Gainsbourg e Jane Birkin, em 1969
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Filho de judeus russos refugiados da revolução de
1917, Lucien Ginsburg – que se tornaria Serge Gainsbourg – nasceu em Paris em
1928.
Gainsbourg não foi apenas um músico de destaque na cena cultural francesa, na segunda metade do século XX. Além de autor, compositor, pianista e intérprete, teve intensa atuação no audiovisual, como ator, cenarista e diretor; compôs mais de 40 trilhas sonoras.
Gainsbourg não foi apenas um músico de destaque na cena cultural francesa, na segunda metade do século XX. Além de autor, compositor, pianista e intérprete, teve intensa atuação no audiovisual, como ator, cenarista e diretor; compôs mais de 40 trilhas sonoras.
Suas letras carregam um forte viés literário e seu estilo musical era bastante variado, indo do clássico ao rock, passando pelo jazz, blues e até ritmos inusitados para a França daquela época, como o reggae, rap e afro-cubano.
Gainsbourg, aos 56
anos
http://www.purepeople.com/media/serge-gainsbourg_m28083
De aparência pouco atraente, Gainsbourg tinha um charme arrebatador (além do indiscutível talento musical), com o qual conquistou várias musas do meio artístico francês: Brigitte Bardot, France Gall, Catherine Deneuve, Isabelle Adjani, Vanessa Paradis, entre outras.
Seu relacionamento mais duradouro, no entanto, foi com a atriz e cantora inglesa Jane Birkin, com quem foi casado e teve uma filha (a atriz Charlotte Gainsbourg). Jane foi sua grande “musa inspiradora” e quem mais interpretou suas músicas, mas várias outras cantoras francesas tiveram este privilégio, como France Gall, Françoise Hardyn e Juliette Gréco.
Seu hit mais famoso no mundo foi Je t’aime... moi non plus (1969) – censurado no Brasil pela ditadura – gravado por ele em duas versões, uma com Brigitte Bardot e outra com Jane Birkin. Mas na França, seu maior sucesso foi Je suis venu te dire que je m’en vais (1979), poema de Paul Verlaine musicado por Gainsbourg; veja o vídeo abaixo.
A mais polêmica de suas músicas? No Hexagone certamente foi Aux armes et cætera (1979), uma versão reggae de La Marseillaise – o hino nacional francês – do álbum homônimo, gravado na Jamaica. A debochada paródia rendeu a Gainsbourg críticas ferozes de alguns setores da imprensa nativa.
Poeta maldito, provocador, excêntrico, polêmico, sedutor, eram alguns dos adjetivos atribuídos a Gainsbourg pela crítica e mídia francesas.
Eivadas de duplo sentido, as letras de suas músicas evocam temas sensíveis, como o erotismo (Love on the beat, entre tantas outras), incesto (Lemon incest, gravado em duo com Charlotte), suicídio (Chatterton, inspirada no poeta britânico Thomas Chatterton, que se matou aos 17 anos) e maconha (Cannabis, trilha sonora do filme homônimo).
Les sucettes (1966), interpretada por France Gall e também em duo com Gainsbourg, fala de uma menina que gostava de chupar balas, mas implicitamente é a narrativa de uma felação.
Gall, com 18 anos à época, dissera em 2001 que só soube do real sentido da letra anos depois. “Se tivessem me explicado, jamais teria gravado; me senti traída pelos adultos ao meu redor”, declara a intérprete de Ella, elle l’a (de Michel Berger) - um hit dos anos 80, inclusive no Brasil. Confira no vídeo abaixo, ela (aos 17) e Gainsbourg (aos 37) interpretando Pauvre Lola (1964), música com ritmo caribenho.
Por sua genialidade e pela intensidade de suas criações musicais (foram 22 álbuns e dezenas de trilhas originais de filmes), Gainsbourg era pauta frequente na mídia francesa, especialmente na televisão. Destaque para dois momentos registrados pelas câmeras, em 1984 e 1986.
Convidado de um talk show, ele acende o isqueiro e põe fogo em uma nota de 500 francos (hoje, 75 euros), diante de um entrevistador atônito, para protestar contra os altos impostos sobre os seus ganhos.
Em outra ocasião, visivelmente grogue, ele cumprimenta a outra convidada ilustre do programa, Whitney Houston, e diz ao apresentador: “I want to fuck her!”. O constrangimento da star hollywoodiana é visível; o apresentador tenta remediar, mas Gainsbourg reafirma o que disse, agora em francês: “je voudrais bien la baiser!”.
Boêmio contumaz e adicto ao álcool e ao tabaco, Serge Gainsbourg morreu em 1991, um mês antes de completar 63 anos, em decorrência de sucessivas crises cardíacas.
Deixou uma companheira, a ex-modelo e cantora Bambou (então com 32 anos), com quem viveu seus últimos 10 anos, e o filho que tiveram (Lucien), hoje com 25 anos. E a França perdeu seu enfant terrible mais amado e odiado dos últimos tempos.
FOTO: Aidu al-C.
Sagahc
O blogueiro e fã
do artista, diante de seu túmulo no cemitério de Montparnasse, Paris (2009).
Em primeiro plano,
um repolho: alusão ao disco L’homme à tête de chou (1976).
Parafraseando o título do livro autobiográfico do músico Lobão, não seria exagero dizer que o “homem com cabeça de repolho” viveu 60 anos a mil.
Sua história é contada no filme Serge Gainsbourg, vie héroïque, lançado ano passado na França e hoje nos cinemas brasileiros. Com direção de Joann Sfar, a cinebiografia tem Éric Elmosnino no papel do músico francês, o qual lhe valeu o prêmio de Melhor Ator no César 2011. A conferir.
Boa parte da discografia de Gainsbourg está disponível para download em http://euovo.blogspot.com/search/label/Serge%20Gainsbourg
Genialidade.Cada dia mais apaixonada e amando sua obra.
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