segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Quanto se desmatará nos próximos quatro anos?

De olho em 2014, Marina Silva e PV parecem ignorar esta e outras questões ambientais de “curto prazo”.

 http://www.flickr.com/photos/leonardo_ramalho/

A declaração de neutralidade da candidata verde e de seu partido revela uma falta de “pragmatismo ecológico” que só se explica com base em um projeto político que visa prioritariamente à conquista do poder, em detrimento da causa ambiental.

No mesmo diapasão do 1º turno, segue Marina com seu discurso “politicamente correto”, no qual não há lugar para preocupações ambientais “imediatas”. Senão vejamos...

Como mostra o estudo de um pesquisador do IPEA sobre os resultados das eleições no 1º turno, a candidata verde "foi severamente punida nas urnas” em localidades mais susceptíveis ao desmatamento em grande escala (vide post anterior).

De acordo com o autor do estudo, Antonio Lassance, Marina perdeu feio para Dilma e Serra com ampla vantagem do tucano em municípios de uma vasta área que vai desde o seu rincão natal (Acre) até o Maranhão, onde predominam atividades madeireiras e o agronegócio predatório, uma extensão territorial denominada Arco do Desflorestamento (mapa).

http://www.expedicoes.tv/fotos/arcodesflorestamento01_gr.jpg&imgrefurl=

Apesar da redução importante do desflorestamento nos últimos anos inclusive com a participação decisiva de Marina enquanto ministra de Meio Ambiente, e seu reconhecimento da eficácia das ações mesmo após deixar o cargo esse avanço do governo Lula foi negligenciado pela candidata verde, ao decidir não apoiar no 2º turno nem Dilma nem Serra.

Com sua visão "moralista" da política, Marina ratifica o que dissera no 1º turno, colocando os dois concorrentes em pé de igualdade: “Dilma e Serra são pessoas competentes com perfil gerencial”. Ou seja, ela não distingue os modelos de política ambiental que cada uma dessas candidaturas representa.

Ao declarar “neutralidade”, Marina e o PV estão omitindo o que sabem perfeitamente: a candidatura Serra é apoiada fortemente em regiões com altos índices de desmatamento porque, na prática, um governo tucano seria mais permissivo à expansão predatória das fronteiras agropecuárias.

Isto sem falar na questão do trabalho escravo naquelas localidades. Enquanto nos oito anos de governo FHC resgatou-se dessa condição pouco mais de 700 trabalhadores/ano, com Lula essa taxa foi seis vezes maior.

Felizmente – para o meio ambiente ao que tudo indica (de acordo com os principais institutos de pesquisa), pelo menos metade dos votos sufragados à Marina devem migrar para Dilma em 31 de outubro. Certamente, de eleitores com maior consciência ecológica.

A depender de Marina Silva e de seu partido, a natureza que espere a chegada deles ao poder.

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