Dispositivo
Oyster 1, fabricado pela Aquamarine Power, em testes desde 2009 na costa norte
da Escócia (FOTO: flickr/aquamarinepowerltd) http://www.connaissancedesenergies.org/fiche-pedagogique/energie-houlomotrice-ou-energie-des-vagues
Perturbações
causadas pelo vento, e que podem propagar-se por longas distâncias mar adentro,
representam uma fonte de energia inesgotável, ainda sem exploração comercial.
A
conversão da energia das ondas em eletricidade pode se dar na superfície (por ondulação) ou sob a água
(por translação, variação de pressão ou retenção de massa).
As
técnicas de captura existentes ou em estudo podem ser classificadas em 6
grandes sistemas, mostrados esquematicamente na figura abaixo.
Seis técnicas para se extrair
energia das ondas: (a) cadeia flutuante articulada, (b) parede oscilante
submersa, (c) coluna de oscilação vertical, (d) coletor de pressão submerso,
(e) pistão de coluna de água, e (f) armadilha de água inundada. http://www.connaissancedesenergies.org/fiche-pedagogique/energie-houlomotrice-ou-energie-des-vagues
A
“cadeia flutuante articulada” – ou “serpente do mar” – (a) normalmente é composta por
mais de dois módulos. Um exemplo de realização é o protótipo Pelamis, de 750 kW
de potência, testado inicialmente em Portugal. São 5 flutuadores articulados,
com 4 m de diâmetro, 180 m de comprimento total e 1.350 toneladas de peso.
A
“parede oscilante submersa” (b) é um sistema articulado que capta a energia das
ondas e a transforma em movimento orbital para acionar bombas, que comprimem um
fluido que, por sua vez, aciona uma turbina hidráulica.
Com
base nesta técnica, protótipos Oyster foram desenvolvidos pela Aquamarine
Power e testados na Escócia: o Oyster 1 (foto), com 300 kW, e o Oyster 2 com
2,4 MW.
A
“coluna de oscilação vertical” (c) é sustentada por uma estrutura flutuante;
conforme passam as ondas, movimentos verticais são gerados e transformados em
energia mecânica para comprimir um fluido. Desenvolvido a partir de 1999, vem
sendo testado na costa da Irlanda desde 2006.
Já
o “coletor de pressão” (d) tem sua base no fundo do mar. Ele utiliza o movimento orbital
das ondas para comprimir um fluido hidráulico. O coletor mais simples é um
balão, que pode ser associado “em rede”: o fluido comprimido é transportado
para estações terrestres onde é turbinado para gerar eletricidade.
É
a técnica usada nos protótipos australianos CETO, desenvolvidos pela
Carnergie. O modelo CETO III, em fase de comercialização desde 2009, vem sendo
testado pela Electricité de France (EDF) na ilha de La Réunion.
A
“coluna de água” (e) dispõe de uma estrutura flutuante, em aço ou concreto, aberta
na base e fechada no topo. O movimento das ondas faz subir e descer o nível da
água na coluna, comprimindo ar que se expande numa turbina gerando energia
elétrica. O protótipo Oceanlinx (de 450 kW), desenvolvido na Austrália, utiliza
esta técnica.
A
“armadilha de água inundada” (f) é um dispositivo que captura água da crista das
ondas, criando uma supressão no reservatório. O volume de água aprisionado é comprimido e, em seguida, expandido numa turbina hidráulica. O
protótipo Slot-Cone Generator (SCG), da Wave Energy, baseia-se nesta técnica. O SCG encontra-se em testes na Noruega.
Como
essas alternativas tecnológicas ainda estão em fase de P&D, é difícil
estimar o custo que terão quando estiverem comercialmente disponíveis.
A France
Énergies Marines avalia que os parques de energia das ondas instalados próximos
do litoral, com potências entre 30 e 50 MW, só poderão competir no mercado
quando o seu custo se nivelar ao de parques “hidrolianos” (de 200 a 250 euros por
MWh).
Em
relação aos parques instalados mais longe das costas, estudos apontam o
horizonte de 2020, para que a produção de energia das ondas entre em escala
industrial.
Estima-se
que mais de 150 modelos de sistemas de energia que exploram as ondas estão
sendo testados em todo o mundo há mais de 10 anos, sob condições reais de
operação.
A
França se destacou nos últimos anos pelo forte investimento em tecnologias de aproveitamento
da energia das ondas. Em
parceria com a finlandesa Fortum, o grupo DCNS desenvolve um parque piloto –
baseado na tecnologia “WaveRoller” – na baía de Audierne, famosa por suas ondas
gigantescas.
O
sistema WaveRoller, desenvolvido pela AW Energy, já foi testado em águas de
Peniche (Portugal), onde as ondas do Atlântico se propagam livremente.
Trata-se
de um painel gigante, de 10 m de altura e centenas de toneladas, instalado em
solo marítimo de baixa profundidade. Impulsionado pelas ondas, o painel oscila em
torno de um eixo articulado. O
movimento do painel aciona um pistão, que comprime um fluido cuja pressão é
transferida a uma turbina. Sua potência pode alcançar 1 MW.
O
projeto pioneiro para a baía de Audierne prevê um parque WaveRoller com 5
máquinas, totalizando 1,5 MW de capacidade instalada. Está em fase de estudo de
factibilidade e deve entrar em operação em 2017.
“Qual
o impacto das ondas que atingem as máquinas da frente sobre as de trás? A
avaliação deste efeito é crucial para se otimizar a disposição geométrica do
parque, em função do espaço disponível”, destaca Sylvain de Mullenheim,
vice-presidente da DCNS Ocean Energy Business Unit.
Mullenheim
acredita que a tecnologia WaveRoller poderá ser aplicada a inúmeras localidades
próximas da costa. Embora ainda não haja estudos de mercado, seu potencial no
mundo “é gigantesco, da ordem de centenas de giga watts”, concluiu.
Fontes: http://www.connaissancedesenergies.org/fiche-pedagogique/energie-houlomotrice-ou-energie-des-vagues
Le Journal des
Énergies Renouvelables No 223,
setembro-outubro 2014
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