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A
edição deste mês da revista Mente e
Cérebro, traz em sua matéria de capa um artigo da jornalista Fernanda Teixeira Ribeiro sobre os
mais recentes avanços da pesquisa com a maconha e as possibilidades de uso
terapêutico da planta.
Assim
como a pesquisa com a morfina na década de 1970 desvendou o poder das
endorfinas, a ação dos canabinoides presentes na erva abre caminho para uma compreensão melhor do
funcionamento neural, dizem os cientistas.
Até
hoje, foram identificados quase 400 componentes químicos da maconha, entre
eles, cerca de 80 canabinoides, dos quais os mais estudados são o THC e o
canabidiol (CBD).
Um
grupo de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, liderado pelo psiquiatra
Antônio Zuardi, descobriu que a presença do CBD em doses elevadas pode
minimizar efeitos colaterais – como alterações mentais – decorrentes da ação
psicoativa da erva, causada pelo THC.
Na
realidade, o CBD é responsável por diversas ações antagônicas ao THC, embora a principal
delas seja o efeito antipsicótico, diz a matéria de Fernanda Ribeiro.
Além
do efeito psicoativo do THC, este canabinoide tem um forte potencial
terapêutico, agindo significativamente sobre a percepção da dor, conforme comprovam estudos do Centro de Pesquisa Medicinal da Cannabis (CMCR, na sigla em
inglês) da Universidade da Flórida.
O
THC se mostrou eficaz no combate às reações adversas dos tratamentos de câncer
e neuropatia periférica associada à infecção por HIV, revelam as pesquisas do
CMCR.
Sativex
- remédio à base de maconha, indicado para tratar espasmos musculares da
esclerose múltipla: utilizado no Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, Espanha, Alemanha e Dinamarca
http://sativawarrior.blogspot.com/2011/07/sativex-first-ms-treatment-based-on-cbd.html
Já
os estudos conduzidos pelo neurocientista Reinaldo Takahashi, da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), evidenciam uma possível influência do CBD
na interação de endocanabinoides – neurotransmissores “endógenos” produzidos
pelo cérebro em presença de substâncias da erva – com outros neurotransmissores
envolvidos nas diferentes fases da memória.
Os
resultados dessa pesquisa – ainda restrita a modelos animais – poderão
contribuir para o desenvolvimento de medicamentos contra distúrbios
psiquiátricos, como o transtorno de estresse pós-traumático, diz o professor Takahashi.
O
canabidiol também se mostrou eficaz no tratamento de quadros psicóticos em
pacientes com Parkinson, de acordo com um estudo do grupo coordenado
pelo professor Zuardi (USP - Ribeirão Preto), publicado em 2008 no Journal of Psicopharmacology.
Algumas
pesquisas indicam que os canabinoides podem, ainda, ter ação neuroprotetora, abrindo perspectivas para sua
aplicação clínica, como no tratamento preventivo de Alzheimer ou em fase inicial da doença – já
que em estágio avançado, os neurônios que alojam os receptores canabinoides são
destruídos – explica a neurologista Maria de Ceballos, do Departamento de
Plasticidade Neural do Instituto Cajal, de Madri.
Outra possibilidade de uso terapêutico da maconha é no controle de sintomas da esclerose múltipla. O comprovado efeito anti-espasmódico do THC e sua combinação com o CBD são a base da composição química do Sativex – medicamento desenvolvido por uma multinacional famacêutica – indicado para controlar espasmos e aliviar dores neuropáticas. O Sativex já é utilizado em vários países e, ano que vem, deve ser lançado na Suécia, Itália, Áustria e República Checa.
Outra possibilidade de uso terapêutico da maconha é no controle de sintomas da esclerose múltipla. O comprovado efeito anti-espasmódico do THC e sua combinação com o CBD são a base da composição química do Sativex – medicamento desenvolvido por uma multinacional famacêutica – indicado para controlar espasmos e aliviar dores neuropáticas. O Sativex já é utilizado em vários países e, ano que vem, deve ser lançado na Suécia, Itália, Áustria e República Checa.
Fernanda Ribeiro destaca em seu artigo o alerta feito pelo pesquisador da UFSC, Reinaldo Takahashi, sobre as posições extremas
de alguns – formadores de opinião e membros da própria comunidade científica brasileira – quanto ao uso
recreativo e terapêutico da maconha, o que pode dificultar ainda mais a criação de uma legislação para o uso terapêutico da maconha em nosso país.
“De
um lado, usam os achados científicos como argumento para propor a total liberalização;
do outro, desqualificam as pesquisas que já identificaram propriedades
terapêuticas na Cannabis, alegando
risco de efeitos colaterais e de dependência”, declara Takahashi.
Fonte: Mente e Cérebro – Scientific American Nº 224, setembro de 2011
Ainda não se sabe muito pouco das plantas, uma erva mal falada como a maconha pode ser no futuro um medicamento muito importante.
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