sábado, 16 de outubro de 2021

Aquecimento global: ‘progresso de energias limpas no mundo é ainda muito lento’, diz AIE

Em relatório recente, Agência Internacional de Energia diz que avanços de energia solar e eólica e de veículos elétricos são insuficientes para almejar neutralidade de carbono em 2050

http://nucleaire-nonmerci.net/actualite/voiture-electrique-solaire.html

Considerado a bíblia do setor de energia, o relatório da AIE “World Energy Outlook” (WEO) publicado no último dia 13 apresenta cenários de produção e consumo de energia a médio e longo prazos.

“O desenvolvimento de energias renováveis avança ainda muito devagar para reduzir as emissões globais [de gases de efeito estufa] de modo sustentável para zerar as emissões líquidas, o que indica uma necessidade de ações claras e ambiciosas por parte dos governos”, alerta Faith Birol, diretor executivo da AIE.

A agência estima que se não houver um aumento radical dos esforços pró-clima das nações -especialmente das mais poluentes-, apenas 60% de suas metas para 2050 serão atingidas.

O “WEO” 2021 explorou três cenários: 1) “emissão líquida zero”, com um aumento da temperatura até o final do século de 1,5 oC em relação à era pré-industrial; 2) estabilização do uso de combustíveis fósseis em 2030 e uma ligeira diminuição até 2050, quando as emissões retornariam aos níveis atuais; 3) ocorrência do pico da demanda de energia fóssil até 2025, com as emissões de CO2 caindo 40% até 2050 e a temperatura aumentado 2,1 oC até 2100.

O documento traz, ainda, quatrocentos marcos para “transformar totalmente” o setor de energia em menos de três décadas. Diversas organizações da sociedade civil têm defendido que “o cenário de 1,5 oC” seja privilegiado pela AIE.

Para atingir este objetivo, é preciso “impulsionar” ainda mais a eletrificação de baixo carbono, “dobrando” a capacidade fotovoltaica instalada e aumentado a produção eólica, como também lançar mão da energia nuclear, já considerada pela AIE uma “base essencial para as transições [para energias limpas]”.

Por outro lado, o reaquecimento da economia global após a recessão imposta pela pandemia de Covid-19 fez aumentar a produção de energia via combustíveis fósseis em várias partes do planeta.

Na Rússia, China e em diversos países da União Europeia as centrais elétricas a carvão estão operando com capacidade máxima. Na Índia, onde 70% da eletricidade provém do carvão, o ritmo acelerado e inesperado da retomada fez reduzir o estoque deste combustível de 13 para 4 dias.

A produção de energia elétrica à base de carvão cresceu 43% em 12 meses na França, Reino Unido, Alemanha e Itália; na China, 14% de janeiro a setembro deste ano

O preço menor do carvão comparado ao do gás natural tem um alto custo ambiental: para produzir 1 MWh (Mega-Watt-hora) de energia, uma central a carvão emite duas vezes mais gases deletérios ao clima do que uma central a gás.

Às vésperas da 26ª conferência mundial sobre o clima (COP26) a Comissão Europeia anuncia que 24 países, entre eles os 9 maiores emissores de metano, vão contribuir com 200 milhões de dólares destinados à redução dessas emissões.

Só que o relatório “WEO” 2021 da AIE recomenda investimentos globais para mudar a trajetória das emissões poluentes da ordem de 4 trilhões de dólares. Duzentas vezes mais que o anunciado até agora para combater as emissões do segundo gás mais nocivo ao clima.

Fontes: https://www.lemonde.fr/planete/article/2021/10/13/baisse-des-emissions-de-co2-l-agence-internationale-de-l-energie-met-en-garde-contre-des-progres-beaucoup-trop-lents_6098116_3244.html

https://mobile.francetvinfo.fr/replay-jt/france-2/20-heures/jt-de-20h-du-mardi-5-octobre-2021_4771721.html?fbclid=IwAR29alkfn5BYs3fhdOIFnvqsYrHxzD2HgcT2gvj70WYWcn9rIWMS2e1Z9E0

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