quinta-feira, 7 de maio de 2015

França: inovação revigora uso descentralizado de energia dos rios

Com potências que chegam a centenas de kW, pequenas instalações hidrelétricas estão em processo de reabilitação

Pequena central hidrelétrica, construída em 2011 (rio Aurino, região de Bolzano, Itália)
http://www.enerzine.com/7/15689+developper-lenergie-hydraulique-sans-epuiser-lenvironnement+.html

Antigos moinhos e geradores hidráulicos abandonados, centrais a fio de água desativadas, canais de água potável ou de reuso com grande declive... 

São dezenas de dispositivos em várias regiões francesas, alguns com mais de um século de idade e há décadas parados, que vem sendo recuperados.

Um deles – uma gigantesca roda de pás de 8 m de diâmetro e 5 m de largura, com capacidade de 40 kW – estava desativado há mais de 50 anos. 

É o “coração” da antiga usina de Morannes, na região de Maine-et-Loire, que gerava energia para um moinho de farinha de trigo, girando a um desnível de 1,2 m das águas do rio Sarthe. 

A inovação tecnológica dessa unidade geradora envolve a substituição das pás e do redutor (um conjunto de engrenagens e pinhões); este último, uma fonte de perda de rendimento, estimada entre 30 e 50% da energia oriunda das correntes fluviais. 

À época do império romano, essas rodas captavam apenas 30% da energia da água; atualmente, elas alcançam rendimentos em torno de 80% e já são consideradas rentáveis. 

No século XIX, cerca de 100 mil rodas giravam nos rios da França gerando energia mecânica e elétrica. Apenas 20% delas ainda pode produzir eletricidade, estima Benoît Lauriou, da empresa especializada na renovação de equipamentos hidráulicos. 

Esquema de uma unidade geradora de baixa queda. Adaptado de
http://www.energystream-solucom.fr/wp-content/uploads/2014/02/Centrale-de-basse-chute.png 

Se a geração elétrica em antigos sítios isolados tem se beneficiado do avanço tecnológico dos equipamentos para se tornar rentável, a PCH (pequena central hidrelétrica) tem a compra da energia produzida garantida por lei. 

Na “região da hidroeletricidade” (Pirineus-Atlânticos), nas proximidades de Lourdes, as obras de renovação de pequenas centrais andam a todo vapor. 

Cerca de 40 usinas de queda alta e umas 30 de fio de água estão instaladas na região, totalizando 660 MW de capacidade instalada. 

Para ter a tarifa elétrica garantida pelo governo, o empreendedor deve se comprometer com a renovação de equipamentos e infraestrutura (um investimento mínimo de 1.172 euros/kW), que inclua o respeito a normas ambientais. 

Entre elas, a obrigação de manter uma “vazão reservada” (de 10% da vazão média dos últimos 30 anos, para rios cuja vazão atual é menor que 80 m3/s), de modo a garantir o equilíbrio biológico da fauna e da flora. 

É também necessário prever na infraestrutura da instalação acessos para permitir a passagem de peixes migratórios rio abaixo ou rio acima. 

Fonte: Le Journal des Énergies Renouvelables, No 226, março-abril de 2015

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