Adaptado
de http://sanglier.villerouge.pagesperso-orange.fr/majeur/attache.html
Quando o assunto é a proliferação de
parques eólicos país afora, os
franceses só não expressam indiferença.
Numa
sondagem recente feita por uma rede de televisão, enquanto alguns entrevistados
declararam amor, outros demonstraram ódio às “damas brancas”.
Com
cerca de 9 GW eólicos instalados, a França tem como meta para o final da década
dispor de uma potência eólica de 25 GW, sendo 19 GW terrestres e 6 GW no mar.
São
atualmente quase 5 mil unidades espalhadas pelo “hexagone” – cujo mastro/rotor
pode alcançar até 130 metros de altura – um número de instalações que deve
triplicar daqui há cinco anos.
Esses
gigantes de ferro ganham cada vez mais espaço na paisagem e no debate político
do país, razão pela qual o canal de TV France 3 quis saber quem são os grandes
beneficiários dessa energia verde.
Em
pequenas comunidades, como Treilles, de 250 habitantes – na região do
Languedoc-Roussillon (sudoeste francês) – os seis geradores eólicos instalados
desde 2000 evitaram o aumento de impostos locais e até geraram postos de
trabalho.
A
“taxa profissional”, recolhida pelo proprietário dos aerogeradores à prefeitura,
passou de 54.352 euros a 225.000 euros nos últimos 15 anos.
Alguns
pequenos proprietários agrícolas, tentados pela promessa de “dinheiro fácil” do
mercado eólico, acabam desistindo do negócio quando se dão conta do tamanho das
torres que seriam instaladas em suas propriedades.
De
fato, os maiores beneficiários desse mercado são os operadores, que anunciam
aos quatro ventos a energia eólica como um negócio extremamente rentável.
Cada
vez mais encorajados pelo Estado, os empreendedores da energia dos ventos
dividem um mercado que alcançou a extraordinária cifra anual de 3 bilhões de
euros.
A
enquete realizada pela France 3 destrinchou o modus operandi dos lobbies em prol da energia eólica, a forma como
as grandes corporações garantiram subsídios generosos para o setor.
Regulamentações
em vigor asseguram que toda a energia produzida no país pelas “torres brancas”
seja comprada pela estatal EDF (Énergie
de France), a tarifas duas vezes mais altas que as do mercado elétrico
convencional.
Já
os detratores dos parques eólicos alegam, entre outras coisas, que, quanto mais
aerogeradores são instalados, mais termelétricas poluidoras são necessárias.
Isto
porque a imprevisibilidade dos ventos não permite aos geradores eólicos atender
às demandas em horários de pico. Assim, a emissão de CO2 oriunda das centrais
de apoio a combustível fóssil anularia a aparente vantagem ambiental da geração
eólica.
Mas
há contra-argumentos sólidos nesta questão. Fenômenos de intermitência de
ventos seriam compensados pela dispersão das instalações eólicas espalhadas por
todo o território francês.
Dispondo
de uma matriz elétrica com 77% nuclear, 13% hidráulica, e os 10% divididos ao
meio entre fontes limpas (eólica, solar e biomassa) e fósseis (carvão, gás e
diesel), a pequena parte provida pelos ventos (4%) não necessariamente requer
geração térmica de apoio.
Mas
a questão da neutralidade em emissões de CO2 na geração eólica não deixa de causar
polêmica e de influenciar aqueles que se declaram pró ou contra a energia dos
ventos. Além de muitas outras razões reveladas na enquete realizada pela France
3.
Fontes: Le Monde (edição impressa), de 6 de maio de 2015
Fontes: Le Monde (edição impressa), de 6 de maio de 2015
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