Projeto da Gigafactory Tesla, em Nevada (EUA), 100% alimentada por energia renovável, prevista para produzir 50 GWh de baterias para 500 mil carros, a partir de 2020
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Desde 2017
que a supremacia do mercado solar fotovoltaico foi para as mãos dos chineses.
Os 10 maiores fabricantes mundiais de painéis solares estão na Ásia, 90% deles
na China.
Até então
campeões da produção de dispositivos fotovoltaicos, os gigantes europeus não
param de decretar falência nos últimos dois anos.
No entanto,
a Europa continua líder no plano das tecnologias de ponta, sem falar na
vantagem de se produzir onde está o mercado consumidor, já que a participação dos
custos de transporte na cadeia produtiva tem pesado cada vez mais.
Analistas do
setor avaliam que as potenciais vantagens logísticas e econômicas dos
fabricantes europeus, aliadas a uma realocação da produção, podem alavancar o
setor no velho continente.
Nesse
contexto, surgem as Gigafactories,
megaconsórcios nacionais ou multinacionais de fabricantes, visando otimizar as
diferentes etapas de produção na cadeia de valores do solar fotovoltaico.
O grande
desafio é fomentar a criação de Gigafactories,
sem contar com subsídios dos Estados europeus. No final de 2018, o ministério
da Economia e da Energia da Alemanha anunciou um aporte financeiro de 1 bilhão
de euros a uma Gigafactory formada
por 16 fabricantes nacionais.
O anúncio deixa
uma dúvida crucial no meio de especialistas. Em editorial de sua mais recente publicação
do Journal du Photovoltaïque – Rede e
Autoconsumo, o Observatoire de Énergies
Renouvelables questiona o fato da referida Gigafactory estar voltada exclusivamente para a produção de baterias,
ao invés de itens mais nobres da cadeia de valores, como wafers, células e módulos fotovoltaicos.
O mesmo editorial
assinala a aparente contradição entre o subsídio do governo alemão e as
diretrizes da Comissão Europeia, contrárias à intervenção estatal na economia.
E também a falta de um projeto conjunto entre França e Alemanha -dois dos países
que mais detém knowhow na área- nos
moldes da Gigafactory Tesla (imagem de capa).
As perspectivas
do mercado fotovoltaico europeu para os próximos 4 anos não são muito
animadoras. Entre o pior cenário e o melhor, parece razoável que em 2022 o
setor volte ao nível de 2011 -o melhor da década-, quando a capacidade
instalada anual chegou a pouco mais de 22 GW (figura abaixo).
Evolução e
perspectivas do mercado fotovoltaico europeu (2018-2022). FONTE: SolarPower
Europa, adaptado de Le Journal du
Photovoltaïque – Réseau et Autoconsommation, No 30, Janeiro-Fevereiro-Março
2019
Berço do
fotovoltaico, a Europa adquiriu múltiplas competências em todos os segmentos da
cadeia de valores do setor, as quais lhe permitem retomar uma posição de destaque
no mercado global de energia solar.
Entre elas,
destaque para sua liderança mundial em matéria prima. A Alemanha, por exemplo,
dispõe atualmente de uma capacidade de produção anual de 60 mil toneladas de polisilício, nos sítios de Burghausen e Nünchritz.
A França,
por sua vez, detém uma capacidade singular para fabricar lingotes de silício
com 98% de monocristalino, via tecnologia CrytalMax.
O fabricante
de fornos industriais ECM Greentech, sediado em Grenoble, é capaz de produzir
lingotes de até 1.400 kg, com alto grau de silício monocristalino usando a nova
tecnologia, o que permite obter wafer
monocristalino a um custo similar ao do policristalino.
O wafer é um termo que designa uma fina
camada de material semicondutor, geralmente em forma de disco, com espessura de
0,7 mm em média. É um componente básico na fabricação de circuitos integrados (de
computadores, p. ex.) e de células para módulos fotovoltaicos.
Já a Itália
dispõe da tecnologia de “hétero-junção”, que permite a fabricação de células solares
de alto rendimento. A 3SUN-Enel Green Power, com sede em Catânia, Sicília,
prevê para 2020 uma capacidade de produção anual de 200 MW de painéis fotovoltaicos
com rendimento de 20%.
De acordo
com o EurObserv’ER 2018, esses três países juntos acumularam em 2017 uma
potência solar fotovoltaica estimada em 70 GW, sendo (em números redondos): 42
GW na Alemanha, 20 GW na Itália e 8 GW na França. São os campeões europeus em
capacidade fotovoltaica; a Espanha aparece em quarto lugar, com 5 GW.
Fonte: Le Journal
du Photovoltaïque – Réseau et Autoconsommation, No 30, Janeiro-Fevereiro-Março
2019
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