terça-feira, 9 de outubro de 2012

Muito além da pedofilia: práticas de sadismo eram comuns em internatos católicos suíços, diz estudo

Religiosos não só abusavam sexualmente dos internos, mas aplicavam corretivos com requintes de crueldade comparável à tortura

Adaptado de www.gover.cl/

Em educandários mantidos pela Igreja Católica na região central da Suíça imperava a ‘pedagogia do terror’, que incluía todo tipo de violência física e psicológica contra os alunos: estupro, privação, humilhação, sessões de afogamento, socos e pontapés. "Deslizes de conduta", como fazer xixi na cama ou beber água fora de hora, eram punidos com desmedida brutalidade.

É o que diz o relatório final – divulgado no último dia 3 – de um estudo encomendado pelo governo regional daquele cantão, elaborado por pesquisadores da Alta Escola Pedagógica de Lucerna (PHZ, em alemão).

Em 2008, um estudo sobre o mesmo tema foi encomendado pela Igreja, cujos resultados foram divulgados também agora e confirmam os da PHZ. A publicação dos relatórios foi acompanhada de um pedido de desculpas da Diocese de Bale.

Segundo o coordenador do estudo da PHZ, Markus Furrer, já se sabia dos casos de violência entre muros nos internatos, só não se imaginava a sua real dimensão. Milhares de crianças, meninos e meninas, eram sistematicamente seviciadas; seus algozes, freiras, diáconos e padres.

Quinze internatos católicos foram alvo do estudo, que centrou suas investigações no período entre 1930 e 1970. A cada ano, ingressavam nesses estabelecimentos entre 500 e 750 alunos, a maioria de origem humilde. A pesquisa teve como suporte os depoimentos de 54 ex-alunos.

Os relatos foram “amplamente negativos”; muitos dos entrevistados carregaram por toda a vida os traumas deixados pela violência dos seus educadores, sofreram depressão, outros se suicidaram, diz o relatório da PHZ.

O professor de Teologia da Universidade de Lucerna, Markus Ries – responsável pelo estudo encomendado pela Igreja – recomendou aos seus dirigentes “identificar os culpados pelos abusos”, já que os mesmos até hoje não foram interrogados; a maior parte deles permanece anônima ou já faleceu. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário