Derretimento
de glaciares na Antártida pode se acelerar, em razão de alteração das correntes
oceânicas decorrentes da mudança climática (FOTO: Mathilde Bellenger / AFP)
Uma
conferência maldita, do início ao fim. Rechaçada voluntariamente pelo Brasil e anulada
por força de convulsão social pelo Chile, a 25ª Conferência das Partes,
finalmente sediada na Espanha, foi concluída hoje sem avanços significativos.
Estados
divididos sobre diferentes temas chave, totalmente apartados do clamor popular e
das recomendações científicas, se mostraram ineptos frente às necessárias
medidas de combate à mudança climática.
Observadores da COP 25 afirmam que o encerramento da derradeira sessão, adiado inúmeras vezes, foi marcado por representantes esgotados, mal informados e incapazes de costurar um acordo que ratificasse os discursos oficiais de seus próprios países ou que tivesse efeitos práticos face à urgência climática.
“Esta
COP termina com resultados bem abaixo do nível de ambição requerido pela ciência.
Graças a uma aliança progressista de pequenos Estados insulares com países
europeus, africanos e latino-americanos, conseguimos o resultado menos desastroso
possível, contra a vontade dos grandes poluidores”, avalia Laurence Tubiana, a arquiteta
do acordo de Paris.
Um
relativo otimismo, em nada compartilhado com as ONGs participantes da COP 25. “Os
governos devem repensar completamente sua maneira de agir, porque o resultado
desta COP -marcada por um delito de omissão das grandes economias emissoras de
carbono- é totalmente inaceitável”, denuncia Jennifer Morgan, diretora
executiva do Greenpeace.
“O
espírito positivo que possibilitou o Acordo de Paris hoje parece um longínquo
suvenir”, lamenta Helen Mountford, vice-diretora do think tank norte-americano
World Resources Institute.
Em um contexto de eventos extremos, como inundações, furacões e incêndios por todo o planeta, a COP 25, cujo slogan era “time for action” (tempo de ação) e que pretendia
se tornar uma “rampa de lançamento” para uma aceleração da luta contra a
mudança climática, foi um retumbante fiasco.
Para
mitigar o fracasso da COP de Madri, os signatários do Acordo de Paris
precisariam rever suas metas de redução de emissões, já que -mesmo
respeitados os compromissos dos 196 países membros- essas ações limitariam o
aquecimento global a 3,2 oC até o final de 2099. Só que o
engajamento firmado na COP 21, em 2015, pretendia limitar o aumento da
temperatura planetária a no máximo 2 oC.
“Emissões
de CO2 continuam a crescer frente a políticas climáticas lentamente emergentes”
(Carbon dioxide emissions continue to grow amidst slowly emerging climate
policies) é o título de um artigo assinado por oito cientistas e publicado
no último dia 4 na Nature Climate Change.
Os
autores destacam que a incapacidade de reconhecer os fatores por trás do
aumento das emissões poluentes pode inviabilizar a tomada de um caminho
consistente para limitar o aquecimento climático a 1,5 oC ou 2 oC
até o final do século. “Torna-se
imperativo o apoio contínuo às tecnologias de baixa emissão de carbono aliado
às políticas destinadas à eliminação progressiva do uso de combustíveis
fósseis”, avaliam. .
Em
Termodinâmica, ciência que trata das transformações de energia em sistemas macroscópicos,
COP é uma sigla que significa Coeficiente de Performance, um parâmetro que mede
o desempenho das máquinas. Se tivéssemos que atribuir um valor de COP para a Conferência de Madri, este seria COP 25 = 0,1. E
de COP em COP, as emissões de carbono vão aumentando... até Glasgow em 2020!
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