Com
base nas escrituras e nas descobertas científicas, historiadores e arqueólogos buscam
há décadas conhecer a vida de Jesus do ponto de vista histórico.
Se
ainda não se sabe o dia exato em que Ele veio ao mundo, há fortes indícios de
que não foi em dezembro e muito menos no ano que precede o convencionado “ano um”
de nossa era.
Nenhum
dos evangelhos menciona a data de nascimento de Cristo. Somente três séculos depois
de sua crucificação, após a conversão do Império Romano ao Cristianismo, é que um
papa adota o 25 de dezembro como dia do Natal.
E
por que esta data? Porque esta já era uma data sagrada para os romanos, que cultuavam
há mais de duzentos anos o deus Mitra, originário da mitologia persa e hindu, que
simbolizava o sol, a sabedoria e a guerra. Uma divindade bastante popular,
celebrada com festas pagãs.
Para
não confrontar o cristianismo, em plena expansão no Império Romano, com o
paganismo do culto a Mitra, a Igreja adota um sutil sincronismo para associar o
nascimento de Jesus ao “retorno do astro Sol”. O sol renascente parecia um símbolo
perfeito para a teologia cristã atribuir ao filho de Deus: a luz que ilumina o
mundo.
A
data da festa de Mitra, cujos vestígios arqueológicos remontam a 1400 a. C., deveria
coincidir com o solstício de inverno (no hemisfério Norte), que, pelo
calendário vigente, instituído pelo papa Gregório XIII no final do século XVI,
ocorre entre 21 e 22 de dezembro.
Erroneamente,
porém, ela foi fixada para o dia 25, o que pode ser explicado por dois motivos:
a mudança de calendário imposta pelo imperador Júlio César em 46 a. C. e o
limitado conhecimento astronômico à época. O instrumento que permitiria medir
com alguma precisão as posições de corpos celestes, o astrolábio, seria inventado
somente entre 220 e 150 d. C..
Sendo
o solstício um fenômeno astronômico que marca o início do inverno, isto é, o
dia do ano com o maior período noturno, a partir do qual a duração da luz solar
vai aumentando a cada dia (até atingir o máximo no solstício de verão, em 21 de
junho), nada mais adequado do que celebrar nesta data a chegada à Terra do Filho
de Deus. E foi assim que, no ano 354, o papa Libério fixou 25 de dezembro como o
dia do nascimento de Jesus Cristo.
No
entanto, historiadores afirmam não ser razoável que pastores se deslocassem com
seus rebanhos ao local onde Jesus nasceu, tal como narram os evangelhos, no
final de dezembro. Uma vez que neste momento a Galileia estaria sob intenso frio
do inverno, para estes estudiosos, o mês mais provável do Natal seria setembro,
na transição do verão para o outono.
Já
em relação ao ano, o primeiro dia de um hipotético “ano um” da Era Cristã é aquele
em que Jesus foi circuncisado, oito dias após o seu nascimento. De acordo com
as escrituras, o Filho de José e Maria nasceu sob o reino de Herodes, que teria
morrido em 4 a. C. ou em ano anterior. Daí a hipótese mais aceita entre os pesquisadores,
a de que Jesus teria nascido entre 8 e 5 anos antes do início desta era.
Já
uma outra corrente de historiadores sustenta que Jesus teria nascido durante um
recenseamento ocorrido em Belém, no ano 6 d. C.. Para esclarecer a dúvida, os estudiosos
recorreram ao céu.
Das
escrituras sabe-se que uma forte luz, a Estrela de Belém, brilhava no céu nas semanas
que precederam o Natal, permitindo aos três Reis Magos segui-la deserto afora,
desde a Mesopotâmia até o local onde Jesus nasceu.
À
luz do conhecimento astronômico atual, este fenômeno é atribuído à passagem de
um cometa ou a uma conjunção dos planetas Júpiter e Saturno, sendo esta última
a hipótese mais provável.
Primeiro,
porque as órbitas dos planetas do sistema solar hoje podem ser calculadas com
precisão. Segundo, porque os Reis Magos, na verdade Sábios, eram grandes
conhecedores de astronomia. Conforme as escrituras, eles teriam instruído o rei
Herodes sobre a ocorrência de tal conjunção astral, prenunciando o nascimento
de um novo Rei dos Judeus.
Assim,
com base em cálculos recentes, astrônomos concluíram que o nascimento de Jesus
provavelmente tenha ocorrido no ano 7 a. C., no final de setembro. Um mês mais
plausível ao pastoreio do que dezembro, hipótese corroborada pela passagem do
evangelho de Marcos sobre o deslocamento de pastores com suas ovelhas, para
adorar o recém-nascido Menino Deus.
Naturalmente
que a Igreja se interessou em conhecer a data exata do Natal. No século VI, o monge
erudito Dionísio, o Exíguo, foi encarregado pelo papa João I a calcular o Anno
Domini, marco referencial do início da Era Cristã. Embora fosse matemático e
astrônomo, Dionísio não dispunha dos instrumentos necessários para efetuar o
cálculo com precisão, como nos dias de hoje a ciência dispõe.
O
resultado foi um erro de oito anos para menos na data de nascimento de Jesus. Portanto,
ao que tudo indica, estaríamos hoje no ano 2027 e não em 2019.
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