quinta-feira, 18 de abril de 2013

Produção mundial de energia é tão suja quanto há 20 anos, diz AIE

Quantidade de CO2 emitida hoje por kWh gerado caiu menos de 1% em relação a 1990; ‘culpa’ do carvão 

Carvão queimado em termelétricas chinesas seria um dos ‘vilões’ que impedem avanço de fontes limpas na matriz energética global (FOTO: Reuters/Sheng Li) http://www.lemonde.fr/planete/article/2012/12/18/le-charbon-premiere-energie-mondiale-d-ici-dix-ans_1807759_3244.html

Apesar do forte investimento em energias renováveis nas duas últimas décadas, a participação de fontes limpas na matriz energética planetária estagnou-se. A conclusão está no relatório "Marcando os avanços da energia limpa", da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado ontem. 

A principal razão foi o aumento considerável da produção de energia – responsável por cerca de 60% das emissões totais de gases poluentes – e a consequente intensificação do uso de termelétricas a base de carvão mineral.

Enquanto “o índice de intensidade de carbono do setor energético” (indicador de quanto CO2 é emitido para gerar uma unidade de energia) recuou 6% de 1971 a 1990, desde então permanece praticamente estagnado, apesar do engajamento ambiental de vários países, resultante da Conferência do Rio (1992) e do Protocolo de Quioto (1997). 

Sem falar no boom de tecnologias limpas, verificado na última década. A inércia do avanço de fontes renováveis na matriz energética global é revelada em números sobre emissões de carbono: 2,39 toneladas de CO2 por tonelada equivalente de petróleo (tCO2/tep) em 1990; 2,37 tCO2/tep em 2010. 

A situação atual “reflete o domínio contínuo dos combustíveis fósseis – principalmente o carvão – entre as diversas fontes energéticas e o ritmo lento do avanço das tecnologias limpas”, declara a diretora da AIE Maria van Hoeven. 

Em dezembro de 2012, a AIE indicava em um relatório que até 2017 o carvão – maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa – se igualaria ao petróleo como maior fonte de energia, e até 2023 o ultrapassaria. No ano passado, a China sozinha respondeu por 46% de todo o consumo de carvão mineral. 

Os maiores ‘culpados’ seriam os países do BRICS, exceto o Brasil, mas principalmente a China, “e também países da Europa que apresentam dificuldades para se privar do carvão, apesar das preocupações ambientais”, diz o documento da AIE. 

O relatório da agência internacional coincide com a publicação de dados sobre investimentos em tecnologia limpa e eficiência energética, que mostram uma redução de 22% nos últimos 12 meses. 

A queda reflete os efeitos de incertezas políticas em grandes mercados de energias renováveis, como Estados Unidos e Alemanha. O estudo é da consultoria Bloomberg New Energy Finance (BNEF). 

“Para que se cumpram as metas de redução das emissões de carbono, é necessário que o nível de investimento atual em energias limpas seja duplicado até 2020”, assegura Michael Liebreich, diretor da BNEF. 

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