Açude nas
proximidades de Teixeira-PB (FOTO: Sara Rao)
No
dia do santo mais venerado entre agricultores nordestinos, choveu no
sertão paraibano muito acima da média: 203 mm. Um alento para os
habitantes da região, que frequentemente sofrem com a seca.
Para
o professor da UFAL e especialista em meteorologia, Luiz Carlos Molion, a
crença do sertanejo em São José “tem uma ponta de fundamento científico”, como
afirmou em entrevista ao jornal Correio da Paraíba.
Fenômeno
bem familiar aos cientistas do clima, a Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT) seria o grande responsável pelas chuvas que ocorrem nessa época do ano, “principalmente
na parte norte da região Nordeste”, disse Molion.
“Em
uma área situada paralela à linha do Equador, ventos do hemisfério Sul
interagem com os do hemisfério Norte, causando chuva em Estados como Piauí,
Rio Grande do Norte, Ceará e algumas regiões da Paraíba”, explicou o doutor em
Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA).
Este
fenômeno se desloca da região equatorial e atinge boa parte do território
nordestino – áreas situadas em até 3 graus de latitude Sul – coincidindo
justamente com o dia de São José e prenunciando as chuvas de inverno, afirmou
Molion.
O
triunfo das águas neste dia de São José confirma o que a meteorologia já
previa: um inverno com 20% a mais de chuvas que a média, especialmente no norte
da região Nordeste. Isto porque este ano a ZCIT deve ser mais intensa do que
nos dois anos anteriores.
Já
na parte leste do Nordeste, a zona costeira onde ficam as capitais, como João
Pessoa, a intensidade das chuvas deve ficar dentro da normalidade, destacou o
professor da UFAL.
Segundo
Luiz Carlos Molion, até 2019 devem ocorrer períodos anuais de
seca intensa alternados com outros mais chuvosos. Um cenário de “configurações climáticas
globais” semelhante ao observado na década de 50, quando o semiárido brasileiro
amargou 11 anos de estiagem.
Enquanto
falta água nos rincões mais isolados do Nordeste, na capital paraibana quase
40% de toda a água tratada (20 bilhões de litros por mês) jorra por vazamentos
ou ligações clandestinas. Os dados são da Companhia de Água e Esgotos da
Paraíba (Cagepa).
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