Amostra
de gelo coletada na Antártica (FOTO: Reidi Roop) http://www.carbonbrief.org/blog/2013/04/scientists-reconstruct-2,000-year-temperature-history-continent-by-continent
O
que troncos de árvore, pólen, corais e gelo têm a ver com mudança
climática? São eles que fornecem os vestígios que os cientistas necessitam para
reconstruir a história do clima da Terra.
A
revista Nature Geoscience publicou ontem
o mais completo estudo já feito sobre a evolução da temperatura do planeta. Um grupo de 78 cientistas de 24 países mapeou a evolução da temperatura global
e em sete regiões continentais nos últimos 2 mil anos.
Os
primeiros registros de temperatura remontam ao final do século XVII. Daí a
importância de se buscar na natureza elementos que forneçam informações
sobre o clima passado, em um espaço de tempo bem mais longo. Os modelos climáticos são validados graças a essas
informações.
No
novo estudo, em que mais de 500 desses vestígios (sedimentos oceânicos, anéis
de árvores, pólen fossilizado, corais e gelo polar) foram analisados, os cientistas traçaram
a “rota” da temperatura nos dois últimos milênios.
Eles
encontraram temperaturas médias com variação similar em todos os continentes,
mas também – dependendo do período observado – grandes disparidades regionais. Nos
2 mil anos analisados foi constatada uma tendência de longo prazo ao resfriamento
global até o século XIX, exceto na Antártica.
Embora
de caráter global, o resfriamento atmosférico evoluiu muito lentamente; variou
de 0,1 a 0,3 ºC por milênio, conforme a região. Enquanto na Europa a temperatura
durante o Ótimo Climático Medieval (período entre 830 e 1.100) foi quase tão
alta quanto aquela observada no século XX, o mesmo não ocorreu na América do
Sul.
O
principal objetivo do projeto PAGES (Past
Global Changes) – que permitiu esse amplo estudo – é melhorar a compreensão
de como o clima evoluiu no passado em escala regional e até local, possibilitando
um refinamento das projeções de temperatura, de modo a “regionalizar” eventuais
impactos da alteração climática.
“Esta
variabilidade do clima [em nível continental] é sem dúvida mais relevante para
ecossistemas e sociedades do que condições médias globais”, diz Heinz Wanner,
professor da Universidade de Berna (Suíça) e um dos participantes do PAGES.
Saber
com riqueza de detalhes como variou no passado a temperatura da Terra ajuda os
cientistas a “separar” os efeitos (sobre o clima global) da atividade humana daqueles resultantes de
flutuações naturais, como variações da órbita terrestre, intensificação de
atividades vulcânicas e erupções solares.
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