. A menor área da usina offshore se explica pelo fato de que no mar os ventos sopram mais forte, gerando uma potência maior (bem maior, já que a mesma é proporcional ao cubo da velocidade do vento).

Isto significa que a área necessária para abrigar os equipamentos eólicos – capazes de suprir a mesma potência da energia nuclear brasileira em 2016 – cai para 1.280 km2, e já não cabe compará-la com áreas urbanas. Temos um gigantesco oceano e nossas maiores cidades ficam próximas do litoral.

Um estudo realizado na Universidade de Delaware (EUA) pelo pesquisador brasileiro Felipe Pimenta mostra que nosso potencial eólico offshore é de 102 GW, ou 84% de toda a capacidade elétrica nacional.

A questão é se haveria viabilidade econômica para inserção dessa tecnologia no Brasil. Uma tecnologia que requer maiores custos de instalação e manutenção, o que fatalmente elevaria o preço final do kWh a um valor proibitivo. Por enquanto, pelo menos. 

Embora o fator de escala coloque a energia eólica em uma posição amplamente desfavorável frente à nuclear, inúmeros outros aspectos devem ser considerados em uma análise comparativa. Vamos a alguns deles.

A energia dos ventos é limpa e renovável, o que não se pode dizer da energia do átomo. A fissão nuclear produz resíduos radiativos altamente nocivos ao meio ambiente e à saúde humana, dejetos não recicláveis que vão se acumulando e, obviamente, precisam ser armazenados com extremo cuidado.

Enquanto os custos (cada vez maiores) dos sistemas de segurança operacional das usinas nucleares tendem a encarecer o preço final do kWh, a vantagem ambiental da geração eólica pode justificar o preço mais alto da energia produzida. 

Fonte: http://theenergycollective.com/robertwilson190/200741/nuclear-vs-wind-energy-UK?utm_source=hootsuite&utm_medium=twitter&utm_campaign=hootsuite_tweets

Nenhum comentário:

Postar um comentário