segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pernambuco deve ser pólo de P&D em tecnologia solar de concentração

Parceria entre Chesf e UFPE abre caminho para instalação de Laboratório Nacional de Energia Solar Térmica no sertão pernambucano

Tecnologia parabolic trough, que deve ser empregada na Usina Solar de Petrolina, pioneira no país 
http://www.glasstec-online.com/cgi-bin/md_glasstec/custom/pub/content.cgi?lang=2&0id=8434ticket=

Após o primeiro dia de atividades do II Workshop sobre Centrais Solares Termelétricas – nesta segunda-feira (22), no Recife – não resta dúvida que Pernambuco deve liderar a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) no Brasil de tecnologia termossolar de concentração.

“Temos 20 anos de atraso no desenvolvimento de tecnologia solar térmica”, disse o professor Naum Fraidenraich (UFPE), diante de representantes oficiais (MME, MCT, EPE e BNDES) e de uma platéia entusiasmada, uma centena de pessoas (professores, engenheiros, pesquisadores e estudantes). Antes tarde...

Ele coordena o projeto Chesf-Aneel “Geração solar termoelétrica com concentradores cilíndricos parabólicos no Semi-Árido do Nordeste do Brasil”. Trata-se da primeira central heliotérmica a sair do papel em nosso país, cuja capacidade prevista é de 1 MW (mega watt).

A usina será instalada na região de Petrolina, que, além de muito ensolarada, conta com a disponibilidade das águas do “Velho Chico”. Uma termoelétrica também precisa de água para funcionar.

Fraidenraich lembra que há 3 anos, nenhum fabricante internacional de tecnologia de centrais heliotérmicas considerava a viabilidade de um empreendimento com capacidade inferior a 30 ou 20 MW. “Hoje esses fabricantes já estariam dispostos a construir uma usina de 1 MW”, diz o professor.

Nas sessões técnicas de hoje, foram apresentados um projeto conceitual (Cepel/Eletrobras) e resultados de simulação computacional (Cenpes, Chesf/UFPE) de centrais heliotérmicas baseadas em tecnologia de concentradores cilindro-parabólicos (CCP).

Amanhã serão apresentados os avanços de um projeto pioneiro no Brasil, de uma usina experimental para fins didáticos baseada em tecnologia de CCP em fase de construção em Belo Horizonte, cujos autores são o engenheiro Alexandre Heringer (Cemig) e o professor José Poluceno (Cefet-MG). A instalação tem 160 m2 de área de refletores e deverá gerar 1,5 kW.

De fato, a comunidade científica brasileira está mais ou menos em sintonia com a proposta encabeçada pela parceria Chesf-UFPE, que vai além do projeto, construção e operação da usina-piloto (com tecnologia de CCP) de Petrolina. 

O que parece faltar é um engajamento maior dos atores governamentais (representantes do MME e MCT), com vistas à inclusão da geração heliotérmica em nossa matriz elétrica.

O que se reivindica – para além da execução da planta demonstrativa no sertão pernambucano – é uma política de fomento consistente ao desenvolvimento da tecnologia termossolar. Não só para a geração de eletricidade, mas também de calor para uso industrial – as chamadas tecnologias solares de média e alta temperaturas.

É preciso que os formuladores da política energética brasileira (MME, MCT, Eletrobras, EPE, Aneel) – aliados aos agentes financiadores (principalmente BNDES) apóiem a iniciativa da comunidade científica, oferecendo as condições para a criação de um pólo de P&D em energia solar térmica.

O primeiro passo (ou melhor, o segundo, em paralelo à implantação da Usina de Petrolina) seria a criação de um laboratório de referência em energia solar de concentração, que, além de dar sustentação à operação da planta-piloto e pesquisar novas tecnologias, seria responsável pela formação permanente de recursos humanos especializados.

Há quase 30 anos, a Espanha iniciava seus investimentos no desenvolvimento de tecnologia solar de concentração, com a criação do maior centro de pesquisa europeu nessa área: a Plataforma Solar de Almeria.

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