Desenvolvimento dessa
fonte renovável precisa se acelerar para coadunar-se com plano plurianual de
energia do país
Segundo a 11ª edição do
Barômetro 2020 das Energias Renováveis Elétricas na França, do Observatório de
Energias Renováveis (Observ’ER), até o final de setembro passado, a potência eólica
instalada no país somou 17.312 MW (mega-watts).
Embora a capacidade nova instalada entre janeiro e setembro de 2020 tenha recuado 17% em relação ao mesmo período de 2019, a França continua em 4º lugar em potencial de produção de energia eólica, atrás do Reino Unido (23.931 MW), Espanha (25.742 MW) e Alemanha (60.840 MW).
Com quase 62% de participação na matriz elétrica de energia renovável do país em 2020, apesar da
forte retração da demanda elétrica causada pela pandemia, 959 MW de capacidade
eólica nova foram adicionados no ano passado.
A diminuição do ritmo de
crescimento da energia eólica na França deveu-se não apenas às medidas de
contenção da Covid-19, como restrições de circulação de pessoas e funcionamento do comércio e serviços,
mas principalmente a problemas fundiários.
Uma barreira cada vez
maior para a implantação de novos parques eólicos tem sido a dificuldade de
acesso aos terrenos, reflexo direto da rejeição de boa parte da população à expansão
dessas centrais elétricas, que ocupam grandes áreas.
Se por um lado o Plano
Plurianual de Energia (PPE) prevê para 2023 um avanço de 39% da potência eólica,
por outro lado, a concentração de instalações em duas regiões do país (Hauts-de-France
e Grand Est), que abrigam quase metade da capacidade instalada nacional, representa um obstáculo à sua expansão.
O Observ’ER destaca que,
por razões de segurança aeronáutica civil e militar e proteção de sítios
históricos, 47% do território metropolitano francês permanece inacessível à
implantação de novos aerogeradores, cujos suportes são mastros com até 130 metros
de altura.
Para distribuir mais uniformemente as novas instalações eólicas, o arsenal de regras (estudo de impacto visual, de proteção do patrimônio, etc) que já vem sendo cumprido pelos empreendedores do setor parece insuficiente.
Gestores e profissionais da
área eólica reivindicam que os editais públicos de fomento incluam tarifas
diferenciadas para tornar competitivos novos parques em áreas com menor
incidência de ventos.
Além da instalação de novas
centrais eólicas, outra forma de impulsionar o setor na França é o “repowering”,
que consiste em reestruturar um parque eólico existente com vistas à
substituição de todos seus aerogeradores, quando estes se aproximam do final de sua
vida útil.
Com espaço cada vez maior
no mercado europeu, especialmente na Alemanha, mas também na França, o repowering
permite aumentar significativamente a capacidade de antigos parques,
normalmente aos 15 anos de operação, garantindo-lhes uma sobrevida de 5 a 10
anos.
Atualmente, turbinas aerogeradoras
com potência nominal de 4 MW podem substituir unidades antigas de menor
potência, aumentando consideravelmente a capacidade do parque eólico. No
entanto, instalações pioneiras, localizadas em áreas com alto potencial de
ventos, podem não ser adequadas para o repowering, devido a características
operacionais das novas turbinas.
O parque de Gravières, na
região de Drôme, é um dos exemplos de repowering na França. Inaugurada
em 2006 e dispondo de 10,5 MW, esta instalação deverá ampliar sua capacidade este ano para 13,8 MW, pela substituição de seus 6 aerogeradores de 1,75 MW e 66 m (de
diâmetro de rotor) por modelos de 2,3 MW e 70 m.
De 2013 a 2018, o peso
econômico do setor eólico francês praticamente dobrou (+ 96%) e responde por 15.200
empregos diretos em tempo integral. A Agência de Transição Ecológica estima
que, com a capacidade instalada chegando a 24,1 GW até 2023 como prevê o PPE,
o mercado eólico da França alcançará a cifra de 7,6 bilhões de euros.
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