http://www.masterfile.com/stock-photography/image/400-04239162/The-thing-most-guys-dread.-Hearing that-rubber-glove-snap.-Darn-those-prostate-exams...darn-them-to-heck.
A Força-Tarefa de Médicos e Especialistas em Medicina
Preventiva dos Estados Unidos (USPSTF, na sigla em inglês) condenou
recentemente o teste antígeno prostático específico (PSA), como método de
rastreamento para o câncer de próstata.
“Muitos homens são prejudicados e poucos são
beneficiados pelos resultados destes exames”, declarou a USPSTF. A polêmica criada
entre urologistas e a confusão gerada nos pacientes foram imediatas.
A falta de conhecimento sobre a história natural do câncer de próstata – de como o tumor aparece e como evolui – é a principal justificativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para também não considerar o teste de PSA eficaz para rastrear a doença.
A falta de conhecimento sobre a história natural do câncer de próstata – de como o tumor aparece e como evolui – é a principal justificativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para também não considerar o teste de PSA eficaz para rastrear a doença.
A única informação precisa que se tem a respeito deste tipo de câncer é que ele surge em homens a partir de certa idade, diz Luiz Antônio Santini, diretor-geral do Inca. Dados do instituto revelam que 30% dos casos são descobertos na necropsia, o que comprova que alguns pacientes vivem com a doença sem saber dela.
De acordo com Santini, o PSA detecta alterações na próstata, mas não é específico para apontar um tumor, porque o teste pode ser afetado por uma lesão ou aumento da próstata, razão pela qual o PSA não é eficaz como rastreamento. Mas nada impede que, a partir de uma avaliação individual, o paciente decida junto com seu médico fazer o exame, afirma o diretor do Inca.
Para Miguel Srougi, professor titular de Urologia da USP, a visão da força-tarefa americana “é enviesada, de clínicos que nunca viram um doente; ninguém se preocupou em ver como fica um paciente que sofre durante cinco anos com a doença”.
Ele
defende o exame de PSA, pelo menos nos grupos de risco: negros, obesos e pessoas
com histórico familiar da doença. No Brasil, os custos inviabilizariam qualquer
rastreamento generalizado; para fazer a triagem em todos os homens com mais de
50 anos, o governo precisaria desembolsar R$ 6 bilhões, diz Srougi.
Segundo o
comunicado da USPSTF, “o câncer de próstata é um problema sério de saúde
pública que afeta milhares de homens e suas famílias, mas antes de fazer o
teste PSA, todos merecem saber o que a ciência conhece sobre o exame: há
pequenos benefícios e prejuízos significativos. Não recomendamos o rastreamento
a menos que o indivíduo tenha estas informações e tome uma decisão pessoal”.
Já o
porta-voz da Sociedade Brasileira de Urologia, Carlos Alberto Bezerra, declarou
à reportagem de O Globo que a entidade só se posicionará sobre a recomendação
ou não do teste PSA após uma análise (já encomendada) para avaliar os impactos do
exame na população brasileira, que tem características parecidas com a
americana.
O aumento
do número de testes PSA pode ser reflexo do medo do toque retal, diz Bezerra. Com
o toque retal conjugado ao PSA o médico pode acompanhar melhor o estado da próstata, afirma o
urologista.
O
urologista Miguel Srougi informa que 40 mil americanos morrem por ano vítimas
de câncer de próstata e 18% dos homens no mundo ainda terão a doença.
Mesmo com
todas as falhas do PSA, vale a pena o rastreamento. Quando tratado o tumor, os
riscos de incontinência urinária decorrentes da cirurgia são de 15% e de
impotência, por causa da radioterapia, de 2% a 3%; só se chegará a um “exame
perfeito” em cerca de dez anos, diz Srougi.
“Estamos
no início das pesquisas que apontam para um novo marcador, o HGC, mas isso
ainda não foi testado em grandes populações [uma das etapas para se alcançar um exame
sem falhas], mas até isso acontecer teremos que usar o PSA mesmo”, conclui o professor
da USP.
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