Dinâmica do
setor precisaria ser 4 vezes maior que a atual para transição energética
atender objetivos de médio prazo assumidos no Acordo de Paris
Em 2020, novas centrais
solares fotovoltaicas na França somaram 0,7 GW, alcançando uma capacidade total de 10,6 GW;
um crescimento anual de 6,5%, valor similar ao registrado em 2019.
Para cumprir suas metas de 20,1 GW em 2023 e no mínimo 35,1 GW em 2028, o país precisaria adicionar à sua rede elétrica renovável 3 GW fotovoltaicos por ano. Como nos últimos 10 anos, as novas instalações superaram 1 GW apenas em 2011 (1,9 GW) e 2012 (1,1 GW), dificilmente a capacidade projetada para os próximos 5 anos será alcançada.
Os dados são do Barômetro
das Energias Renováveis Elétricas na França, uma publicação do Observatório de
Energias Renováveis (Observ’ER). O documento traz em detalhes a evolução da
potência solar fotovoltaica instalada no país de 2010 a 2020, bem como sua
produção de eletricidade no período.
No final de setembro de
2020, a França contava com cerca de 476,5 mil centrais fotovoltaicas conectadas
à rede elétrica, com quase 30% das instalações distribuídas em duas regiões (Nouvelle-Aquitaine
e Occitanie) e representando 45% da capacidade nacional.
Para efeito de análise, as
instalações foram classificadas em três faixas de potência: até 9 kW, entre 100
e 250 kW e acima de 1.000 kW. O segmento de potências intermediárias teve um
forte crescimento em 2018 e 2019, mas em 2020 a capacidade adicionada foi de
apenas 28% em relação aos anos anteriores.
Este segmento tem se
caracterizado por um forte abandono de projetos selecionados, chegando a 30%, segundo
o Observatório da Energia Solar Fotovoltaica francês, que defende um
acompanhamento mais sistemático dos editais de fomento para uma melhor
avaliação da progressão das potências adicionadas à rede.
O setor residencial (<
9 kW) cresceu em 2020 como nos anos anteriores, à razão de 80 MW/ano, com um
ritmo mais acentuado na faixa de potências entre 1 e 3 kW, do que entre 6 e 9
kW. Já o setor de grandes potências (> 250 kW) progrediu apenas 3% entre
janeiro e setembro de 2020. Ele responde por quase metade da capacidade instalada
nacional (4.877 MW).
Como todos os setores da
economia mundial, o solar fotovoltaico francês também foi duramente afetado pela
pandemia de Covid-19 ao longo de 2020. A grande maioria dos painéis instalados
no país provém da China e a crise sanitária impôs uma redução significativa da
produção e comercialização em toda Europa, prejudicando os cronogramas de novos
projetos, principalmente os de grande porte (de 100 a 500 kW).
Uma das alternativas para
mitigar este problema no pós-pandemia é a implementação de projetos industriais
para produzir localmente painéis, que sejam competitivos no mercado
fotovoltaico nacional e europeu. Isto poderia ser feito pela “criação de
critérios nos editais de fomento para privilegiar a fabricação de módulos de
baixo carbono”, afirma Mélodie de l’Épine, coordenadora do polo fotovoltaico de
Hespul.
Épine defende, ainda,
outras medidas de apoio ao desenvolvimento de uma produção nacional/europeia,
como o financiamento de máquinas e ferramentas de fabricação dos painéis e, sobretudo,
a garantia de “uma tarifa de compra que permita volumes compatíveis com as
necessidades do mercado”.
“Com 500 MW instalados por
ano na França, não há lugar para todos no mercado de fabricantes, mas com 2
GW/ano haveria como atender à expansão de instalações com 500 MW de produção
europeia”, conclui Épine. Em 2018, o mercado fotovoltaico francês superou os 4
bilhões de euros, empregando cerca de 6.200 pessoas.
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