O combustível renovável adicionado ao querosene permitiu evitar durante a viagem o despejo na atmosfera de 20 toneladas de CO2
O Airbus A350-900, do voo 342
da Air France, decolou ontem de Paris às 15:40 e aterrissou em Montreal 6 horas
e 10 minutos depois. Consumiu cerca de 45 mil litros de querosene misturado com
biocombustível à base de óleo de fritura usado.
A proporção de combustível verde na mistura foi de 16%, o que representou um consumo de 7,2 mil litros no trajeto. Em relação ao querosene, a queima do biocombustível francês emite 91% menos CO2.
Embora o novo combustível
seja ambientalmente amigável, seu custo é ainda muito alto, porque o processo
de fabricação é complexo. Ele envolve a coleta do óleo em um grande número de restaurantes,
sua purificação e estabilização da estrutura molecular.
O combustível derivado de
óleos vegetais usados na culinária é quatro vezes mais caro que o querosene, carburante
habitual usado na aviação comercial. Obviamente que este custo extra vai ser bancado pelo passageiro; no voo Paris-Montreal o acréscimo repassado a cada bilhete foi
de 4 euros.
Este tipo de combustível renovável
ou “agrocombustível”, concebido especialmente para aeronaves comerciais, é denominado “combustível
de aviação sustentável” (SAF, na sigla em inglês).
Desenvolvido pela
petrolífera francesa Total, em sua biorrefinaria na região de Bouches-du-Rhône,
o SAF que abasteceu a aeronave com destino ao Canadá foi fabricado a partir de
resíduos de óleos de fritura usados, gorduras de origem animal e certos tipos
de alga.
Não é a primeira vez que a empresa aérea francesa utiliza SAF em seus voos. Entre 2014 e 2016, 78 voos entre Toulouse e Orly (aeroporto ao sul de Paris) foram realizados com aviões abastecidos com 10% de combustível verde.
Globalmente, a aviação comercial responde por 2,8% das emissões totais de CO2. Para cumprir a meta de
reduzir 50% de suas emissões até 2050 em relação a 2005, o setor aéreo francês
aposta nos combustíveis não-fósseis, que devem representar quase a metade deste
objetivo.
Segundo a IATA (International Air Transport Association), o uso de
agrocombustíveis permite uma redução de 80% das emissões de carbono em relação à combustão do querosene, considerando o ciclo total de sua utilização. Em 2019, a
aviação comercial consumiu 360 milhões de litros de biocombustível, mas este volume
corresponde a apenas 0,1% do total consumido.
Um dispositivo legal decorrente do Plano Plurianual de Energia francês obriga, a partir de 2022, que todos
os voos partindo da França sejam abastecidos com pelo menos 1% de
biocombustível. Em 2025, o piso sobe para 2% e em 2030 vai a 5%.
A partir de 2024, em
parceria com a ADP (Aeroportos de Paris), a Total deve produzir anualmente 170 mil
toneladas de agrocombustível em uma nova refinaria, na região de
Île-de-France, onde serão investidos 500 milhões de euros, sendo 40% destinados
à produção de SAF.
“Os biocombustíveis são uma grande alavanca para atingir nossos
objetivos de descarbonização do setor aéreo; a ação coordenada de todos os
atores é importante para aumentarmos a proporção de SAF, que já podem ser
usados em até 50% em nossas aeronaves sem qualquer modificação ou impacto
operacional”, disse Guillaume Faury, CEO da Airbus .
Já o CEO do grupo Air
France-KLM declarou: “os SAF constituem, juntamente com a renovação de nossa frota, o
principal investimento para reduzir pela metade nossas emissões de CO2 por
passageiro/km até 2030”.
https://www.presse-citron.net/air-france-un-premier-vol-paris-montreal-realise-avec-du-biocarburant/
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