domingo, 15 de dezembro de 2019

COP 25: Conferência da ONU é concluída com avanços insignificantes na luta contra mudança climática

Com 42 horas de atraso, países encerram encontro com acordo pífio em prol do clima

Derretimento de glaciares na Antártida pode se acelerar, em razão de alteração das correntes oceânicas decorrentes da mudança climática (FOTO: Mathilde Bellenger / AFP)

Uma conferência maldita, do início ao fim. Rechaçada voluntariamente pelo Brasil e anulada por força de convulsão social pelo Chile, a 25ª Conferência das Partes, finalmente sediada na Espanha, foi concluída hoje sem avanços significativos.

Estados divididos sobre diferentes temas chave, totalmente apartados do clamor popular e das recomendações científicas, se mostraram ineptos frente às necessárias medidas de combate à mudança climática.

Observadores da COP 25 afirmam que o encerramento da derradeira sessão, adiado inúmeras vezes, foi marcado por representantes esgotados, mal informados e incapazes de costurar um acordo que ratificasse os discursos oficiais de seus próprios países ou que tivesse efeitos práticos face à urgência climática.

“Esta COP termina com resultados bem abaixo do nível de ambição requerido pela ciência. Graças a uma aliança progressista de pequenos Estados insulares com países europeus, africanos e latino-americanos, conseguimos o resultado menos desastroso possível, contra a vontade dos grandes poluidores”, avalia Laurence Tubiana, a arquiteta do acordo de Paris.

Um relativo otimismo, em nada compartilhado com as ONGs participantes da COP 25. “Os governos devem repensar completamente sua maneira de agir, porque o resultado desta COP -marcada por um delito de omissão das grandes economias emissoras de carbono- é totalmente inaceitável”, denuncia Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace.

“O espírito positivo que possibilitou o Acordo de Paris hoje parece um longínquo suvenir”, lamenta Helen Mountford, vice-diretora do think tank norte-americano World Resources Institute.

Em um contexto de eventos extremos, como inundações, furacões e incêndios por todo o planeta, a COP 25, cujo slogan era “time for action” (tempo de ação) e que pretendia se tornar uma “rampa de lançamento” para uma aceleração da luta contra a mudança climática, foi um retumbante fiasco.

Para mitigar o fracasso da COP de Madri, os signatários do Acordo de Paris precisariam rever suas metas de redução de emissões, já que -mesmo respeitados os compromissos dos 196 países membros- essas ações limitariam o aquecimento global a 3,2 oC até o final de 2099. Só que o engajamento firmado na COP 21, em 2015, pretendia limitar o aumento da temperatura planetária a no máximo 2 oC.

“Emissões de CO2 continuam a crescer frente a políticas climáticas lentamente emergentes” (Carbon dioxide emissions continue to grow amidst slowly emerging climate policies) é o título de um artigo assinado por oito cientistas e publicado no último dia 4 na Nature Climate Change.

Os autores destacam que a incapacidade de reconhecer os fatores por trás do aumento das emissões poluentes pode inviabilizar a tomada de um caminho consistente para limitar o aquecimento climático a 1,5 oC ou 2 oC até o final do século. “Torna-se imperativo o apoio contínuo às tecnologias de baixa emissão de carbono aliado às políticas destinadas à eliminação progressiva do uso de combustíveis fósseis”, avaliam. .

Em Termodinâmica, ciência que trata das transformações de energia em sistemas macroscópicos, COP é uma sigla que significa Coeficiente de Performance, um parâmetro que mede o desempenho das máquinas. Se tivéssemos que atribuir um valor de COP para a Conferência de Madri, este seria COP 25 = 0,1. E de COP em COP, as emissões de carbono vão aumentando... até Glasgow em 2020!

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