Em relatório
recente, Agência Internacional de Energia diz que avanços de energia solar e
eólica e de veículos elétricos são insuficientes para almejar neutralidade de
carbono em 2050
Considerado a bíblia do setor de
energia, o relatório da AIE “World Energy Outlook” (WEO) publicado no
último dia 13 apresenta cenários de produção e consumo de energia a médio e
longo prazos.
“O desenvolvimento de energias renováveis avança ainda muito devagar para reduzir as emissões globais [de gases de efeito estufa] de modo sustentável para zerar as emissões líquidas, o que indica uma necessidade de ações claras e ambiciosas por parte dos governos”, alerta Faith Birol, diretor executivo da AIE.
A agência estima que se não
houver um aumento radical dos esforços pró-clima das nações -especialmente das
mais poluentes-, apenas 60% de suas metas para 2050 serão atingidas.
O “WEO” 2021 explorou três
cenários: 1) “emissão líquida zero”, com um aumento da temperatura até o final
do século de 1,5 oC em relação à era pré-industrial; 2) estabilização do uso de
combustíveis fósseis em 2030 e uma ligeira diminuição até 2050, quando as
emissões retornariam aos níveis atuais; 3) ocorrência do pico da demanda de energia
fóssil até 2025, com as emissões de CO2 caindo 40% até 2050 e a temperatura
aumentado 2,1 oC até 2100.
O documento traz, ainda, quatrocentos
marcos para “transformar totalmente” o setor de energia em menos de três
décadas. Diversas organizações da sociedade civil têm defendido que “o cenário
de 1,5 oC” seja privilegiado pela AIE.
Para atingir este objetivo, é
preciso “impulsionar” ainda mais a eletrificação de baixo carbono, “dobrando” a
capacidade fotovoltaica instalada e aumentado a produção eólica, como também
lançar mão da energia nuclear, já considerada pela AIE uma “base essencial para
as transições [para energias limpas]”.
Por outro lado, o reaquecimento da
economia global após a recessão imposta pela pandemia de Covid-19 fez aumentar
a produção de energia via combustíveis fósseis em várias partes do planeta.
Na Rússia, China e em diversos
países da União Europeia as centrais elétricas a carvão estão operando com capacidade
máxima. Na Índia, onde 70% da eletricidade provém do carvão, o ritmo acelerado
e inesperado da retomada fez reduzir o estoque deste combustível de 13 para 4
dias.
A produção de energia elétrica à
base de carvão cresceu 43% em 12 meses na França, Reino Unido, Alemanha e
Itália; na China, 14% de janeiro a setembro deste ano
O preço menor do carvão comparado
ao do gás natural tem um alto custo ambiental: para produzir 1 MWh (Mega-Watt-hora)
de energia, uma central a carvão emite duas vezes mais gases deletérios ao
clima do que uma central a gás.
Às vésperas da 26ª conferência
mundial sobre o clima (COP26) a Comissão Europeia anuncia que 24 países, entre eles os
9 maiores emissores de metano, vão contribuir com 200 milhões de dólares destinados
à redução dessas emissões.
Só que o relatório “WEO” 2021 da
AIE recomenda investimentos globais para mudar a trajetória das emissões
poluentes da ordem de 4 trilhões de dólares. Duzentas vezes mais que o
anunciado até agora para combater as emissões do segundo gás mais nocivo ao clima.
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