Medições em canaviais paulistas revelam liberação de óxido nitroso abaixo do que previam cientistas internacionais
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O óxido nitroso (N2O) – gás de efeito estufa quase 300 vezes mais deletério do que o gás carbônico (CO2) – é um importante componente para a química da atmosfera. Uma das fontes para a formação deste gás são os fertilizantes nitrogenados usados na agricultura.
Contrariando a previsão de cientistas liderados pelo holandês Paul Crutzen (Prêmio Nobel de Química em 1995), os resultados de um estudo de campo feito por pesquisadores brasileiros mostram que as emissões de N2O em canaviais não são tão altas.
Os resultados da pesquisa coordenada por Janaína Braga do Carmo – engenheira agrônoma da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, Campus Sorocaba) – são importantes porque comprovam que os impactos ambientais em lavouras destinadas à produção de biocombustível são bem menores do que previam alguns estudos.
O Brasil, maior produtor mundial de cana de açúcar, registrou no ano passado uma produção de quase 600 milhões de toneladas da planta e cerca de 20 bilhões de litros de etanol.
O estudo liderado pela UFSCar mostrou que nos canaviais paulistas o “fator de emissão” (relação entre a quantidade de nitrogênio liberado para a atmosfera em forma de gás e a quantidade de nitrogênio retida no solo pela adubagem com fertilizantes nitrogenados) foi de 0,68%.
A taxa pode chegar a 3% em áreas adubadas com vinhaça e com grande volume de palha acumulada no solo após a colheita. Vinhaça (ou vinhoto) é um resíduo da destilação fracionada do caldo de cana fermentado, no processo para obtenção do etanol.
Segundo prognóstico de Crutzen, os fatores de emissão de N2O em culturas destinadas à produção de biocombustíveis seriam superiores a 3%, podendo alcançar 5%, o que causaria alterações no clima do planeta, diz a pesquisadora da UFSCar, Janaína do Carmo.
Os resultados do estudo de campo em canaviais brasileiros se aproximam mais à previsão de pesquisadores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), que estimaram um fator de emissão de N2O de 1%.
Constam do artigo “Infield greenhouse gas emissions from sugarcane soils in Brazil: effects from synthetic and organic fertlilizer applications and crop trash accumulation”, publicado no Global Change Biology Bioenergy online, em 26.7.12.
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