Maquete do coração artificial criado pelo professor
Alain Carpentier
http://www.pro-blog.fr/avis-des-medecins-les-nouvelles-technologies-sont-indispensables/
Como
tantas outras, a ciência médica avança a passos largos. O primeiro transplante
de coração aconteceu há 47 anos.
Mas parece longe o dia em que veremos portadores de coração artificial longevos... quem sabe, até, recarregando sua prótese com energia solar captada em “roupas fotovoltaicas”.
O
coração artificial em questão é uma prótese implantada dentro do corpo,
concebida para pacientes com insuficiência cardíaca ou doenças cardiovasculares graves.
O
dispositivo foi idealizado para substituir o coração natural, garantindo a
circulação sanguínea permanentemente no corpo humano.
A
pesquisa científica e as tentativas de se produzir este órgão de forma
artificial registram uma longa história. Começou em 1967, na Universidade de
Utah (EUA), com o professor Kolff, que realizou diversas experiências com
animais, até o primeiro teste clínico com um humano, em 1982.
Pelas
mãos do Dr. Kolff, o “coração artificial total” modelo Jarvik-7 era, então, implantado no corpo de Barney Clark, um
dentista de Seattle com séria insuficiência cardíaca.
Clark
viveu 112 dias, com muita dificuldade, já que era obrigado a estar conectado o
tempo todo a um aparelho de 180 kg. O paciente sofreu várias hemorragias;
chegou a pedir que o desconectassem da máquina e o deixassem morrer.
Entre
os principais desafios da empreitada do coração artificial estão o aumento de sua autonomia, adequação
da prótese ao tamanho da caixa torácica, redução de riscos de infecção e de
trombose ou embolia. Os
riscos de infecção estão fortemente ligados aos cabos percutâneos de
alimentação da bateria do coração artificial.
Mas
a pesquisa continuou evoluindo e, 31 anos depois que a primeira prótese foi testada
em um homem, o médico-cirurgião francês Alain Carpentier testou um protótipo de
coração projetado para dispor de uma autonomia de vários anos.
A
cirurgia de implante, coordenada pelo Dr. Carpentier, ocorreu em 18 de dezembro
de 2013, em Paris. O paciente – Claude Dany, de 76 anos – viveu apenas 74 dias
com o coração artificial.
Para
a segunda experiência, a equipe média escolheu um paciente mais jovem, de 68
anos, portador de uma insuficiência cardíaca terminal. “Suas funções
renais e hepáticas ainda estavam pouco afetadas e a função pulmonar era boa”,
declarou o professor Carpentier. A operação foi realizada em 5 de agosto
de 2014, na cidade de Nantes, pela equipe do Dr. Daniel Duveau.
No último dia 1º de maio o paciente havia sido internado ,
com quadro de “insuficiência circulatória”, e deveria passar por uma nova
cirurgia, para substituição do coração artificial. Mas veio a falecer no dia seguinte.
O
coração Carmat – nome da empresa criada pelo Dr. Carpentier – foi o primeiro do
tipo “bioprotético”, testado em humanos. Possui duas baterias e uma caixa de
controle (foto).
“As
falhas mecânicas ou eletrônicas não são difíceis de identificar e esperamos ter
elementos de informação ainda hoje [dia da morte do paciente]”, declarou Marcelo Conviti,
diretor-geral da Carmat, ao jornal Le Monde.
Três
dias depois, a empresa informava que dados preliminares indicavam que o
funcionamento do coração se deteriorou devido a um problema no controle do
motor, levando a uma diminuição do volume de sangue bombeado.
Um
terceiro paciente, septuagenário, recebeu um biocoração Carmat no início do mês
passado. A cirurgia foi efetuada no Hospital Europeu Georges-Pompidou, em
Paris.
Trata-se
de uma prótese bastante inovadora, já que tem a particularidade de ser fabricada
com “biomateriais” de origem animal, que reduzem as chances de coagulação do
sangue. Além disso, seu peso foi reduzido em mais de 2/3 em relação ao de sua versão original; pesa 900 g ou “só”
três vezes mais que um coração natural.
Ao
contrário de próteses cardíacas implantadas em outros países, o coração Carmat
foi concebido para substituir de modo permanente o coração enfermo e não apenas
para garantir sobrevida até o transplante, diz o Dr.
Carpentier.
No
decorrer de 2015, a Carmat (que tem ações na bolsa de Paris), visa finalizar os
testes de factibilidade do biocoração e dar início à nova fase da pesquisa, que
é implantar próteses em mais pacientes (de 20 a 25), para avaliar, além da
sobrevida, sua qualidade de vida e conforto, com vistas à homologação e à
comercialização na União Europeia.
Fontes: Le Monde (edição impressa), de 6 de maio de 2015
http://www.lesnewseco.fr/sante/coeur-artificiel-carmat-les-raisons-du-deces-du-2e-patient-014462.html
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