quinta-feira, 20 de maio de 2021

França testa seu primeiro biocombustível de aviação em voo intercontinental

O combustível renovável adicionado ao querosene permitiu evitar durante a viagem o despejo na atmosfera de 20 toneladas de CO2

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O Airbus A350-900, do voo 342 da Air France, decolou ontem de Paris às 15:40 e aterrissou em Montreal 6 horas e 10 minutos depois. Consumiu cerca de 45 mil litros de querosene misturado com biocombustível à base de óleo de fritura usado.

A proporção de combustível verde na mistura foi de 16%, o que representou um consumo de 7,2 mil litros no trajeto. Em relação ao querosene, a queima do biocombustível francês emite 91% menos CO2.

Embora o novo combustível seja ambientalmente amigável, seu custo é ainda muito alto, porque o processo de fabricação é complexo. Ele envolve a coleta do óleo em um grande número de restaurantes, sua purificação e estabilização da estrutura molecular.

O combustível derivado de óleos vegetais usados na culinária é quatro vezes mais caro que o querosene, carburante habitual usado na aviação comercial. Obviamente que este custo extra vai ser bancado pelo passageiro; no voo Paris-Montreal o acréscimo repassado a cada bilhete foi de 4 euros.

Este tipo de combustível renovável ou “agrocombustível”, concebido especialmente para aeronaves comerciais, é denominado “combustível de aviação sustentável” (SAF, na sigla em inglês).

Desenvolvido pela petrolífera francesa Total, em sua biorrefinaria na região de Bouches-du-Rhône, o SAF que abasteceu a aeronave com destino ao Canadá foi fabricado a partir de resíduos de óleos de fritura usados, gorduras de origem animal e certos tipos de alga.

Não é a primeira vez que a empresa aérea francesa utiliza SAF em seus voos. Entre 2014 e 2016, 78 voos entre Toulouse e Orly (aeroporto ao sul de Paris) foram realizados com aviões abastecidos com 10% de combustível verde.

Globalmente, a aviação comercial responde por 2,8% das emissões totais de CO2. Para cumprir a meta de reduzir 50% de suas emissões até 2050 em relação a 2005, o setor aéreo francês aposta nos combustíveis não-fósseis, que devem representar quase a metade deste objetivo.

Segundo a IATA (International Air Transport Association), o uso de agrocombustíveis permite uma redução de 80% das emissões de carbono em relação à combustão do querosene, considerando o ciclo total de sua utilização. Em 2019, a aviação comercial consumiu 360 milhões de litros de biocombustível, mas este volume corresponde a apenas 0,1% do total consumido.

Um dispositivo legal decorrente do Plano Plurianual de Energia francês obriga, a partir de 2022, que todos os voos partindo da França sejam abastecidos com pelo menos 1% de biocombustível. Em 2025, o piso sobe para 2% e em 2030 vai a 5%.

A partir de 2024, em parceria com a ADP (Aeroportos de Paris), a Total deve produzir anualmente 170 mil toneladas de agrocombustível em uma nova refinaria, na região de Île-de-France, onde serão investidos 500 milhões de euros, sendo 40% destinados à produção de SAF.

“Os biocombustíveis são uma grande alavanca para atingir nossos objetivos de descarbonização do setor aéreo; a ação coordenada de todos os atores é importante para aumentarmos a proporção de SAF, que já podem ser usados em até 50% em nossas aeronaves sem qualquer modificação ou impacto operacional”, disse Guillaume Faury, CEO da Airbus .

Já o CEO do grupo Air France-KLM declarou: “os SAF constituem, juntamente com a renovação de nossa frota, o principal investimento para reduzir pela metade nossas emissões de CO2 por passageiro/km até 2030”.   

Fontes: https://www.air-journal.fr/2021-05-19-du-biocarburant-francais-dans-lairbus-a350-dair-france-vers-montreal-5227928.html

https://www.presse-citron.net/air-france-un-premier-vol-paris-montreal-realise-avec-du-biocarburant/

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